Liberadas de atos pró-intervenção, estradas da região têm trânsito livre

Manifestantes bolsonaristas liberam rodovias após três dias de protestos; quartéis da RMVale são palco de ações protestos

Caminhoneiros fazem fila na Dutra durante bloqueio pró-intervenção; manifestantes são dispersados com ação da PRF e PM (Foto: Leandro Oliveira)

Andréa Moroni
RMVale

Depois de três dias de bloqueios nas rodovias que cortam a região, principalmente na rodovia Presidente Dutra, os manifestantes bolsonaristas liberaram, na quinta-feira (03), a passagem nos trechos interditados depois de ações das policiais Rodoviária Federal e Militar.

No país foram mais de trezentos bloqueios em rodovias federais e estaduais. Segundo o boletim mais recente da PRF, divulgado na manhã de sexta-feira (4), ainda há 15 interdições em cinco estados.

Ainda na noite do último domingo (30), Jacareí foi a primeira cidade da região a registrar a manifestação, na altura dos Kms 161 da Dutra. Embora tenham sido dispersados, eles retornaram na manhã de segunda-feira (31). Caçapava no Km 130, Taubaté no Km 112, e nos Kms 157 e 149 em São José dos Campos também registraram intervenção dos manifestantes. As duas pistas no sentido Rio de Janeiro foram interditadas.

No início da tarde, foi a vez de Pindamonhangaba, no Km 92, ter os dois lados paralisados. Guaratinguetá, no Km 60, no sentido São Paulo da via também registrou interrupção. Ao menos duas ocorrências envolveram bloqueio com pneus em chamas.

Em Aparecida, um grupo de manifestantes ateou fogo em pneus e fechou a Rodovia no sentido Rio de Janeiro, na altura do Km 70, próximo a um dos principais acessos à cidade. Houve congestionamento e o Corpo de Bombeiros foi acionado para desobstruir a via. Quem seguia no sentido contrário foi afetado com a fumaça escura da pista oposta e o tráfego no sentido São Paulo também ficou lento.

Na Dutra, em Canas, no Km 46, a situação foi controlada ainda no início da noite de segunda-feira (31). Os bloqueios em São José dos Campos, Caçapava e Pindamonhangaba continuaram até quarta-feira (2), feriado de Finados.

Ainda na noite de quarta-feira, o presidente Jair Bolsonaro (PL) publicou um vídeo em suas redes sociais em que pede a seus apoiadores para liberarem as rodovias que estão obstruídas. “Quero fazer um apelo a você: desobstrua as rodovias, isso daí não faz parte, no meu entender, dessas manifestações legítimas. Não vamos perder, nós aqui, essa nossa legitimidade”, afirmou. “Proteste de outra forma, em outros locais, que isso é muito bem-vindo, faz parte da nossa democracia”.

Essa foi a segunda declaração feita por Bolsonaro. O primeiro discurso após ser derrotado nas eleições do último dia 30, frustrou quem esperava que o mandatário pedisse explicitamente a desmobilização de bloqueios de rodovias, feitos por apoiadores que contestam sem provas o resultado das urnas e pedem intervenção militar.

Na ocasião, o mandatário tinha dito que o movimento é “fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral” -respaldando o movimento golpista. Em seguida, disse, porém, que os métodos de seus apoiadores “não podem ser os da esquerda” e nem incluir o cerceamento do direito de ir e vir.

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, determinou na segunda-feira (31) que o governo adote imediatamente “todas as medidas necessárias e suficientes” para desobstruir as rodovias ocupadas por bolsonaristas em protesto pelo resultado das eleições. Depois, o STF formou maioria a favor da decisão do ministro.

São Paulo – Na manhã desta terça-feira, o governador Rodrigo Garcia determinou às forças de segurança de São Paulo que atuassem para o imediato desbloqueio de rodovias paulistas Além do governador, o secretário de Segurança Pública do Estado, general João Camilo Pires de Campos, a procuradora geral do Estado, Inês Maria dos Santos Coimbra, e o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Mário Sarrubbo estavam presentes em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes.

Bolsonaristas fazem manifestações antidemocráticas nos quarteis da região

Manifestantes bolsonaristas realizaram protestos, na manhã de quarta-feira, em frente a quartéis da RMVale (Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte). Na região, houve o registro de protestos em São José dos Campos, Taubaté, Guaratinguetá, Caçapava e Lorena.

Alguns participantes levaram cartazes e fizeram pedidos antidemocráticos, como intervenção militar, o que é proibido pela Constituição Federal.

Os grupos vestiam camisas do Brasil e carregavam bandeiras. Eles chegaram a fechar trecho de ruas que foram ocupadas pela aglomeração, mas não houve prejuízos ao trânsito.

Em Guaratinguetá, militares da Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR) chegaram a fazer um cerco de contenção em volta da escola, para evitar a aproximação dos manifestantes até a sede da instituição.

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