Com as sete cidades mais violentas do estado, região avança em sistema integrado de câmeras
Agemvale prepara edital do “Cinturão Eletrônico”; projeto é aposta antiga para reduzir a violência na RMVale
Da Redação
RMVale
Área mais violenta do interior do estado há quase duas décadas, a RMVale (Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte) pode estar perto de passar a contar com um sistema integrado de câmeras de segurança. Antiga promessa estadual, a implantação do “cinturão eletrônico” deverá ser iniciada em breve.
Durante entrevista na última segunda-feira (30) ao podcast do portal de notícias SP RIO+, o diretor-executivo da Agemvale (Agência Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte), Sergio Francisco Theodoro, afirmou que a autarquia estadual lançará nos próximos dias o edital para a contratação da empresa que será responsável pela instalação das câmeras e pelo sistema de fornecimento de imagens. Ele explicou ainda que o contrato que será firmado com a vencedora do certame não consistirá na aquisição de câmeras, mas sim na concessão de “imagens-hora”. Dessa maneira, caso o equipamento deixe de registrar as movimentações, seja por problema técnico ou destruição, a Agemvale não pagará por este período.
Apesar de não mencionar a data específica em que deverá ocorrer a abertura do processo licitatório, Theodoro informou que já está disponível no Fundovale (Fundo de Desenvolvimento da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte) um recurso estadual de cerca de R$ 4 milhões para a viabilização da ação de segurança.
O diretor-executivo explicou que num primeiro momento, o “cinturão eletrônico” contemplará apenas os 17 municípios que integram as regiões do Vale da Fé e do Vale Histórico. A primeira é formada pelas cidades de: Aparecida, Cachoeira Paulista, Canas, Cunha, Guaratinguetá, Lorena, Piquete, Potim e Roseira. Já a outra é composta por: Arapeí, Areias, Bananal, Cruzeiro, Lavrinhas, Queluz, São José do Barreiro e Silveiras.
Segundo o representante estadual, nessa primeira fase serão instaladas cerca de cem câmeras, que funcionarão 24 horas por dia e possuirão sistema de leitura de placas de veículos, nos trechos de entrada e saída dos municípios. Theodoro afirmou que essas duas áreas serão as primeiras contempladas devido aos seus preocupantes índices de violência.
A implantação do “cinturão eletrônico” é aguardada pelas famílias da RMVale há mais de cinco anos. No primeiro semestre de 2017, a gestão do então governador, Geraldo Alckmin (PSB), que previa o investimento de R$ 50 milhões na instalação de 2,9 mil câmeras, chegou a implantar os equipamentos nos trechos de entrada e saída de Campos do Jordão, Caraguatatuba, São José e Taubaté. Porém, a ampliação do sistema para os demais municípios, inicialmente prevista para o segundo semestre de 2017, não saiu do papel.
O sistema integrado de videomonitoramento é considerado por especialistas em Segurança Pública como uma alternativa para tentar frear a violência na RMVale, que no ano passado teve 378 moradores assassinados.
Um levantamento divulgado na última terça-feira (31) pelo jornal OVale, de São José dos Campos, apontou que a região tem as sete cidades do estado com a maior taxa de vítimas de homicídio por cem mil habitantes, são elas: Cruzeiro (39,81), Lorena (36,86), Ubatuba (28,01), Caraguá (25,91), Caçapava (25,06), Guaratinguetá (17,34) e Pindamonhangaba (16,22).
Durante entrevista ao programa Atos no Rádio na última terça-feira, o prefeito de Cruzeiro, Thales Gabriel Fonseca (PSD), revelou sua expectativa de que a região receba o apoio da nova gestão estadual, comandada pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), para avanços na área da Segurança. “O Deinter (Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior) me informou que o Vale Histórico e o Vale da Fé receberão uma atenção especial por parte da secretaria de Segurança Pública. Aguardamos ansiosamente o ‘cinturão eletrônico’, que segundo a Agemvale terá o seu processo licitatório aberto em breve. Esse sistema integrado auxiliará consideravelmente a atuação das polícias Civil e Militar e das Guardas Civis Municipais, contribuindo para a prisão de criminosos e consequentemente a redução dos índices de violência”.
Estado – O Jornal Atos solicitou ao Governo do Estado mais informações sobre o projeto do “cinturão eletrônico” e a previsão para sua implantação, porém a nota oficial emitida pela secretaria de Segurança Pública não respondeu aos questionamentos. Em contrapartida, a nota ressaltou que a Polícia Militar vem intensificando o patrulhamento pela região e, assim como a Polícia Civil, promovendo diversas operações e prisões na área.