Cruzeiro pede ajuda ao Estado para frear aumento da violência
Prefeitura solicita jornada extra de trabalho remunerado para policiais civis; cidade foi líder regional em assassinatos no primeiro trimestre do ano
Lucas Barbosa
Cruzeiro
A Prefeitura de Cruzeiro solicitou ao Governo do Estado mais recursos na área da segurança, na tentativa de conter a onda de violência que afeta a cidade desde o ano passado. Caso tenha o pedido atendido, o Município planeja auxiliar a Polícia Civil a reforçar o seu efetivo diário na cidade.
Acompanhado pelo secretário de Segurança Pública de Cruzeiro, José Antônio Paiva, o prefeito Thales Gabriel Fonseca (PSD) reuniu-se na última quinta-feira (28) com o secretário executivo da Polícia Civil, Youssef Abou Chahin, na sede da secretaria estadual de Segurança Pública, em São Paulo. Na ocasião, foram discutidas medidas que possam contribuir para a redução da violência na cidade, apontada por dados estaduais como a líder em assassinatos no primeiro trimestre deste ano, com 12 vítimas, na RMVale (Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte).
A principal alternativa apresentada pelos representantes municipais foi a possibilidade que o Estado autorize e financie a jornada extra de trabalho dos policiais civis que atuam na cidade, o que resultaria na ampliação do efetivo diário da corporação. Criada no início de 2017, a Dejec (Diária Especial por Jornada Extraordinária de Trabalho Policial Civil) concede uma remuneração adicional aos membros da corporação que decidem atuar em seus dias de folga. Cada servidor pode trabalhar até dez dias por mês, sendo oito horas diárias, fora de sua jornada oficial. A remuneração diária é de R$ 226,08 para delegados e de R$ R$ 188,40 para as demais carreiras.
Através de sua página oficial na rede social Facebook, Fonseca revelou a origem da ideia e justificou sua necessidade. “A solicitação se baseia em estudos e planejamentos desenvolvidos pela Delegacia Seccional de Cruzeiro. Essa medida se assemelha ao projeto Atividade Delegada, que já está em funcionamento, com a Polícia Militar. Com a implantação de mais essa ação, teríamos um policiamento mais intensivo nas ruas, aumentando assim o combate ao crime em nossa cidade”.
Segundo o secretário de Segurança Pública de Cruzeiro, o Estado se comprometeu a analisar a viabilidade financeira da ação e comunicar em breve o Município sobre sua decisão. Apesar de reconhecer o momento de turbulência enfrentado pela cidade em meio à onda de assassinatos, Paiva destacou que iniciativas como as implantações das câmeras do COI (Centro de Operações Integradas) em 2020 e da Atividade Delegada em 2021, que possibilita a contratação municipal de PM´s de folga, estão contribuindo para as quedas de outros tipos de crimes, como furto e roubo.
Além do possível aumento do efetivo diário da Polícia Civil por meio do Dejec, o chefe da pasta acredita que a futura atuação da GCM (Guarda Civil Municipal) armada será um importante elemento para a inibição de crimes violentos. Ainda não existe uma previsão para o início do novo modelo de trabalho da GCM. A expectativa municipal é que a Polícia Federal libere até o fim deste semestre a realização do curso de manuseio da arma de fogo.
Estopim – Não é de hoje que as famílias de Cruzeiro convivem com o medo. O município fechou 2021 como o terceiro mais violento da RMVale, com um saldo de 42 vítimas de assassinato.
O trabalho investigativo da Polícia Civil, que levou à prisão de envolvidos na onda de homicídios, descobriu que a maioria dos crimes foi motivada por vingança e disputa entre quadrilhas rivais. Utilizando até mesmo a internet para divulgarem as listas dos próximos alvos que seriam abatidos, os grupos criminosos se dividem por bairros, como o Itagaçaba, Vila Batista, Vila Loyelo e Vila Romana.