A crise do homem público
A palavra dominante na conjuntura global é crise. Enquanto alguns países enfrentam crises de pânico social em razão dos ataques terroristas, outros enfrentam suas crises políticas e sociais que se agravam com a política econômica diretamente relacionada a um mercado oscilante. Nosso País, em especial, acostumado a crises, enfrenta uma crise moral sem precedentes.
Os corruptos são acolhidos por uma Justiça fadada à morosidade pelo sistema que eles mesmos criaram enquanto legisladores. A impressão que temos é que se a delação premiada trouxesse qualquer vantagem financeira, além da processual, teríamos mais “colaboradores” dispostos a falar, porém, realmente teríamos que decretar a falência da democracia brasileira.
Não é fácil como cidadão assistir a tantos escândalos e aceitar a falta de vergonha pessoal dos corruptos acostumados ao poder que ainda tem a coragem de tecer longos discursos demagógicos.
Infelizmente, a maior “zica” não vem do mosquito, mas de uma história de escândalos sem punição, que leva o brasileiro a desacreditar que possam existir políticos sinceros e realmente leais a uma ideologia maior que a do próprio umbigo. Um país que ainda vota com a barriga, quer dizer, pelo bolsa família, está fadado a alimentar o sistema que hoje predomina.
Num país onde os cargos públicos são vistos como fonte de ouro, aquele que se dispõe ao trabalho sério, com retenção de gastos e fiscalização direta do erário público, suscita mais inimigos do que imagina. A oposição das viúvas, dos excluídos do poder, parece mínima quando a retaliação vem de dentro, do fogo amigo, daqueles que veladamente aproveitam das oportunidades para destilar veneno e informações.
E as retaliações se agigantam com a força das redes sociais, onde inimigos covardes aproveitam da liberdade virtual para promover ataques pessoais, distorcidos e caluniosos. Assim, as críticas com palavras de nível e de conteúdo duvidoso dá ibope e conquistam muitas “curtidas” de quem só tem a rede social como fonte de instrução.
A repercussão dos boatos e fofoquinhas é maior que o retorno do trabalho. Por tudo isso, cada um que se dispõe a ser candidato a qualquer coisa no País precisa de uma boa bagagem de paciência e firmeza pessoal, pois apenas o trabalho árduo com bom retorno não parece ser suficiente para sair com integridade de um mandato.
Em um cenário de informações poluídas, critérios de trabalho e resultado devem ser primados pelo eleitor, para não entregar sua cidade para os politiqueiros. Qualquer candidato deve necessariamente ter propostas exequíveis que assegurem transformação e superação, diante da crise econômica. A reforma política não virá de projetos de lei de um congresso manipulado, mas do eleitor, principalmente, aquele que não aceita o Facebook como verdade absoluta, mas busca com imparcialidade as informações que precisa para formar suas próprias convicções.