Atos e Fatos
“O ignorante afirma, o sábio dúvida, o sensato reflete”
Aristóteles
Professor Márcio Meirelles
O BRASIL DÁ UM GÁS NA ECONOMIA ARGENTINA
O presidente Lula, em sua recente visita à Argentina para participar da CELAC (Cúpula de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), defendeu a volta do aporte do BNDES, para países vizinhos, e citou o financiamento do gasoduto de Vaca Muerta na Argentina.
O gasoduto traria o gás de Neuquén, na Patagônia, até Uruguaiana no Brasil passando por Buenos Aires.
A notícia causou críticas por todo lado, imprensa, internet e palpiteiros de plantão, protestando contra o absurdo do Brasil emprestar para países vizinhos através do BNDES.
Dinheiro do povo brasileiro!
Vamos aos fatos.
Em 1990 o Brasil fez um acordo com a Argentina para a possível utilização do gás argentino para consumo da termelétrica de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, para reforçar o sistema elétrico da região na época da estiagem.
A MPE, uma empresa de engenharia brasileira, construiu a usina, em 1990, que receberia o gás da Argentina para suas turbinas.
Com as crises econômicas e financeiras do país vizinho, a construção do gasoduto foi paralisada, mesmo assim, após ter concluído metade do trajeto, de um percurso de aproximadamente 1.600 km até Uruguaiana.
A usina de Uruguaiana interrompeu as suas atividades voltando a funcionar em 2013, com interrupções, trazendo o gás importado da Europa através do Porto de Buenos Aires, com alto custo de produção.
O trajeto brasileiro é de 270 km de Uruguaiana até a usina de Garrachos (RS) onde faz a conversão e distribui para Porto Alegre e região.
Diante dos altos custos a usina começou a receber o gás da Bolívia, de uma planta da Petrobras. O governo Evo Morales a expropriou e passou a vender para o Brasil gás com preços internacionais.
O acordo Brasil e Bolívia era construirmos a planta e receber gás com preço preferencial.
Em 2020, reduziu o fornecimento em 30% para o Brasil.
Esta ação da Bolívia poderia ser contestada em tribunais internacionais, situação que o nosso país nunca procedeu para ajudar os “Hermanos”.
Voltando a usina de Uruguaiana, atualmente, pertence a uma empresa argentina que recebe o gás dos Estados Unidos, via Argentina e vende energia elétrica para a Argentina e Brasil.
De 1990 para cá, um fato auspicioso para o nosso país, a descoberta de enormes reservas de gás nas bacias de Campos e Santos que poderá em futuro próximo cancelar as compras da Bolívia que terá que enfrentar o produto brasileiro e o argentino de custo menor no mercado.
Portanto, temos a oportunidade de atender o mercado do sul do país com o gás do pré-sal e o gás argentino, com a conclusão do gasoduto de Vaca Muerta, hoje em homenagem ao ex-presidente argentino, gasoduto Presidente Kirchner.
Vamos a presença do BNDES.
O BNDES é um banco brasileiro de fomento cujo capital tem a seguinte formação: 66% vêm do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) e Tesouro Nacional e o restante diversificado entre o Fundo da Marinha Mercante; FI-FGTS, operações compromissadas; captações externas; ou emissões privadas de Letras financeiras.
É um banco lucrativo, em 2022, 34 bilhões de lucro.
O BNDES já emprestou para mais de 15 países da América do Sul, inclusive financia empresas privadas americanas que compram aviões da Embraer.
A participação do BNDES é financiar as empresas brasileiras de engenharia e as indústrias que fornecerão produtos e equipamentos na construção.
Parte da construção será financiada por uma agência americana.
Vai gerar empregos e produção no nosso país que precisa urgentemente produzir.
Dos grandes devedores ao BNDES, Cuba não está pagando (a ideia, na época, financiar a construção do porto Muriel diante da ação de Obama em suspender o embargo financeiro a Cuba que Trump interrompeu (Cuba importa muitos produtos brasileiros); Moçambique está devendo e a Venezuela tem paga as parcelas devidas.
O Paraguai deve ao nosso país 9 bilhões de reais referentes ao fornecimento de energia elétrica de Itaipu.
Quem está cobrindo este rombo é o consumidor brasileiro. Pode?
Este valor representa quase três vezes o valor do financiamento do BNDES ao gasoduto argentino.
Um convite a reflexão!