No apagar das luzes, atrás das cortinas

Realmente a criatividade brasileira não tem limites, ainda mais quando se vislumbra possibilidades reais de votos. As estratégias sempre ocorrem na brecha da legalidade, no apagar das luzes, em projetos de lei muito bem elaborados.
As ultimas informações dão conta de um projeto de lei do Executivo criando novos cargos, nada de incomum se não fossem os últimos acontecimentos nesta questão na cidade.
A ‘Terra de Frei Galvão’ vivenciou no início do ano um corte de 70 cargos de comissão, pelo posicionamento do Ministério Público. O Executivo cumpriu a ordem, depois de perder prazo para recorrer.
Curiosamente, os 70 guilhotinados integravam a frente de apoio do atual governo na campanha. O ocorrido teve suas repercussões, o “culpado” e a “vítima”. Como toda novela brasileira.
Mas, há poucos dias para a largada da corrida eleitoral, a bondade do prefeito se manifesta em projeto de lei que cria 90 novos cargos de comissão. Pois é, no final do mandato, o Executivo resolve contemplar 90 agraciados que ocuparão cargos de comissão (com nova nomenclatura).
De fato, a experiência de outros mandatos e de uma vida pública longa deve contribuir para saídas estratégicas diante de uma batalha eleitoral acirrada, como vemos em Guaratinguetá.
Não precisa ser profeta para prever que os expatriados voltarão, e certamente ficarão muito felizes, afinal agora o que tem pela frente é o “módico” salário de cerca de R$ 4.500,00 (quatro mil e quinhentos reais). E além da conciliação com 70 amigos tristes, ainda existe espaço para mais 20 pessoas felizes, ou melhor, cabos eleitorais felizes! Se considerarmos que cada comissionado feliz traz seu círculo familiar, também feliz, a somatória final resulta em muita gente feliz com o prefeito e disposta a contribuir para sua reeleição!
Enfim, a seriedade da iniciativa não seria tão questionada se não fosse o passado recente de cortes e a proximidade das eleições. Mas utilização da máquina para assegurar os meios de reeleição nunca foi assumida, mas sempre foi visível. Espera-se que os demais candidatos tenham estratégia e estrutura para denunciar o que for necessário, e consigam se destacar na campanha, de alguma forma que possibilite sobrepor a tantas pessoas “felizes” ocupantes dos novos cargos.
Enquanto isso, os analistas políticos aguardam com expectativa qual será o posicionamento do Ministério Público diante da criatividade franciscana, já que determinou o corte dos 70 cargos de comissão num passado não tão distante.
Com certeza, após esse editorial, muita gente vai ter saudade da censura!

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