Após 26 anos e dívida de R$ 45 milhões, Mineiro e Marton anunciam fim da intervenção da Santa Casa
Nova mesa administrativa toma posse de hospital e planeja ala psiquiátrica e convênios para hospital; ações de economia deram condições para fim do sistema
Thales Siqueira
Cachoeira Paulista
A noite da terça-feira (7) pode ser considerada um marco para a vida dos cachoeirenses. Após 26 anos, o prefeito de Cachoeira Paulista, Antônio Carlos Mineiro (MDB), e o gestor Renato Marton anunciaram o fim da intervenção municipal na Santa Casa de Misericórdia São José. A nova mesa administrativa do hospital também tomou posse e deu início aos trabalhos com a missão de amenizar a dívida de R$ 45 milhões.
O empresário Renato Marton, que possui experiência no setor de saúde, assumiu como interventor do hospital no dia 1 de setembro com o objetivo de reativar o centro cirúrgico e retirar a intervenção da Prefeitura. Com a mudança, ele passa a assumir agora o cargo de diretor administrativo do local. “É um momento histórico para Cachoeira. Junto ao prefeito, decidimos pela retirada da intervenção. A gente objetiva fazer a Santa Casa voltar ao que era antes, voltar a andar com as próprias pernas”, comemorou Marton.
Após dois meses de trabalho à frente do hospital, o novo diretor administrativo já conseguiu a liberação do Corpo de Bombeiros, três certidões negativas de débitos e uma economia de mais de R$ 100 mil com cortes em despesas consideradas desnecessárias. A missão agora é continuar com a humanização dos atendimentos no Pronto Socorro, voltar com o funcionamento do centro cirúrgico e trazer para a Santa Casa convênios como Unimed, SulAmérica. Entre os obstáculos, a dívida acumulada em R$ 45 milhões.
“Já melhoramos bastante no atendimento, já temos muitas empresas procurando a gente, já estamos trabalhando em cima de protocolos, e hoje a gente já conseguiu a liberação do Corpo de Bombeiros, que já é um passo muito grande”, destacou Marton.
A secretária de Governo, Patrícia Andrade, e o secretário de Finanças, Thales Satim, também participaram da reunião de posse da nova mesa administrativa. O assessor jurídico do hospital, Gustavo Capucho, também presente no encontro, afirmou que o fim da intervenção era muito importante para a entidade. “Era necessário o fim da intervenção para que a gente pudesse gerir os nossos recursos, ter a nossa economia investida na própria Santa Casa, porque a gente não estava gerindo os recursos, a gente estava pagando conta”, ponderou Capucho.
Marton destacou que uma das metas é abrir uma ala psiquiátrica na Santa Casa, pois é uma doença que está crescendo cada dia mais, e que o centro cirúrgico já está pronto, faltando a construção do expurgo.
“A gente está em busca de abrir uma ala psiquiátrica na Santa Casa. O setor já está pronto, só vamos fazer adaptações para que possamos receber os pacientes e tirar a liberação dos órgãos competentes”, afirmou o diretor, que prevê que o centro cirúrgico volte a funcionar em 2024. “A legislação da Vigilância Sanitária mudou, agora não conseguimos mais liberar só por alas, e sim pelo hospital inteiro. Então provavelmente a gente consiga já para o ano que vem”.
Mineiro contou que a situação da Santa Casa foi uma das coisas que o impulsionou a entrar na carreira política. “A decadência foi muito grande depois da intervenção, porque contratava-se funcionário para trabalhar no posto de saúde, para capinar a rua, e os contratos da Prefeitura eram todos feitos pela Santa Casa. Era um absurdo isso, eles estavam assassinando a Santa Casa. Na última gestão houve as divulgações de que o hospital ia a leilão, e eu fiquei indignado com isso, pensava que não era possível a Santa Casa ir a leilão por causa de dívida trabalhista”.
O prefeito afirmou que os desafios pela frente são muitos e que o maior deles é a falta de recursos, mas que acredita na capacidade técnica de Marton para recuperar a saúde na cidade. “Desde o início da intervenção, todas as medidas tomadas foram desastrosas para a entidade. Quando fizeram a intervenção a dívida da Santa Casa correspondia a algo em torno de R$ 900 mil, hoje acumula uma dívida de mais de R$ 45 milhões”.