Cachoeira firma contrato emergencial para evitar paralisação da Santa Casa
Hospital com intervenção municipal tem dívida com empresa e salários atrasados; readequação deve ser entregue até o fim do ano

Francisco Assis
Cachoeira Paulista
As famílias de Cachoeira Paulista parecem estarem livres de uma paralisação na Santa Casa. Pelo menos é isso que garante a diretoria do hospital, após o acerto com uma nova empresa para administrar o atendimento, em risco com a dívida de R$ 19 milhões.
Com o fim do contrato com a empresa que administrava o hospital, foi contratada emergencialmente outra gestora para realização dos atendimentos. De acordo com o interventor da Santa Casa, Iounan Maklouf, a dívida não será deixada de lado, com o acordo firmado. Da pendência de R$ 102 mil com a empresa que fazia o atendimento no Pronto Atendimento, referente a setembro, R$ 78 mil já foram pagos. Os meses de outubro e novembro ainda não foram quitados, o que totalizaria R$ 360 mil.
“A empresa será paga, mas foi preciso essa agilidade para fechar porque não poderíamos ficar sem o atendimento. Por isso essa emergência no contrato, que ainda nem foi definido”, destacou Maklouf, que não soube informar o valor do novo contrato.
Com até dois meses de salários atrasados, os médicos chegaram a anunciar greve no atendimento caso não houvesse acordo na última segunda-feira. Mas na manhã desta terça-feira, a nova empresa assumiu os atendimentos, sem paralisações. Entre os atendimentos, serviços do Pronto Atendimento, laboratório, raio X e atendimento de urgência e emergência, seguem normalizados.
Na última semana, as reclamações giravam em torno da demora no atendimento. De acordo com pacientes e familiares, os plantões chegaram a quatro horas de demora a cada atendimento. “Chegamos ontem (domingo) às 22h. Meu pai estava com dor, o joelho inchado, mas eles (médicos) disseram que não podiam atender, porque estavam sem pagamento. Ia demorar de quatro a cinco horas. Voltamos hoje e meu pai só foi atendido porque encontramos o médico aqui fora. Não é a primeira vez. A gente é obrigado a ir pra Lorena para conseguir ser atendido”, contou o motorista Ceiliton Prado.
O interventor do hospital contou que a estrutura com essa nova empresa será a mesma do sistema atual. “A diferença é que antes eram dois médicos no atendimento diurno e dois no noturno. Agora, serão dois médicos no diurno, um no noturno e um em caso de internação”, explicou.
Em nota, a Prefeitura salientou que a cidade tem em média um gasto mensal de aproximadamente R$ 400 mil. O valor inclui o pagamento da empresa que presta atendimento médico no PA, as internações na Santa Casa de Guaratinguetá, o pagamento dos partos na Santa Casa de Aparecida, a folha de pagamentos dos funcionários, medicamentos e materiais de consumo e manutenção. “A Santa Casa e a Prefeitura vinham procurando maneiras de solucionar o problema sem que os munícipes fossem prejudicados, que foi o que aconteceu”.
A preocupação na cidade é maior com relação a “população flutuante”, gerada com o número de visitantes à Comunidade Canção Nova. A média do atendimento normal oscila entre 100 e 120 pessoas por dia, mas com os visitantes da CN, sobre para 380 e 400.
Readequação – A Santa Casa de Misericórdia de São José segue com obras de adequação à determinação do Ministério Público sobre irregularidades apontadas por um laudo da DRS (Departamento Regional de Saúde), que acarretou no fechamento do setor de internação.
Com o fechamento, em maio, os pacientes que precisam de internação são encaminhados para outras cidades, trabalho custeado por um convênio com Guaratinguetá, Aparecida e São José dos Campos, para atendimento de clínica médica, maternidade e cirúrgica.
Iounan Maklouf destacou que o apoio de empresários da região tem ajudado a realizar a obra de readequação na clínica médica. Ele espera que até o final do ano, o trabalho seja finalizado.
Para o interventor, a dificuldade com as verbas do Estado e da União, que não estariam chegando de acordo com o previsto. “Isso está afetando todas as santas casas. Fora que em Cachoeira, 87% das pessoas não pagam imposto e a cidade fica sem dinheiro, o que ajuda a atrasar”.