No cargo, Domingos corta gastos para entregar Prefeitura enxuta

Em entrevista ao Jornal Atos, prefeito em exercício garante que seguirá determinações do MP para reduzir cargos e retomar fôlego econômico

O prefeito em exercício de Cachoeira Paulista, Domingos Geraldo durante entrevista ao Atos no Rádio (Foto: Rafaela Lourenço)
O prefeito em exercício de Cachoeira Paulista, Domingos Geraldo que deve ficar no cargo  por trinta dias (Foto: Rafaela Lourenço)

Da Redação
Cachoeira Paulista

Com nove dias de administração, o prefeito em exercício de Cachoeira Paulista, Domingos Geraldo dos Santos (PL) se viu obrigado a entrar em uma série de frentes para colocar o governo em ordem, após o afastamento de Edson Mota (PL), no último dia 9. Os primeiros dias foram de cortes de comissionados, inauguração de Pronto Atendimento e o a dificuldade para encontrar caminho para recuperar os cofres públicos.

Santos está no cargo desde o dia 10, quando uma decisão judicial ordenou o afastamento por 180 dias (reduzido para trinta na quarta-feira) de Mota, que responde processo por contrato ilegal com o escritório de advocacia Gradim Sociedade Individual de Advocacia, antes conhecido como Castellucci e Figueiredo Advogados Associados, que teria lesado o Município em um total de R$ 33 milhões.

Ainda no primeiro dia no cargo, o prefeito em exercício anunciou cortes em cargos comissionados, seguindo ordem judicial que determina a dispensa de 167 contratados. Entre eles, seis do primeiro escalão: José Marcos (Turismo), Julio Medeiros (chefe de Gabinete), Pedro Ivan (Obras), Renato Silva (Agricultura) e Gisely Fernandes (Negócios Jurídicos).

Além das dispensas, o prefeito tem outra missão, recuperar o atendimento na rede municipal de Saude.

Nesta semana, ele participou do programa Atos no Rádio, quando comentou as primeiras ações no cargo e o que espera fazer na Prefeitura, durante o afastamento de Edson Mota.

 

Jornal Atos – Você está pautando suas primeiras ações no que o Ministério Público e a Justiça têm pedido? Inclusive em relação às demissões?

Domingos Geraldo – A gente tem que cumprir o que o MP manda, então nós mandamos essa semana seis cargos de confiança. Não eram pedido do MP, mas a gente tem que enxugar a máquina se não fica muito difícil trabalhar pela Prefeitura. O Ministério mandou tirar 165 cargos de confiança, então eu vou ter que tomar essa providência, se não acaba acontecendo a mesma coisa comigo, o MP vem em cima.

Atos – Uma parcela desses cargos é da Santa Casa?

Domingos – Não, da Santa Casa é uma outra medida. Os 165 foram cargos criados pela Prefeitura e o Ministério Público achou inconvenientes esses cargos, que não tem necessidade, então pediu para que todos sejam exonerados. Tem pessoas que já foram demitidas, que não correram atrás para poder assinar a demissão e já inclusive entraram com pedido de atestado para que não seja mandado embora. Eu quero deixar bem claro para médicos e dentistas de Cachoeira, onde tenho muitos amigos. Se caso começar ocorrer isso (ações) em grande quantidade, eu vou ter que entrar no Ministério Público, porque eu não vou assumir bronca de ninguém. Se a juíza mandou tomar uma decisão, eu tenho que tomar. Agora, vou deixar bem claro, se tiver muito desses atestados, eu vou encaminhar ao MP, vou fazer o que manda a justiça.

Atos – O prefeito Edson Mota entrou no Tribunal de Justiça tentando derrubar a liminar que o afastou por 180 dias (a entrevista foi concedida dois dias antes de decisão que reduziu o período de afastamento para trinta dias). Como o senhor vê essa liminar? Acha que é possível suspender?

Domingos – Eu não sou prefeito, eu estou como prefeito por esses dias. Tanto que ele pode voltar amanhã, nos próximos cinco dias, cinco meses, mas não sei. Ele está recorrendo, direito dele entrar com recurso. Eu não sei que pé que está, eu nunca acompanhei nada de Prefeitura. Ele voltando, vai ter que dar graças a Deus de pegar uma Prefeitura enxuta, sem problema nenhum.

Atos – O senhor falou que não acompanhava a Prefeitura de perto. Não estava acompanhando por falta de intimidade com o prefeito afastado ou por portas fechadas mesmo?

Domingos – Você sabe o limite do vice-prefeito, ninguém abre as portas para o vice, é difícil, principalmente quando o prefeito está para uma reeleição. O Edson, até então, esperava por uma reeleição, mas ele não pode.

