Acusações levam eleição no Sindicato dos Servidores de Lorena para a Justiça
Para a oposição, presidente tentou dificultar inscrição de chapa; associação tem histórico de conflitos
Lucas Barbosa
Lorena
O processo eleitoral para a presidência do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Lorena vem causando polêmicas e virou até caso de justiça em abril. Um dos associados, que pretende concorrer ao pleito, denunciou que a atual gestão teria manobrado para dificultar sua candidatura.
Com quase 28 anos de existência e cerca de duzentos associados, a disputa pelo comando do sindicato é historicamente marcada por acusações e intervenções judiciais.
No final de 2012, o Jornal Atos publicou uma matéria mostrando a indignação do guarda municipal, Francisco de Carvalho, o Chiquinho, que alegava que o então presidente do sindicato, Ronaldo Longanezi, que ocupou o cargo por duas décadas, estava colocando barreiras para a inscrição de uma chapa concorrente.
Na ocasião, além de negar-se a assinar os documentos necessários para inscrição da chapa de Chiquinho, Longanezi foi acusado de não publicar o edital de convocação do pleito. Após o caso ser levado à Justiça, foram determinadas alterações procedimentais na eleição, que acabou tendo Chiquinho como vencedor.
No mês passado, nova acusação de irregularidades em eleições no órgão. O servidor municipal Agnaldo Bezutti, conhecido como Alemão, trabalha há quase seis anos como motorista da Câmara de Lorena.
Ele acusou Chiquinho de repetir a irregularidade na gestão passada, com suposta manobra para dificultar a candidatura de oposição para a eleição presidencial, que ocorreria no próximo dia 12.
O período de inscrição das chapas foi de 6 a 10 de março. “Ao invés de lançar o edital em um jornal de grande circulação na cidade, como o Jornal Atos ou o Vale Vivo, ele publicou no O Estado de S. Paulo, que aqui praticamente ninguém lê. Ele fez tudo às escuras e não nos deu as informações necessárias que solicitamos durante diversas visitas ao sindicato”, criticou.
Sentindo-se prejudicado, Alemão recorreu à Justiça para que o período de inscrição das chapas fosse estendido e que o edital relançado em um jornal de maior circulação no município.
Além da tentativa de dificultar a inscrição de sua chapa, Alemão acusou o adversário por falta de transparência da atual gestão. “Essa presidência está deixando muito a desejar, principalmente porque até hoje nunca teve uma assembleia de prestação de contas. Os servidores não sabem o quanto entrou e saiu de dinheiro. O Chiquinho acha que não deve dar satisfação para ninguém, mas ele está totalmente errado”, finalizou Alemão.
Após a realização da primeira audiência sobre o caso na Justiça do Trabalho, no final de abril, a expectativa é que na próxima semana seja anunciada a decisão, que definirá se a eleição será mantida para o próximo dia 12.
Outro lado – Em resposta, Francisco de Carvalho negou que tenha feito qualquer manobra e omitido informações sobre o pleito. Ele afirmou ainda que Alemão não possui uma chapa inscrita porque, mesmo sendo informado do prazo de encerramento da protocolização da chapa, se “mexeu” somente cerca de vinte dias depois, e mesmo assim não apresentou a composição de sua chapa. “Em relação à afirmação de que eu teria que publicar o edital em um jornal da cidade, isto não procede. De acordo com o estatuto, eu tenho que publicar em um jornal que circule em nossa base territorial, e foi o que fiz em 5 de março. O estatuto não impede que eu publique em um impresso de grande circulação, não só na nossa base, mas em todo o Estado”.
Sobre a acusação de falta de transparência, o presidente afirmou que realizou prestações de conta ao longo do mandato, mas elas ainda não foram publicadas em edital devido à revisão do contador. “Os argumentos do Alemão são muito fracos. Ele teve o estatuto em mãos para aprender como proceder, mas não aproveitou. Em momento algum ele veio perguntar o dia e o jornal em que seria publicado o edital. Estou tranquilo e fiz tudo dentro da legalidade”, concluiu.