Na Câmara, interventor da Santa Casa de Cachoeira debate planos para o hospital
Fim da intervenção municipal, cortes com gastos e volta do centro cirúrgico são alguns dos temas apresentados por Renato Marton
Thales Siqueira
Cachoeira Paulista
Um pouco mais de um mês à frente da Santa Casa de Misericórdia São José de Cachoeira Paulista, o empresário e interventor, Renato Marton, participou da sessão da Câmara realizada na última terça-feira (3) para tirar dúvidas dos vereadores sobre a nova fase do hospital. A possibilidade do fim da intervenção da Prefeitura, cortes com gastos desnecessários e as perspectivas a respeito do futuro do atendimento foram alguns dos temas debatidos.
A Santa Casa foi intervencionada em 1997. A mediação, que deveria ter durado no máximo dois anos permanece até os dias atuais, em meio a crises que chegaram a paralisar o atendimento por diversas oportunidades.
No plenário, um dos questionamentos feito a Marton foi a respeito do corte de gastos. Para melhorar a situação financeira da Santa Casa, o novo gestor montou um grupo de médicos eliminando a necessidade de escala e sobreaviso. Anteriormente, cada médico ganhava R$ 800 para ficar de sobreaviso e mais R$ 800 para fazer a remoção de um paciente de Cachoeira para Lorena ou Cruzeiro. Já para Taubaté, o valor pago era de R$ 1200 a cada profissional. “O médico que sai hoje de Cachoeira para Lorena ou Cruzeiro ganha R$ 400 na remoção, se ele for pra Taubaté ele ganha R$ 500”, destacou o interventor, que disse ainda que outra situação que lhe chamou atenção foi das horas extras. “No mês de agosto, tivemos um custo de horas extras de R$ 25 mil. Hoje, devido às nossas internações compulsórias, atingimos a casa de R$ 5 mil. Uma economia gigantesca sem atrapalhar a saúde pública”.
Ao total já foram economizados, aproximadamente, R$ 100 mil com cortes em despesas desnecessárias.
Outro apontamento feito pelos vereadores foi sobre a busca pelas certidões negativas de débitos e a regularização das licenças da Santa Casa para possibilitar o atendimento de convênios e novas especialidades. O objetivo, segundo Marton, é estancar as dívidas, parcelar os débitos e liberar o CNPJ da Santa Casa das restrições aplicadas. “Com essa liberação, teremos a disponibilidade de receber verbas parlamentares o que nos possibilita a liberação da intervenção municipal, além de podermos voltar a atender os planos de saúde e consultas particulares”.
Em relação à volta do funcionamento do centro cirúrgico, possibilitando a realização de partos e nascimentos, ele acredita ser necessário a construção de um expurgo que seria um local para descarte dos resíduos hospitalares e materiais infecciosos provenientes do atendimento médico ou de cirurgias. A proposta aguarda aprovação de órgãos técnicos.
O interventor contou ainda que o hospital foi agraciado com investimento para início das obras. Após essa fase é necessário as certificações da Anvisa, ANS, CRM, Cremesp. “O processo não é curto, mas será realizado”.
Sobre o transporte dos pacientes, há divergência sobre a necessidade de a Santa Casa fornecer o serviço na volta para casa após o atendimento. “Esse é um assunto bem delicado. É preciso humanizar o atendimento da Santa Casa, mas existem situações que fogem da humanização e passam a ser de ordem pública. Possuímos apenas duas ambulâncias destinadas à urgência e emergência. Ao deslocar uma ambulância para o transporte de um paciente para um bairro distante, acabamos por inverter a ordem dos fatores, pois não temos como efetuar a busca daquele que realmente necessita”, ponderou Marton.
Ao final, o novo interventor fez um balanço da sua gestão que teve início no dia 1 de setembro. Ele colocou em prática um trabalho de auditoria, com apoio de voluntários, para selecionar as prioridades. “Um mês de trabalho intenso. Evidente que trinta dias ainda é pouco, mas acredito que temos uma grande chance de recuperar a Santa Casa”.