Com 258 assassinatos no ano, região já tem discussões sobre municipalização da segurança
Mais violenta do interior, RMVale tem média de um assassinato a cada 25 horas; alternativa para conter a criminalidade é vista como tendência natural
Lucas Oliveira
RMVale
Dados divulgados pelo Governo do Estado na última quarta-feira (25) revelam que a RMVale (Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte) segue como a área mais violenta do interior paulista. Com 258 moradores executados neste ano, a região possui a preocupante média de um assassinato a cada 25 horas. Entre as saídas, a possibilidade de mudanças para a municipalização da segurança já é vista como real, mesmo com a fragilidade de parte das cidades.
De acordo com o levantamento da SSP (secretaria de Segurança Pública do Estado), a RMVale teve, entre janeiro e setembro, 258 moradores assassinados, sendo 246 vítimas de homicídio doloso (quando existe a intenção de matar) e 12 de latrocínio (roubo seguido de morte). O montante é 9% inferior ao registrado no mesmo período do ano passado, que foi 286, sendo 280 homicídios dolosos e seis latrocínios
Apesar da queda de casos neste ano, a região se mantém no topo do ‘Ranking da Violência’ no interior paulista. São 63 vítimas de assassinato a mais do que a vice-líder, a região de Ribeirão Preto, onde 195 moradores foram executados. As oito demais áreas registraram os seguintes índices: Piracicaba (177), Campinas (175), Sorocaba (140), Baixada Santista (117), São José do Rio Preto (89), Bauru (84), Araçatuba (59) e Presidente Prudente (55).
Maior e mais populosa cidade da RMVale, São José dos Campos, palco de 33 execuções, lidera a lista dos municípios que tiveram moradores mortos nos primeiros nove meses deste ano (números totais). Com 27 vítimas, Cruzeiro aparece na vice-liderança do inglório ranking. O montante supera em 8% o do mesmo período do ano passado, que foi de 25.
Durante entrevista ao Jornal Atos no início deste mês, o delegado seccional de Cruzeiro, João Paulo de Oliveira, revelou que acredita que a municipalização da segurança pública pode ser uma alternativa para que futuramente ocorra uma redução dos índices criminais na cidade e região. “Creio que existe uma tendência para que a segurança pública seja cada vez mais municipalizada, o que fará com que as prefeituras contribuam de forma ainda mais considerável com o Estado no combate à criminalidade. A colaboração das prefeituras é muito importante, pois cada localidade tem sua especificidade. É possível notar que elas estão contribuindo cada vez mais na área da segurança no estado de São Paulo, como, através da participação em projetos de integração entre cidades de sistemas de câmeras de videomonitoramento”.
Já o prefeito de Cruzeiro, Thales Gabriel Fonseca (PSD), afirmou que enxerga a municipalização da segurança pública como uma tendência natural. “Os munícipios serão cada vez mais responsáveis pela questão da segurança. No entanto, eles precisam sempre trabalhar em parceria com as polícias Civil, Militar, Federal e Rodoviária. Sabemos da importância do papel da Prefeitura para o aumento da segurança em Cruzeiro, então promovemos melhorias na iluminação pública, instalamos câmeras pela cidade e equipamos nossa Guarda Civil Municipal. Além disso, seguiremos buscando ampliar na cidade as opções de cultura, lazer, educação e de esportes para que os jovens fiquem longe do mundo do crime”.
Cruzeiro é uma das cidades que conseguiram implantar sua Guarda Civil Municipal armada para auxiliar o policiamento, como Lorena, que também sofre com altos índices de criminalidade.
Empatadas na terceira colocação do ranking regional da violência, Caraguatatuba e Taubaté tiveram 26 moradores assassinados entre janeiro e setembro. As demais cidades da RMVale que registraram mortes violentas foram: Guaratinguetá (19), Lorena (19), Caçapava (17), Jacareí (17), Pindamonhangaba (13), Ubatuba (10),São Sebastião (7), Aparecida (6), Lavrinhas (5), Potim (5), Cunha (4), Tremembé (4), Cachoeira Paulista (3), Lagoinha (3), Queluz (3), Ilhabela (2), Roseira (2), Santa Branca (2), São Luís do Paraitinga (2), Campos do Jordão (1), Piquete (1) e São José do Barreiro (1).