Violência contra crianças e adolescentes chega a 30% das ocorrências em Aparecida

Relatório do Conselho Tutelar aponta agressões e maus tratos contra menores como maior problema da cidade

Rafael Rodrigues
Aparecida

Um namoro não aprovado pelos pais somados à falta de diálogo na família foram ingredientes amargos na história de vida da adolescente T.F.S de 15 anos, que foi espancada pela mãe e atualmente vive com uma tia, até que haja o restabelecimento afetivo entre elas.

A história é mais comum do que parece. “Apenas” mais um caso de maus tratos de menores, a principal ocorrência atendida pela atual equipe de conselheiros tutelares de Aparecida. Relatório apresentado sobre a atuação do órgão nos três primeiros meses do ano aponta que esse tipo a ocorrência como 30% dos atendimentos.

Foram ao todo 246, sendo 69 relacionados a maus tratos. Histórias que se repetem em vários bairros, e com pessoas de diversas classes sociais. Nesse caso especifico, relatado por um dos conselheiros, a jovem foi encaminhada para o IML (Instituto Médico Legal) com diversos hematomas pelo corpo. A suspeita é de que a mãe da adolescente tenha usado um pedaço de madeira para cometer o crime.

“Encaminhamos o caso para a polícia. Em seguida pedimos o afastamento da mãe, e agora a menina mora com uma tia. Mas o atendimento não para por ai, as duas serão encaminhadas para o atendimento psicológico para que possam restabelecer a afeição de mãe e filha, e superem o trauma vivido”, explicou o coordenador do conselho, João Batista Campos.

Quando se fala em maus tratos, não necessariamente envolve violência física, mas também psicológica. Inclusive os conselheiros relatam outros casos que se enquadram nessa prática, como o caso de várias mães que deixam seus filhos sem o que comer e sem higiene e saem para rua, na maioria das vezes atrás de drogas e álcool.

De acordo com o conselheiro Luiz Carlos Ferreira Júnior, para coibir essas e outras práticas atendidas diariamente, o Conselho Tutelar conta com uma equipe especializada de profissionais para atendimento familiar. “O que mais preocupou a gente no início é que quando assumimos não tínhamos uma equipe técnica de direito, que é formada por uma psicóloga e uma assistente social, mas que conseguimos por lei municipal, para colocarmos o órgão em ordem”.

Outro ponto que também preocupa os atendimentos, segundo Junior, é o alto número de evasão escolar, ou seja, quando um aluno deixa de frequentar a escola e fica caracterizado o abandono. Ao todo foram 47 casos registrados no primeiro trimestre do ano pelo órgão.

O trabalho em conjunto entre Conselho Tutelar e outros órgãos e a colaboração da comunidade é a saída apontada por todos os conselheiros para diminuir o número de casos. Ao longo dos primeiros meses do ano, a mendicância de crianças na feira livre e praças diminuíram bastante na cidade.

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