Atos e Fatos

“A qualidade essencial para a liderança não é a perfeição, mas a credibilidade.”

Rick Warren

Jair e Michelle Bolsonaro em ato realizado na Avenida Paulista no último dia 25 (Foto: Reprodução)

Márcio Meirelles

ENTRE GOLPES E DISCURSOS VAZIOS

A Avenida Paulista foi palco de mais um capítulo da polarização política brasileira no dia 25 de fevereiro.

Controvérsias à parte sobre o número de pessoas na Avenida Paulista foi um movimento popular parecido com o de 2013.

O ato patrocinado por apoiadores de Jair Bolsonaro reuniu milhares de pessoas em um misto de nostalgia, apreensão, ou de antipetismo?

O ex-presidente, em discurso contido, reconheceu o golpe de 8 de janeiro e clamou por anistia aos presos pelos atos golpistas, onde confirma o seu total conhecimento e envolvimento com o movimento golpista.

A figura de Jair Bolsonaro desafia categorizações simplistas.

Seus seguidores o exaltam como líder de direita, defensor da liberdade e da tradição.

Seus críticos o veem como um demagogo populista, um aventureiro irresponsável que flerta com o autoritarismo.

Do outro lado do espectro político, Luiz Inácio Lula da Silva também se distancia de rótulos tradicionais.

O ex-presidente, ícone da esquerda brasileira, demonstra dificuldade em discernir política interna de geopolítica, confundindo agendas e prioridades.

Interessante notar a comparação entre as falas do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e de Lula quando da sua prisão.

Há uma certa convergência na ideia de que ambos transcendem a individualidade e assumem uma dimensão simbólica.

No caso de Bolsonaro, a comparação como “representação de um movimento” – família, pátria e liberdade – pode ser interpretada por uma ideia política autoritária que destruiu uma nação.

Por um lado, pode ser vista como uma forma de destacar seu poder e influência, sugerindo que ele representa algo maior do que si mesmo, ainda, pode ser visto como uma crítica à sua personalidade messiânica e à sua postura autoritária.

Já a afirmação de Lula de se transformar em uma “ideia”, no momento de sua prisão em 2018, pode ser interpretada como uma forma de negar sua própria mortalidade e de garantir a perpetuação de seus ideais. É uma forma de se colocar como um símbolo da luta por justiça social e igualdade, transcendendo sua própria figura humana.

A polarização extrema impede o debate civilizado e coloca em risco a democracia.

A radicalização de ambos os lados impede o diálogo construtivo e a busca de soluções para os problemas do país.

Embora existam diferenças ideológicas significativas entre os dois líderes, é possível identificar algumas semelhanças em termos de sua percepção pública.

Ambos são figuras polarizadoras que despertam paixões e ódios. Ambos construíram uma imagem de si mesmos como líderes fortes e inabaláveis. E ambos, de certa forma, transcenderam a individualidade e se tornaram símbolos de seus respectivos movimentos políticos.

No entanto, é importante ressaltar que essa comparação não deve ser levada ao extremo.

As diferenças entre Bolsonaro e Lula são muitas e importantes. Bolsonaro representa a extrema-direita, com suas posições autoritárias e antidemocráticas.

Lula, por outro lado, representa a esquerda democrática, com seus ideais de justiça social e igualdade.

Repetindo: a polarização extrema impede o debate civilizado e coloca em risco a democracia.

A radicalização de ambos os lados impede o diálogo construtivo e a busca de soluções para os problemas do país.

O jurista italiano Noberto Bobbio, ao afirmar que a esquerda e a direita não morreram, alertou para a importância de manter viva a dialética entre diferentes correntes de pensamento.

No Brasil, a polarização impede essa dialética, criando um ambiente propício para o extremismo.

Pontos importantes a serem considerados: as falas de Bolsonaro e Lula foram feitas em momentos históricos em conjunturas políticas e sociais diferentes; importante analisar a intenção por trás de cada fala para entender seu significado completo; a percepção pública de Bolsonaro e Lula é complexa e individual e se tornam símbolos de seus respectivos movimentos políticos.

Bolsonaro e Lula, em suas diferentes nuances, não representam à altura os anseios da sociedade brasileira.

O país precisa de líderes capazes de dialogar, construir pontes e apresentar soluções reais para os desafios do presente.

A polarização, alimentada por ambos os lados, é um obstáculo à democracia e ao desenvolvimento do Brasil.

O legado de cada líder ainda está sendo escrito.

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