Campus de Lorena tem acordo e decide por fim de greve na USP
Negociações de melhorias na universidade abordam sistema de contratações de professores e estrutura defasada; atividades foram normalizadas
Kassiane Ribeiro
Lorena
Em greve geral desde o dia 21 de setembro, alunos das unidades da USP (Universidade de São Paulo) espalhadas pelo estado decidiram encerrar o movimento após reunião de negociação na última segunda-feira (9). No Vale do Paraíba, os alunos do campus de Lorena entraram em acordo com a reitoria e prefeitura da unidade, que responderam às reivindicações, mas sem estipular prazos.
Como ramificação das manifestações em todo estado, a greve dos alunos chegou à EEL (Escola de Engenharia de Lorena), no último dia 2, após uma assembleia organizada pelo Diretório Acadêmico, órgão de representação estudantil, que pedia à reitoria mudanças nas regras de contratação de professores.
De acordo com a regra vigente, os educadores contratados pela antiga Faenquil (Faculdade de Engenharia Química de Lorena) são substituídos na proporção de três para um, ou seja, é necessário que três professores se desliguem da universidade para que um novo seja contratado diretamente, causando um déficit deixado pelos outros dois profissionais não substituídos.
O formato foi estipulado em 2006, quando a Faenquil foi incorporada à USP. Professores contratados pela autarquia estadual foram realocados para trabalharem na EEL, mas seus contratos continuam vinculados à secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo e não diretamente à Universidade de São Paulo.
O curso de engenharia de produção conta atualmente com a maior defasagem, dispondo de apenas quatro professores para toda a grade, mas todos os outros cursos são afetados pela regra.
O número de educadores também pautou a manifestação na capital. Os professores USP decidiram pelo fim da greve, em votação realizada na noite desta terça-feira (10), após assembleia geral. A Reitoria da USP publicou uma carta de compromissos que prometem atender às reivindicações dos estudantes. Entre as ações, o anúncio da abertura de um edital de contratação de 879 professores para todas as unidades.
Não houve especificação da quantidade de profissionais que serão direcionados para cada campus, mas a universidade se comprometeu a manter a média da relação de alunos por professores menor ou igual a Escola Politécnica da USP, localizada na capital, que conta com 11,45 alunos para cada docente. A média atual da EEL é de 16,27. O prazo para as contratações também não foi especificado.
Diante as propostas, o Diretório Acadêmico da unidade lorenense reuniu nova assembleia na última terça-feira (10), que votou pelo fim da greve. As atividades foram normalizadas nesta quarta-feira (11). Além desta, outras reivindicações foram discutidas junto à Prefeitura do Campus De Lorena, voltadas à questão estrutural.
Uma das principais cobranças focou a condição das salas da Área 2 (unidade no bairro Santa Lucrécia), que enfrentam pouca ventilação, tornando insustentável a permanência por longo período e causando a dispensa rotineira de alunos por professores antes do fim das aulas. Em resposta, a prefeitura recolocou os antigos aparelhos de ar condicionado nas salas, até que eles possam ser trocados por novos, previstos para dezembro de 2023.
A falta de laboratórios também foi cobrada, com o argumento de que os alunos precisam dividir os laboratórios de pesquisa com alunos da pós-graduação. O ambiente não comporta as atividades da graduação, uma vez que foram estruturados para pesquisa, não para estudo. O novo documento não aborda medidas sobre o problema. De acordo com alunos, uma solução proposta anteriormente foi a construção de um prédio de cinco andares na Área 1 (campus às margens da BR-459), que comportaria os laboratórios de todos os cursos, mas não foram informadas datas para o início da obra ou andamento do processo licitatório.
A biblioteca da Área 1 é outra preocupação dos alunos. No primeiro semestre deste ano, o telhado cedeu durante uma forte chuva, levando à interdição do espaço, liberado em julho. Apesar da ação, o telhado ainda precisa de reparos. A manutenção está sendo tratada junto à Superintendência do Espaço Físico da USP. Os prazos mais uma vez não foram abordados.
Os demais equipamentos solicitados para as salas de aula e laboratórios didáticos tiveram a entrega estipulada para os próximos trinta dias.