PF investiga denúncia de caixa dois pago a Piriquito durante as eleições de 2020
Sistema é alvo de operação com envolvimento de empresários; policiais cumpriram mandados de busca e apreensão em Guaratinguetá
Da Redação
Aparecida
A Polícia Federal cumpriu, na manhã da última quarta-feira (1), dois mandados de busca e apreensão em Guaratinguetá, na operação que investiga denúncia de crimes de caixa dois e desvio de recursos públicos em Aparecida, durante a eleição de 2020.
Segundo as investigações, foram encontrados indícios de que empresários da região teriam realizado pagamentos em favor de um candidato à prefeito com a intenção de receber vantagens em uma obra na rua Benedito Macedo, no bairro da Ponte Alta.
A Polícia Federal informou que as investigações continuam e que, em breve, os envolvidos deverão responder individualmente por crimes como o de corrupção passiva.
Em agosto de 2022, o Seccold (Setor Especializado no Combate à Corrupção, Organização Criminosa e Lavagem de Dinheiro) enviou ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) o inquérito policial, que trata da denúncia de pagamento de propina ao então candidato à Prefeitura de Aparecida, Luiz Carlos de Siqueira, o Piquirito (Podemos), em 2020. Os autores da denúncia foram os vereadores Carlos Alexandre Rangel dos Santos, o Xande (PSD), e Fábio Borges (PTB).
Os vereadores denunciaram a existência de uma reunião de servidores públicos da Prefeitura de Aparecida, que em conluio com o prefeito e o presidente da Câmara, acertaram a prática de diversos crimes contra a administração pública. Segundo as informações, agentes públicos exigiriam “propinas” de empresários, que tinham contrato com a Prefeitura, em um contexto que sugeria a violação das regras da Lei de Licitações, inclusive por meio da prática de crimes licitatórios.
A notícia de crime se referia especificamente à uma obra de revitalização na rua Benedito Macedo, no bairro da Ponte Alta, realizada pela empresa S4 Construtora Ltda, após sagrar-se vencedora no procedimento licitatório feito na modalidade Tomada de Preços, nº 02/2020. O vereador Xande contou ter sido procurado pelo responsável legal da empresa S4 Construtora, Eliseu de Souza Volpe, que, por meio de ligação telefônica, fez acusações graves contra representantes dos Poderes Legislativo e Executivo.
Na conversa telefônica, gravada por Xande, o empresário afirmou ter pago propina ao atual prefeito Piriquito, desde a época da campanha eleitoral. Na gravação o empresário sugere ainda, que estaria sendo extorquido por servidores municipais, que lhe cobravam 4% (quatro por cento) do valor da obra para liberar seu pagamento.
O empresário afirmou, na conversa, que teria pagado R$ 20 mil ao prefeito e, posteriormente, cerca de 4 % (quatro por cento) do valor da obra para ser dividido entre servidores municipais.
O empresário Eliseu de Souza Volpe fez um acordo de delação premiada com a justiça e, durante depoimento, afirmou ter participado de reunião com o então candidato Luiz Carlos de Siqueira, cerca de vinte e cinco dias antes da eleição, no Posto Arco Íris, localizado na rodovia Presidente Dutra, em Aparecida. A pauta da reunião foi a doação para a campanha de Luiz Carlos de Siqueira.
Outro lado – Em nota enviada à redação do Jornal Atos na época, o prefeito de Aparecida, Luiz Carlos de Siqueira garantiu que “o inquérito policial com denúncia feita, por dois vereadores do município, refere-se a dois processos licitatórios realizados no ano de 2020, período da administração anterior. O processo segue em sigilo de Justiça e o prefeito Luiz Carlos de Siqueira se colocou à disposição da Justiça para os devidos esclarecimentos juntamente de sua equipe jurídica”.