Cebola e pão inflacionam a cesta básica na região
Levantamento do Nupes de Taubaté mostra que consumidores do Vale gastam mais para encher o carrinho de compras


Francisco Assis
Região
Voltar do supermercado de bolsa cheia vem se tornando um privilégio para poucos. O aumento em produtos básicos assusta o consumidor da região, que tenta driblar a inflação de olho na variação dos produtos. No Vale do Paraíba, o pão francês e a cebola são os novos vilões das prateleiras, de acordo com levantamento do Nupes (Núcleo de Pesquisas Econômicos-Sociais).
O estudo do órgão da Unitau (Universidade de Taubaté) apontou que o custo da cesta básica na região sofreu um aumento de 0,17% entre junho e julho, passando de R$ 1.329,94 para R$ 1.332,24.
Entre os alimentos que mais tiveram o preço elevado estão o pão francês, que teve acréscimo de 6,58%, a batata com 5,36% e a cebola em 5,18% mais cara.
A análise do Nupes é feita com base em uma “família-padrão” de cinco pessoas, com poder de compras de cinco salários mínimos. Nos supermercados não é difícil encontrar quem tem dificuldade em completar a lista de compras.
“Hoje está difícil. A gente conseguia comprar muito mais com o mesmo dinheiro. Hoje, eu vim comprar umas vinte coisas, mas não vou levar nem dez”, contou a aposentada Fátima Barbosa.
A economista Vanessa Gatto Chimendes, da Fatec (Faculdade de Tecnologia de Guaratinguetá), explicou que o aumento na cesta é motivado por diversos fatores no processo de produção até a prateleira do supermercado. “Com o aumento dos custos ocorre uma retração da produção, fazendo com que os preços de mercado também sofram aumento. Exemplo: aumento salarial, aumento no custo da matéria-prima, aumento no preço dos combustíveis, aumenta o custo de produção e de transporte; e em seguida esse aumento de custos vai para o preço final”.
Maria Conceição é pensionista e tenta se equilibrar com um salário mínimo. Ela disse que já cortou vários produtos do seu dia a dia com o aumento dos preços. “Carne a gente já nem come mais. Olha a cebola, está cara. Daqui a pouco vamos fazer sopa de papel”, brincou a idosa, enquanto observava a balança que pesava as quatro cebolas que conseguiu levar.
Com menor poder de compra, os consumidores organizam a lista de compras de acordo com a realidade econômica. A ideia é obter um limite do quanto comprometer o salário.
Vanessa Gatto indicou que uma boa divisão no orçamento seria em 40% para gastos com transporte, vestuário e alimentação; 30% para despesas com moradia; 15% do orçamento para lazer e outros 15% para outras despesas. Ela lembrou ainda que outros autores acreditam que o consumidor deve manter 50% com despesas essenciais (moradia, água, luz, gás, transporte diário, saúde, educação), 15% no futuro (poupança) e 35% em alimentação.
Outra conta de Vanessa mostra que os gastos podem ser definidos em 55% com alimentação, 20% habitação, 8% vestuário, 10% higiene e 7% transporte.
“Agora eu te pergunto: uma pessoa que ganha um salário mínimo tem poder de escolha? É por isso que tem que ajustar o máximo seu orçamento, fazendo controle total dos gastos e economizando o máximo possível para que não gaste mais do que ganha e fique endividado. A realidade é fazer cada item caber no orçamento”, destacou a economista.
Além da baixa na economia nacional, motivada pela crise política, o período de estiagem também causa alta nos preços. Vanessa ressaltou que cada vez mais cresce o risco da queda de produção na agricultura e nos setores industriais, altamente dependentes da água. “A estiagem que atinge a região Sudeste e a escassez de água em vários municípios do interior de São Paulo deve prejudicar o volume de produtos ofertados e a qualidade deles. Problemas climáticos e sazonais prejudicam a oferta de frutas, verduras, legumes, agropecuária entre outros, o que pode acarretar em alta nos preços”
Dicas – Além da organização dos gastos com o poder de compra, a economista listou outros passos que o consumidor pode tomar. “Estabeleça metas no orçamento, contenha as despesas, anote tudo o que se gasta e coloque na calculadora todos os seus gastos. Assim você consegue descobrir quais são os itens que estão prejudicando o seu orçamento”, aconselhou, sem esquecer o que acredita seu o principal mandamento na crise. “Não faça dívidas!”