Atos e Fatos
“A janela demográfica não é suficiente para fazer um país crescer. É preciso criar empregos para a população mover a economia.”
Taís de Freitas Santos, pesquisadora da ONU
Professor Márcio Meirelles
JANELA DE OPORTUNIDADE
A expressão janela de oportunidade é resultante de um estudo da ONU para classificar os países que passam por momentos de crescimento populacional propícios ao desenvolvimento econômico.
A análise é baseada na razão de dependência dos habitantes de cada país, ou seja, da população que não representa força de trabalho para a economia (as crianças de 0-15 anos e os idosos com mais de 65 anos)¬ e a população economicamente ativa (15-65 anos).
Se uma nação tem a soma do número de jovens abaixo de 15 anos e dos adultos acima de 65 anos menor do que a porção economicamente ativa (15 a 65 anos), então, há uma oportunidade demográfica de desenvolvimento econômico.
É a janela de oportunidade ou bônus demográfico.
A população economicamente ativa, no auge de sua capacidade física e intelectual produzindo e os custos da previdência, benefícios continuados, os custos com os dependentes e outros custos sociais baixos.
O país se constitui em um “país de jovens” e pode crescer por longos períodos.
Os países asiáticos limitaram o crescimento populacional, através de políticas de planejamento familiar, reduzindo a fecundidade.
A diminuição da população reduz a possibilidade de maiores investimentos em infraestrutura escolar para focar na melhoria do ensino.
O país não usou desta vantagem.
Esta oportunidade resume no fato de o país ter o seu momento de alta produção com baixo número de habitantes, consequentemente, um propício crescimento da renda por anos seguidos.
A China, Coreia, Japão utilizaram do planejamento familiar para projetar o seu crescimento, com políticas públicas de redução da natalidade.
Não há dúvida que se trata de uma política de governo, não aceitável, pelo menos nas sociedades ocidentais, mas os chineses conseguiram preparar a estrutura de sua população para o espetacular crescimento de sua economia.
No nosso país, o auge da fecundidade aconteceu na década de 50, com uma média por família de 6 filhos, que cai para menos de 2 filhos em 2020.
Por outro lado, a economia que deveria crescer para beneficiar-se da oportunidade demográfica não cresceu mais de 1%.
Entretanto, se há críticas a uma política de planejamento familiar imposta por uma ideologia ou cultura, com o respaldo de um Estado tirano, o Brasil reduziu sensivelmente a sua taxa de natalidade pelas crises financeiras, como a inflação, constantes da instabilidade da economia brasileira no período de 1960-2020.
Perdemos a trem da história!
A próxima oportunidade demográfica se abrirá em 2060!
Esta oportunidade surge apenas uma vez e deixa de existir quando as populações envelhecem e a razão de dependência acaba por voltar a subir.
A população com mais de 60 anos cresce, a longevidade aumenta em razão dos avanços da ciência, mais gente se aposenta, e vive mais, a Previdência Social volta a pesar fortemente no desequilíbrio das contas públicas.
A saída é melhorar a produtividade através da educação!
É impossível pensar em uma educação razoável para o país pelo simples fato de a sociedade não possuir massa crítica para discutir os problemas da educação dos seus filhos.
O Estado ainda continua definindo o que é melhor para a educação, sem críticas da sociedade.
Agora, investir em atividades que favoreçam a inserção de parte do contingente populacional no mercado de trabalho e, mais ainda, que garantam que essa inserção ocorra por meio da produção de bens e serviços de maior valor agregado capazes de alçar o país a um patamar superior na escala da competitividade.
O desafio futuro do país é se preparar para a próxima janela: resolver a qualidade da educação, reforma do Estado, corte de gastos, a reforma tributária, terminar a reforma trabalhista.
Nesta semana o mundo atingiu 8 bilhões de habitantes.
Os países que se preparam para este momento não terão tantos problemas como o nosso país, pois a população mundial começa a desacelerar, mas são países com políticas públicas protetivas, são ricos e se prepararam para este momento.
A demografia é uma ciência que trata das pessoas.
Para nós o que restará: um país pobre e de idosos!
