Carlinhos renuncia e sobra apenas Rodolpho para vaga na processante contra Thálitha, Adriana e Nenê
Comissão Processante, que apura conduta de Thálitha e Adriana na divulgação de conteúdo, encara dispensa de parlamentares; seis desistiram
Thales Siqueira
Cachoeira Paulista
O áudio vazado da vereadora Rogéria Lucas (Pode) e o suposto esquema de compra de votos continuam movimentando o cenário político de Cachoeira Paulista. Na sessão da última terça-feira (12), o vereador Carlinhos da Saúde (PL) renunciou sua vaga na comissão processante que apura a divulgação do material. Rodolpho Borges (Rede) foi a única opção disponível para integrar a apuração.
Desde o dia da abertura da processante, em 30 de maio, já se passaram mais de cem dias, intervalo de tempo com diversos “troca-trocas” entre os vereadores que compunham a comissão.
O parlamentar Luiz Gonzaga Brejão (Pode) foi o primeiro a renunciar a sua vaga na comissão, no dia 6 de junho, alegando foro íntimo. Na sessão, realizada no dia 20 de junho foi a vez de Agenor do Todico (PL) e Dil Fonseca (PSD) pedirem para sair. A mesma sessão indicou Rogéria Lucas, exatamente a vereadora que teve seu áudio vazado, para a apuração. Mas ela também abdicou de sua vaga no dia 4 de julho. Em 1 de agosto foi a vez da Ângela Protetora (MDB) deixar a investigação.
Agora, com a saída de Carlinhos e após as inúmeras trocas, ficou definido que Max Barros (União) será o presidente, Felipe Piscina (União) o secretário e Rodolpho Borges o membro da comissão.
“Irei continuar na comissão, pois a população precisa de uma resposta em relação ao áudio. Nós vamos aguardar a notificação do presidente (da Câmara) Léo Fênix (PSB) para a gente dar início aos trabalhos com as oitivas”, revelou Borges.
A reportagem do Jornal Atos questionou Léo Fênix sobre tantas desistências. “Na qualidade de presidente, apenas recebo as renúncias e dou os trâmites de sorteio de novo membro. Mas acredito que todos aqueles que renunciaram, independente do motivo, agiram com respeito para resguardar a isenção e imparcialidade dos trabalhos que serão desempenhados pela comissão”, destacou o presidente da Casa.
De acordo com Nenê do São João (PSB), autor da denúncia, alguns vereadores pediram para sair da investigação, pois foram citados no áudio, e caso alguém entrasse na justiça eles iam ficar impedidos de compor a comissão processante.
Em sessão realizada no dia 30 de maio, o vereador fez uma denúncia contra ele mesmo com o propósito de investigar a suspeita da sua possível negociação de votos a favor do ex-prefeito Edson Mota (PL), além das vereadoras Thálitha Barboza (PT) e Adriana Vieira (PTB) acusadas de descontextualizar os fatos e divulgar a gravação de Rogéria de forma inadequada.
Flagrada em um áudio em que revela que três parlamentares teriam sido pagos para votar a favor das contas do ex-prefeito, Rogéria não virou alvo de investigação. Na gravação, ela conta que pediu que Mota assumisse as prestações do seu carro e cita Nenê como autor de oferta de R$ 5 mil a mando de Mota para aprovar suas contas e ir contra o parecer do TCE (Tribunal de Contas do Estado).
Rogéria diz ainda que Ângela também teria recebido R$ 5 mil e que Carlinhos da Saúde teve as prestações de seu carro pagas por Mota. O nome do vereador Dil também é citado no suposto esquema armado para favorecer o ex-prefeito e não atrapalhar a sua possível candidatura na próxima eleição, em 2024. Apesar dos flagrantes, é a divulgação do material que está no foco da comissão.
Denúncias rejeitadas – Duas denúncias feitas por moradoras de Cachoeira com o objetivo de investigar o áudio vazado e os vereadores envolvidos foram rejeitadas pela Câmara.
A primeira solicitação de processante, feita pela moradora Helena Haritidis Luiz, foi rejeitada por 7 votos a 4. A segunda solicitação, da moradora Íris Mary Batista de Assis, também foi rejeitada, desta vez por 9 votos a 3.