Servidores denunciam Francisco Carlos ao Tribunal do Trabalho e relatam ameaças
Sindicato confirma retaliações; educação e saúde são as áreas com maior número de grevistas
Leandro Oliveira
Guaratinguetá
O Sindicato dos Servidores Municipais de Guaratinguetá denunciou a Prefeitura ao TRT (Tribunal Regional do Trabalho). A administração não teria feito o repasse correto referente aos valores dos funcionários municipais. A greve, instaurada no início da semana, tem conseguido cada vez mais adeptos em áreas primárias como educação e saúde, mesmo com tentativa de “troco judicial” do governo Francisco Carlos (PSDB).
A assessoria jurídica do Sindicato entrou no TRT, na última terça, pedindo a mediação do juiz do Trabalho para resolver o problema. O Tribunal irá comunicar a Prefeitura. O TRT deve decidir se a administração municipal deve atender às reivindicações, ou se os servidores devem voltar aos postos de trabalho.
Como resposta à ação dos sindicalistas, a Prefeitura entrou com uma liminar, aceita pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, que determinou que “80% dos servidores municipais, de todas as áreas, permaneçam em atividade, sob pena de multa diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento”.
Mesmo com a ação, o Sindicato confirmou que seguirá em greve até que uma resposta oficial seja dada pelo Tribunal.
Nesta sexta-feira, a greve continuou. Os grevistas tiveram adesão dos motoristas da Educação. No período da tarde, eles fizeram uma manifestação. A promessa é que o movimento siga na próxima semana.
Adesão – No atendimento à população, o número de trabalhadores que aderiram à greve é cada vez maior. A evolução do movimento tem aumentado também o fogo cruzado entre os sindicalistas e a Prefeitura. Na terça-feira, trabalhadores contaram que foram ameaçados por telefone por conta da adesão à paralisação.
A retaliação denunciada causou medo em alguns servidores, que preferiram não se manifestar. Outros foram às ruas reivindicar benefícios e melhorias.
Uma funcionária pública da Saúde, que pediu para não ser identificada, contou ter sido cobrada por sua superior. Na última segunda-feira, ela teria recebido uma ligação de sua encarregada questionando a abertura da unidade de saúde. “Ela ligou e ficou perguntando se íamos abrir, por conta da paralisação. Eu disse que sim, mas que não iríamos trabalhar, pois estamos em greve. Foi aí que ela falou que nós tínhamos que trabalhar e podemos responder ao conselho por desassistência”.
A enfermeira relatou ainda que se sentiu ameaçada pelo tom da ligação e que procurou imediatamente o Sindicato. “É uma intimidação. Outros colegas servidores também foram procurados e acabaram ficando com medo dessas ameaças, e por isso não aderiram à paralisação. Outras enfermeiras receberam ligações e acabaram ficando coagidas”, contou.
Além da enfermeira, outros servidores contaram ter recebido ligações com cobranças semelhantes, mas por receio, preferiram não se pronunciar. De acordo com a enfermeira, servidores mais ativos no Sindicato “têm sofrido perseguições há alguns meses”.
O presidente do sindicato, José Eduardo Ayres, confirmou o ocorrido. Segundo ele, diversos trabalhadores procuraram o órgão para pedir suporte e esclarecimentos, já que nas ligações, o servidor era informado de que poderia perder benefícios. “Infelizmente isso aconteceu com vários servidores. Entendo que eles não queiram falar sobre isso por medo, mas se fosse comigo, eu falaria, já que a Prefeitura não pode ameaçá-los. Nós registramos as denúncias e se essa atitude continuar, vamos levá-la ao Tribunal Regional do Trabalho”, contou o sindicalista.
Segundo o Sindicato, as áreas da saúde e educação são as que mais tem adesão à greve. Com a paralisação na saúde, a primeira fase da vacinação contra a gripe, marcada para este sábado, pode ser prejudicada, já que a possibilidade da baixa no número de profissionais é grande. O Sindicato informou que todos os serviços essenciais estão sendo mantidos, e que qualquer represália deve ser comunicada.