Sampaio divulga prejuízo de R$ 13 milhões no Saeg

Diretor apresentou contas de 2016, com detalhes de rombo nos cofres da empresa; contrato com a CAB tirou 86% das receitas dos últimos oito anos

Leandro Oliveira
Guaratinguetá

O diretor do Saeg (Serviço de Águas e Esgoto de Guaratinguetá), Miguel Sampaio, divulgou os números referentes as contas da companhia. O prejuízo histórico referente aos últimos 12 meses é de R$ 13 milhões. Com quase 18 mil residências inadimplentes e contas acima do teto, o diretor afirmou que a situação é de calamidade.

O faturamento mensal do Saeg é de R$ 3,8 milhões. Desse total, R$ 1 milhão vai direto para a CAB (Companhia de Águas do Brasil), responsável pelo esgoto da cidade. O restante é usado para os serviços de coleta e transbordo do lixo, aterro sanitário que recebe os resíduos em Cachoeira Paulista, manutenção da água em Guaratinguetá, maquinário e trabalhadores.

Com o orçamento comprometido, o Saeg acumula um déficit preocupante de 2016. “A arrecadação é prejudicada por vários motivos, principalmente pela inadimplência. Hoje nós temos 18 mil residências que não pagam a conta de água. Isso dá 40% das moradias da cidade. Tem gente que não paga a conta há vinte meses. Houve utilização política do Saeg e esse é outro problema, ‘não precisa pagar a água, é período eleitoral’. Nós não temos que falar disso, mas sim trabalhar para recuperar a empresa”, frisou o diretor do Saeg, em entrevista coletiva.

Entre os inadimplentes está a própria Prefeitura de Guaratinguetá. Sampaio contou que as contas de água de prédios públicos e escolas dos últimos quatro anos não foram pagas. “É um absurdo”, exclamou. “A primeira determinação foi que a secretaria de Fazenda fizesse o pagamento. O Saeg recebeu em janeiro R$ 400 mil por conta de todo débito que o Executivo tem”.

O Saeg está em débito com as empresas responsáveis pelos serviços de coleta e transbordo de lixo desde outubro de 2016, enquanto a empresa detentora dos serviços do aterro sanitário não recebe desde junho do mesmo ano. Os valores referentes aos serviços se aproximam dos R$ 4 milhões. Sampaio garantiu que selou um acordo pelo parcelamento das dívidas. “É hora do sacrifício nosso e deles, senão eles não vão receber, pois nós não temos dinheiro para pagar (à vista)”, respondeu.

Dos problemas do Saeg o maior parece ser a CAB. Com um contrato assinado em 2009 e válido por trinta anos, a companhia tem como meta tratar 100% do esgoto da cidade até 2020. Porém, até o momento o percentual está em 29%. Nos últimos oito anos, o Saeg recebeu pelo tratamento do esgoto R$ 76 milhões. Desse total, R$ 65,5 milhões ficaram com a CAB. Miguel Sampaio não quis se aprofundar neste assunto, mas respondeu que um estudo técnico do contrato e ação da companhia estão sendo feitos e serão apresentados à Arsaeg (Agência Reguladora de Guaratinguetá) e ao Executivo.

Inadimplentes – Quem está com débitos com o Saeg pode aderir à campanha “Conta em Dia”, promovida pela empresa. Os devedores até R$ 2 mil devem renegociar as dívidas no Poupatempo, no Pedregulho, ou na sede da empresa na rua Almirante Barroso, nº188, no Centro. Quem deve acima de R$ 2 mil deve ir à Estação de Tratamento de Águas, na rua Xavantes, nº1880, no Jardim Aeroporto.