À espera da Justiça, área invadida em Lorena tem cobrança por saneamento e ameaças de grileiros

Prefeitura aguarda laudo de perito para encaminhar processo de desapropriação de terrenos ocupados

Moradores comentam tentativa de destruição e agressão, próximo a esgoto ‘a céu aberto’ na rua (Francisco Assis)
Moradores comentam tentativa de destruição e agressão, próximo a esgoto ‘a céu aberto’ na rua (Francisco Assis)

Da Redação
Lorena

Um dos velhos problemas de Lorena, a área ocupada no Parque Rodovias teve uma semana marcada por reclamações e apreensão. Enquanto parte dos moradores voltaram a questionar a ligação de água para as mais de 250 famílias do local, outro grupo entrou em choque após a destruição de uma obra recém iniciada em um dos terrenos da comunidade.
A falta de água encanada, esgoto e pavimentação é o desafio das famílias que ocupam os terrenos do bairro desde 2005.
Em dias com chuva, as casas, na maior parte construídas pelos próprios moradores, são frequentemente invadidas pela água que se mistura ao esgoto. Sem tratamento, o cheiro toma conta das ruas.
Em dias de sol a poeira é que tira a tranquilidade das famílias. Nas duas situações, as crianças correndo pelas ruas espelham a necessidade de uma resposta rápida para o problema.
A cobrança pela água já foi tema de matéria publicada pelo Jornal Atos, em setembro. As famílias questionaram a ligação, após uma casa, próxima à área invadida fazer a ligação.
Há mais de dez anos no bairro, a dona de casa Marcia Aparecida Machada, 44 anos, mora com o marido e três filhos adolescentes. A família foi uma das primeiras a chegar ao local. “Quando cheguei era só eu e mais três moradores. Agora tem muita gente. Eu comprei esse terreno de uma pessoa que invadiu. Não vou negar que é errado, mas minha necessidade era grande. Não consegui mais pagar aluguel. Tinha três crianças e decidi com meu marido vir pra cá”.
A dona de casa chegou a usar água de cacimba para beber, até que a Prefeitura instalou duas caixas d’água no bairro. “Eu não ligo de ter que ir buscar a água. Busco três galões de 60 litros, que dá para uma semana. O que eu quero é a regularização do terreno e aí sim a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) fazer a ligação, porque tem gente que tem dificuldade em buscar água”.
A situação é acompanhada pelo vereador Pedro da Vila Brito (PTB), chamado após discussão entre moradores no último final de semana. “Recebemos a informação sobre essa ligação de dez metros de rede de esgoto. Liguei para a Sabesp que me disse que o local que recebeu a obra já tem água. A ligação geral depende do processo, e isso que precisamos explicar aos moradores”.
De acordo com a Prefeitura, o processo de desapropriação da área invadida no Parque das Rodovias, que tramita na 2ª Vara Cível da cidade, segue em fase de perícia.
O juiz responsável pelo caso estendeu, no último dia 14, o prazo para a entrega do relatório de avaliação da área em mais trinta dias. O trabalho é feito pelo perito Mario Tavares Junior.
Em nota, a Prefeitura de Lorena destacou que a Sabesp aguarda decisão do processo, mas que até lá, o Município tenta acelerar a ligação de água e esgoto em outro processo judicial.
“Paralela às ações do Executivo, o Ministério Público está com uma ação civil, também com o objetivo de regularizar a situação”, destacou a nota da administração municipal.
Violência – Um grupo de moradores acusou uma mulher que se apresentou como representante da Industria Têxtil Diamantina (proprietária da área) de colocar no chão as paredes de uma casa que estava sendo construída em um dos terrenos da área invadida.
O autônomo Rafael Willians, 22 anos, mostrou à reportagem um recibo de sua mãe, que teria pago pelo terreno a outra moradora da região em 2010. Ele trabalhava na construção da casa de dois cômodos, que acabou destruída pela mulher, acompanhada de dois homens.
“Estávamos construindo no sábado. Tinha um metro e meio de parede, mais ou menos. Por volta das 23h, eles vieram e derrubaram tudo. No domingo voltaram, ameaçaram destruir tudo, mas depois fizemos um mutirão e construímos tudo no domingo”, contou Willians.
Depois do ataque, Rafael e amigos revezam na obra. “Não saímos daqui porque ela veio com dois homens aqui, tudo cheirando álcool. Disseram que iam destruir tudo de novo”.
Além de Rafael, outros vizinhos teriam impedido um novo ataque no domingo. Com um bebê no colo, Tatiana de Souza, 27 anos, contou que essa não foi a primeira vez que o grupo ameaçou os moradores do local. “Toda vez que ela aparece aqui, fala que vai derrubar casa por casa. Eu paguei R$ 10 mil no meu lote. A gente não tem água, esgoto, vivemos assim e agora sob ameaça”, questionou a jovem, que mora no bairro há 12 anos com o marido e filhos”.
A reportagem do Jornal Atos tentou contato com a Diamantina, mas não conseguiu respostas até o fechamento desta edição.
A Prefeitura salientou que as pessoas que se apresentam como representantes da indústria, são “grileiros”. “São essas pessoas que têm orientado erroneamente os moradores sobre questões relacionadas a ligação de água e esgoto”.
A orientação para os moradores com relação à denúncia recente de destruição de parte das paredes levantadas por esses grileiros é de que a população procure a Polícia Militar e a Justiça. “É importante que as famílias não revidem esses ataques com agressões. A Prefeitura está trabalhando, e tenho certeza que vamos ter uma resposta rápida para essas famílias”, lembrou Pedro da Vila Brito.

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