Mais violenta do interior, região tem aumento de assassinatos no primeiro trimestre

Taxa proporcional de homicídio supera em 170% a da capital; crimes contra o patrimônio também crescem e “abril sanguento” deve elevar ainda mais o índice

Da Redação
RMVale

Com o aumento de vítimas de assassinato e de crimes contra o patrimônio no primeiro trimestre deste ano, a RMVale (Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte) se manteve como a área mais violenta do interior do estado. Causando ainda mais preocupação na população, a região tem uma taxa proporcional de homicídios que supera até mesmo a capital paulista.

Dados divulgados pela SSP (secretaria de Segurança Pública do Estado) na última segunda-feira (25) revelaram que a RMVale teve um crescimento de 6% de moradores assassinados de janeiro a março em comparação ao mesmo período de 2021, saltando de 92 para 98 registros.

Com 12 vítimas, Cruzeiro lidera o “ranking da morte” na área. A cidade é afetada desde o ano passado por conflitos entre quadrilhas rivais. Os embates contribuíram para que o município fechasse 2021 como o terceiro mais violento da região, com um saldo de 42 mortos. Investigações da Polícia Civil apontam que os grupos criminosos são divididos por bairros, como o Itagaçaba, Vila Batista, Vila Loyelo e Vila Romana.

Empatadas com 11 assassinatos, as outras três cidades que tiveram o início de 2022 mais sangrento da RMVale foram: Caraguatatuba, Pindamonhangaba e São José dos Campos.

Os demais municípios que registraram mortes violentas no período são: Lorena (9), Taubaté (9), Caçapava (7), Ubatuba (6), Aparecida (5), Guaratinguetá (4), Jacareí (2), São Sebastião (2), Tremembé (2), Cachoeira Paulista (1), Campos do Jordão (1), Cunha (1), Lavrinhas (1), Natividade da Serra (1), Potim (1) e Redenção da Serra (1).

Comprovando a gravidade da situação, um levantamento produzido pelo jornal, “OVALE”, de São José dos Campos, apontou que a região tem uma taxa anual de 13,72 vítimas de homicídio por cem mil habitantes. O estudo levou em conta dados dos últimos 12 meses, de março de 2021 a fevereiro de 2022, período em que 340 moradores foram assassinados. Maior do estado, a taxa supera em 170% a da capital paulista, que atinge apenas 5,07. O índice da RMVale “bate” ainda em 30% o de Araçatuba, que é de 10,49, segundo maior de São Paulo. Assim, a região se mantém desde 2010 como a mais perigosa do estado.

Para piorar a situação, a área teve diversos assassinatos em abril. O montante deverá ser divulgado pela SSP apenas no fim de maio. Um dos casos mais recentes e que mais chocaram a população, ocorreu no último dia 24 em Lorena. Três homens foram executados numa região de mata, no bairro Aterrado, próxima à rodovia Prefeito Aristeu Vieira Vilela, que liga o município à Guará. Com marcas de tiro nas cabeças, os corpos foram encontrados com as mãos e pés amarrados, sendo que um deles estava com uma faca cravada no pescoço. As vítimas foram identificadas como: Bruno Henrique dos Santos Dias, 21 anos, Gabriel Gustavo Ovídio dos Santos, 20 anos, e Wally Afonso Candido, 34 anos.

A Polícia Civil tenta descobrir se o crime foi motivado por vingança, já que a corporação recebeu a informação de que o trio supostamente matou o jovem, João Victor de Oliveira Mota, que tinha 19 anos, no último dia na praça pública central do bairro Cecap. Até o momento, os autores do triplo homicídio não foram identificados.

Patrimônio – Além do aumento de vítimas de assassinato, o primeiro trimestre deste ano foi marcado pelo crescimento da maioria dos indicadores de crimes contra o patrimônio. No comparativo com a mesma época de 2021, o montante de furtos cresceu 17%, passando de 4.774 para 5.585. Já os furtos e roubos de veículos aumentaram 15%, saltando de 763 para 878. Em ritmo semelhante, os registros de roubo de cargas aumentaram 15,6%, crescendo de 32 para 35.

Em contrapartida, o total de roubos em geral sofreu uma queda de 1,4%, regredindo de 1.282 para 1.264.