Com montadoras em greve, Maxion agenda paralisação
Produção de chassis, rodas e prensados param para evitar prejuízo maior; medida afeta 1500 funcionários
Francisco Assis
Cruzeiro
Paralisações nas principais montadoras do país já afetam a produção da Maxion. A empresa colocou em prática, na última semana, um sistema para a suspensão temporária dos trabalhos, na tentativa de impedir prejuízo no fornecimento. Na última sexta-feira, trabalhadores de dois setores da linha de produção tiveram mais uma vez que ficar em casa.
A medida foi colocada em prática pela primeira vez entre os dias 19 e 24 de agosto, quando a linha de chassis da Iochpe Maxion foi interrompida devido à greve da GM (General Motors), que durou duas semanas.
A paralisação ocorreu no setor de GMI, na montagem dos chassis da camionete S-10 e SUV Trial Blazer, ambos da GM.
Nesta semana, a empresa entrou em acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de Cruzeiro para repetir a interrupção, desta vez motivada pela greve na Mercedes. A fabricante anunciou cortes de três mil postos de trabalho por causa do excedente de mão de obra, frente à forte queda nas vendas de ônibus e caminhões, mercado que desce a ladeira desde 2013, com a economia no vermelho.
Com a cliente em baixa, a Maxion decidiu parar a produção de rodas, chassis e prensados, afetando cerca de 1500 trabalhadores do total de 3600 da empresa.
Funcionários da produção de rodas ficaram em casa nesta sexta-feira, o que se repetirá nos dias 4 e 28 de setembro.
Já a produção de chassis e prensados, que também não funcionou nesta sexta-feira, será suspensa um dia a mais, parando em 4, 28 e 29 de setembro.
“Com a greve da GM e da Mercedes, a empresa foi obrigada a fazer essa paralisação. Não tinha como seguir com a produção. O importante é que o funcionário entenda que isso será reposto até 2017, sem afetar os salários”, lembrou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Cruzeiro e Região, Jumar Batista.
O sistema vai funcionar como banco de horas, que podem ser repostas até 28 de agosto de 2017. “Tudo que diz respeito às montadoras, com essa crise, afeta aqui. Então, qualquer paralisação nas montadoras, a Maxion tem que parar ou reduzir a produção. Não tem como ser diferente”, frisou Batista.
Sindicato e Maxion chegaram a um acordo em julho para evitar novas demissões na cidade. Em crise, a empresa chegou a dispensar 860 trabalhadores e projetava mais quatrocentas demissões de cargos ociosos na linha de produção.
O acordo estabeleceu a redução em 10% da carga horária, em medida que garantiu os empregos até dezembro. O sindicato já trabalha junto à Maxion para acertar uma saída para garantir estabilidade em 2016. “Isso tudo preocupa, mas conversamos com a empresa para enquadrar esse acordo dentro do PPE (Programa de Proteção ao Emprego)”.
Lançado pelo Governo Federal, em julho, o PPE garante a diminuição da carga horária em até 30%, com redução de salários em até 15%. Os outros 15% são custeados pelo próprio governo, com recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador).
Se conseguir incorporar o acordo com a Maxion no programa federal, o sindicato deve garantir base para a linha de produção até o primeiro quadrimestre de 2017, já que o programa atende por seis meses, com a primeira prorrogação em mais seis e a última em quatro meses. “Assim, passaríamos 2016 sem demissões e ainda com um terço de 2017”, avaliou o presidente dos Metalúrgicos.