Em semana de mais feminicídio, região tem protestos por direitos das mulheres

Mulheres pedem por mais segurança com manifestações em Guará e Pinda; casos de violência crescem no país e em todo o estado

Manifestação realizada em Pindamonhangaba cobra direito das mulheres; região tem atos contra feminicídio (Foto: Bruna Silva)

Bruna Silva
Leandro Oliveira
Guaratinguetá

Celebrado no próximo domingo, dia 8 de março, o Dia Internacional da Mulher tem um símbolo diferente neste ano: enfatizar a luta contra a crescente onda de violência nos últimos meses e o avanço do feminicídio. Na região, os casos têm marcado o cotidiano de ocorrências policiais e motivado uma série de manifestações.

A data, criada para ações que buscam a igualdade dos direitos civis e pelo voto feminino é comemorada em todo o mundo, mas no Brasil a realidade de muitas mulheres é bem diferente. Casos de agressões, ameaças e assassinatos de mulheres crescem a cada ano.

O cenário da violência contra mulheres é crescente, no comparativo feito entre os anos de 2018 e 2019. Uma pesquisa feita pelo jornal Folha de S.Paulo aponta que os crimes de feminicídio tiveram alta de 7,2% entre os dois anos. Ainda não há distinção feita do feminicídio, que é o homicídio contra mulheres caracterizado pelo fato da vítima ser mulher, com o homicídio. Só em São Paulo, o avanço foi de 34%. O Estado registrou 132 feminicídios em 2018 contra 182 em 2019.

O panorama regional é ilustrado por dois crimes brutais cometidos recentemente, o primeiro deles há 12 dias, em Cunha. Um homem executou a esposa com golpes de enxada, antes de avisar o filho sobre o crime cometido e fugir. Ele se entregou no último dia 26 e está preso em Aparecida.

O segundo caso foi há três dias. Ao voltar para casa embriagado, um mecânico de 39 anos atacou a esposa (de 39) na frente da sogra, no bairro Vista Alegre, em Potim. A idosa de 69 anos usou um facão para proteger a filha. As mulheres deixaram a casa, mas foram perseguidas até a rua pelo homem, que agarrou e puxou o cabelo da companheira. Tentando evitar uma nova agressão contra a filha, a idosa sacou a faca e pediu para o mecânico se afastar. Logo depois, o agressor tomou o objeto da mão da sogra, golpeando-a no pescoço. Enquanto tentava socorrer a mãe, a mulher foi esfaqueada pelas costas. Ao ouvirem os gritos de socorro, vizinhos da família acionaram a Polícia Militar e o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). As vítimas foram encaminhadas à Santa Casa de Aparecida, mas a idosa morreu ao dar entrada na unidade. A filha, que apresentava apenas ferimentos superficiais, foi atendida e liberada.

O assassino, que tentava fugir da cena do crime, foi agredido por um grupo de moradores do Vista Alegre até a chegada da Polícia Militar, que teve que dispersar o grupo para conseguir colocar o mecânico no interior da viatura. Preso por homicídio e tentativa de homicídio, o homem foi encaminhado à Delegacia de Potim e transferido para a Cadeia Pública de Lorena.

As mortes mancham uma data importante celebrada em todo o mundo. Mas na região, as manifestações continuam. Em Guaratinguetá será realizada uma ação para reivindicar mais segurança, neste sábado, na praça Conselheiro Rodrigues Alves. O manifesto, promovido pela Frente Feminista, promete abordar temas em prol da democracia e para preservação dos direitos femininos. “A ideia é trazer o maior número de mulheres para construir com a gente essa reivindicação por direitos. Não podemos ficar quietas. Estamos perdendo muitos direitos e o número de feminicídio e crimes de ódio contra as mulheres só aumenta”, contou a integrante do grupo, Thais Baesso.

O ato está marcado para 10h30. Os temas abordados vão desde protestos contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), passando pela defesa dos direitos das mulheres, até o pedido de justiça pela execução da ex-vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco (PSOL), assassinada em março de 2018.

Pinda – O Coletivo Mulheres pela Existência fará neste domingo, às 10h, uma marcha em protesto aos feminicídios, em Pindamonhangaba. O ato sairá em marcha da feira livre e seguirá até a praça Monsenhor Marcondes, a Praça das Cascata. As organizadoras destacaram que a ação será pela vida de todas as mulheres, pela democracia e contra a retirada de direitos femininos.

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