Atos – Como vereador o senhor teve posicionamento, fiscalizador na época do governo do Fabiano Vieira. Hoje, administra como prefeito e ao mesmo tempo tem essa dificuldade de saber o que vem da Justiça. Com a possibilidade do prefeito afastado retornar ou não, como o senhor está se projetando nesse início de governo?

Domingos durante entrevista ao Atos no Rádio; prefeito explica as primeiras ações e projetos para Cachoeira (Foto: Rafaela Lourenço)
Domingos durante entrevista ao Atos no Rádio; prefeito explica as primeiras ações e projetos para Cachoeira (Foto: Rafaela Lourenço)

Domingos – Eu estou fazendo a minha parte, a lição de casa. Eu quero fazer tudo o que é bom para a cidade. A população precisa de resposta de muitas coisas. Inclusive eu tomei algumas atitudes, como o decreto feito pelo Edson, cobrando um taxa das funerárias. O primeiro ato foi revogar essa taxa, que os moradores estavam reclamando muito. Como fiz também as demandas das demissões, mas temos que fazer o que é bom para cidade, não posso pensar do lado do prefeito Edson, o que é bom pra ele. O que ele deixou e for bom, eu vou fazer, caso contrário eu deixarei tudo quieto.

Atos – Qual foi o procedimento do senhor junto ao setor de finanças? O pessoal está com liberdade de fazer os pagamentos. Como estão os contratos?

Domingos – Eu já estou avaliando tudo. Já tive reunião com o pessoal da tesouraria, está proibido pagamento de qualquer empenho, nada se paga se não for passado pelas minhas mãos. Bloqueei todas as compensações. Até me perguntaram como que vou fazer, que sem compensação, não pago os funcionários. Não tem problema, eu vou fazer de tudo, se eu fechar a torneira da Prefeitura eu consigo pagar. Eu tive que tomar algumas atitudes drásticas. Inclusive estou fazendo uma portaria que qualquer pagamento que seja feito tem que ser por mim, qualquer secretário está proibido de fazer pagamento. Vai ser trabalhoso, mas eu quero acompanhar tudo de perto, inclusive as coisas que vem para Cachoeira, tanto de pão, leite.

Atos – Prefeito, o senhor está trabalhando com a Câmara também porque afinal de contas a Câmara tem um papel preponderante no município. Como está o relacionamento do senhor?

Domingos – Eu quero até agradecer os vereadores. Nós tivemos uma reunião no dia da posse e, graças a Deus, eles estão vendo que estou com boa intenção de levar a cidade para o melhor caminho. Muitos (vereadores) apanham por algumas coisas que acontecem, então eu quero dizer que a Câmara tem me apoiado bastante e eu espero que continue assim porque quero trabalhar com transparência e eu acredito que é isso que eles vão querer também para que possamos estar juntos.

Atos – Até quarta-feira passada, a cidade tinha uma oposição de quatro nomes: Dada, Thales, Guilherme e o Prof Danilo. Com você no cargo, isso altera? A gente vai conseguir ver a Câmara conversando, de forma mais clara com a Prefeitura, com os dois lados da Casa?

Domingos – Eu acho que melhorou até o relacionamento dos vereadores depois que eu entrei. Eu quero que a Câmara, os vereadores participam de tudo comigo. Estou tendo ajuda inclusive dos vereadores que eram oposição do prefeito, vereadores da base também. Graças a Deus está havendo uma união. Um bom entendimento entre Câmara e Prefeitura.

Atos – Já no segundo dia, o senhor inaugurou o PA. A Saúde é o maior foco?

Domingos – Nós reinauguramos o Pronto Atendimento, antes Pronto Socorro. Ficou muito bom, não pela beleza, mas pela eficácia que foi feito. Foram criado salas separadas, algumas com ar condicionado para os pacientes, ampliou a sala de espera. Hoje nós temos sala de pediatria, coisa que quando eu era vereador sempre pedi para que as nossas crianças fossem atendidas das demais pessoas, agora existe uma sala dessa. As salas de internações estão separadas de homem e mulher, ampliou. Melhorou muito, aparelhagem nova de primeiros socorros, agora a pessoa chega infartada tem aparelho para socorrer, com salas especializadas. O Edson acertou nesse ponto.

Atos – E como está o impasse quanto à questão do prédio?

Domingos – Eu estive conversando com a advogada da Santa Casa e ela me disse que deve ter um novo leilão. Eu quero ir ao Ministério Público pra ver o que pode fazer para não deixar a Santa Casa ir a leilão. Tiveram funcionários que me procuraram querendo fazer acordo, mas eu não posso fazer acordo com ninguém porque a Prefeitura não está com dinheiro. Fica difícil, mas se tiver algum jeito de fazer acordo, porque os funcionários mesmo não querem que a Santa Casa vá a leilão.

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