Com apoio da Oesg, Guará define ações após cancelamento do Carnaval

Evento de rua é barrado com avanço de casos e internações por Covid-19; escolas de samba estudam estratégias para apresentações fechadas e restritas

Eleição da corte do carnaval de Guará, que aconteceu durante o último final de semana; cidade decide por cancelar evento (Foto: Reprodução PMG)

Leandro Oliveira
Guaratinguetá

Após longa indefinição, o Carnaval deste ano está oficialmente cancelado em Guaratinguetá. O município, que tem tradição na folia de escolas de samba e blocos de rua, foi uma das últimas cidades da região a determinar o cancelamento da festa. A decisão foi tomada pelo prefeito Marcus Soliva (PSC) após forte aumento de procura por atendimentos de pessoas com sintomas gripais e internações por Covid-19.

O anúncio foi feito no fim da tarde de quinta-feira (20), depois de uma reunião com o Comitê de Combate a Pandemia e apresentação dos dados epidemiológicos.

A decisão foi acatada pelas agremiações Carnavalescas e pela Oesg (Organização das Escolas de Samba de Guaratinguetá). São seis escolas em Guará. Cada uma recebe R$ 25 mil de repasses feitos pela Prefeitura para este ano, na contrapartida de realizar apresentações culturais e cumprir etapas impostas pelo edital.

Com o cancelamento dos desfiles, a Oesg propôs que, para que as agremiações não percam os últimos pagamentos dos repasses, sejam feitas apresentações transmitidas ao vivo pelas redes sociais nos dias de Carnaval em um local restrito, com número limitado de componentes por escolas de samba e sem a presença de público.
“Acho que a ideia é perfeita, a gente vai evitar as aglomerações e torcer para que o comitê de crise aprove”, iniciou o vice-presidente da Oesg, Luciano Vagner. “Até então a gente tem uma ideia de fazer duas escolas por dia, com uma quantidade mínima de elementos e máxima para evitar aglomeração, simulando o desfile dentro do recinto, transmitido via live pela Prefeitura”, concluiu.

Dos R$ 25 mil para cada agremiação, R$ 14 mil já foram pagos, segundo Vagner. Os demais repasses serão feitos caso haja a apresentação no Recinto de Exposições. Ainda segundo o vice-presidente, cada escola deverá fazer uma apresentação na sua própria quadra, para substituir as apresentações previstas para as noites de samba e seresta, que também foram canceladas pela Prefeitura. Com as duas apresentações, as agremiações receberão os R$ 11 mil restantes. Os eventos restritos só serão realizados se o Comitê de Saúde autorizar.

Limite – Se em dezembro o discurso de Marcus Soliva era otimista em relação aos números da Covid-19 no município e a possível realização do Carnaval, na segunda quinzena de janeiro o cenário mudou completamente. Antes, o percentual de ocupação de leitos era quase nulo. Agora, são mais de 50% de leitos de enfermaria e 90% de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do SUS (Sistema Único de Saúde) ocupados.

Além da Covid-19, Guaratinguetá acendeu o alerta para os casos e mortes provocadas pela variante gripal H3N2. Nesta semana foram confirmadas duas mortes, sendo a última oficializada pela secretaria de Saúde na quinta (20), de uma mulher de 57 anos, não vacinada e que tinha comorbidades. No mesmo dia um novo óbito por Covid-19 foi registrado, de um homem de 76 anos.
“Aquele test-drive que eu falei que ia acontecer no final do ano, aconteceu. Natal, Ano Novo, feriados todos, férias, os casos explodiram”, afirmou o prefeito. “Tomamos a decisão de cancelar o Carnaval de rua, de blocos de embalo, de bandas, dos desfiles na avenida, para evitar aglomerações. Saúde pública em primeiro lugar, preservar vidas humanas. Evitar a explosão de casos, porque quantos mais casos, mais variantes teremos”, detalhou Soliva.

Restrições – O prefeito confirmou em coletiva de imprensa que as secretaria de Administração e Justiça e Cidadania vão elaborar um novo decreto limitando a capacidade de locais como bares e restaurantes, a 70% de ocupação. De acordo com Soliva, será vetada a presença de pessoas em pé nesses locais. O prefeito citou ainda que eventos fechados para o Carnaval e demais shows ou apresentações só serão permitidas se seguirem a publicação da Prefeitura, que pode ser feita neste fim de semana com vigência a partir de 23 de janeiro a março deste ano.
“Todos os eventos não podem haver aglomeração acima da capacidade de 70% de acordo com a AVCB do Corpo de Bombeiros. Local privado tem que ter o AVCB, 70% de ocupação do público sentado, não pode ter aglomeração de pessoas em pé. Quem for fazer algum evento de apresentação de Carnaval em algum bar que vá acontecer nos próximos finais de semana, vai ter que seguir as normas da Vigilância Sanitária para evitar problemas com a fiscalização”, destacou Soliva.

A Polícia Militar vai ampliar o contingente de militares na Atividade Delegada para reforçar a fiscalização de regiões que concentram bares e atividades noturnas no município. O decreto não foi publicado até o fechamento desta edição, mas terá validade a partir do próximo dia 23.

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