Medo leva famílias a protestar contra falta de manutenção da Barragem dos Mottas

Vistoria está marcada para a próxima quinta-feira; noventa pessoas foram à Câmara de Guará pedir intervenção após nível da água atingir capacidade máxima

Barragem dos Mottas, que não recebe manutenção; rachaduras e vazamento de água preocupam a população (Foto: Divulgação CMG)

Leandro Oliveira
Guaratinguetá

Um grupo com cerca de noventa moradores do Jardim Tamandaré foi à Câmara de Guaratinguetá na noite de segunda-feira (26). Sem que houvesse qualquer pauta ligada à Barragem dos Mottas, eles conseguiram a atenção de 10 dos 11 vereadores (Márcio Almeida – PSC – estava ausente) por cerca de 45 minutos para uma conversa no plenário. Em pauta, o temor pelo rompimento da barragem, medidas para alertar a população em caso de colapso e soluções para manutenção do local.

As chuvas da última semana elevaram o nível dos rios na região. A barragem dos Mottas contém o volume de água que desce para as cidades de Guaratinguetá e Aparecida, as mais atingidas pelas tempestades dos últimos dias. A capacidade de contenção tem preocupado as autoridades e a população. Vídeos publicados nas redes sociais mostram a barragem soltando água pela lateral e algumas rachaduras na sua estrutura.

As publicações e o medo levaram os moradores do Tamandaré, bairro de Guaratinguetá mais afetado após as chuvas, à Câmara. “A gente quer que seja instalada uma sirene que avise a gente de algum risco de rompimento”, pediu uma moradora, ao se dirigir aos vereadores durante a sessão. “Precisa ter manutenção. A gente viu rachadura”, frisou outra manifestante ao mencionar os vídeos publicados.

Moradores do bairro Jardim Tamandaré, o mais afetado pelas chuvas, se manifesta na Câmara durante sessão (Foto: Leandro Oliveira)

O advogado Luís Olavo Guimarães, que representou os moradores da região, destacou que é necessária uma série de medida, como a colocação de um funcionário com conhecimento técnico para o controle do nível de água da barragem. “É algo importante, mas não é a solução. São várias medidas que precisam ser tomadas. Não é possível que uma cidade do tamanho de Guaratinguetá, com uma escola de engenharia aqui, com técnicos escola federal, recurso, não é possível que não se ache uma solução para isso. É um problema sério que precisa ser olhado com carinho, dedicação”, afirmou em entrevista, que falou em nome dos moradores.

A barragem é de responsabilidade do Município de Aparecida, porém, em caso de grande vasão, são os bairros de Guaratinguetá que podem ser afetados. No plenário, o vereador Arilson Santos pediu que seja incluído nessa discussão, além das duas prefeituras, o Ministério Público. “O Ministério Público tem que acompanhar, o Judiciário tem que acompanhar, porque se amanhã acontecer o pior, vai responsabilizar quem? A Câmara? O prefeito? Não. A Justiça tem que determinar quem é o responsável para que isso seja evitado”.

Fiscalização – Está prevista para esta quinta-feira (29) uma vistoria do Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica) à Barragem dos Mottas, em conjunto com outros órgãos estaduais. A Defesa Civil do Estado fiscalizou a barragem no último dia 22, dois dias após os alagamentos no Tamandaré. Na ocasião foi publicado que a barragem estava cumprindo sua função técnica.

Em nota, a Prefeitura de Aparecida, responsável pela barragem, informou que através do Departamento de Serviços Municipais “continua fazendo o monitoramento periódico da Barragem dos Mottas”.

Ainda segundo o comunicado, o fluxo de água e a dinâmica estão dentro do projeto traçado.

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