Médicos da Santa Casa de Aparecida podem paralisar por falta de pagamento

Sem receber salários há dois meses, corpo clínico pode suspender todas cirurgias eletivas na cidade

Entrada principal da Santa Casa de Aparecida, mais uma em crise na região; médicos cobram atrasos (Foto: Rafael Rodrigues)
Entrada principal da Santa Casa de Aparecida, mais uma em crise na
região; médicos cobram atrasos (Foto: Rafael Rodrigues)

Rafael Rodrigues
Aparecida

Os médicos que compõe o quadro clínico da Santa Casa de Aparecida podem paralisar todas as cirurgias eletivas na entidade. A notícia foi vinculada pelos próprios profissionais, em protesto aos dois meses de salários atrasados.

De acordo com um dos médicos, que preferiu não se identificar, os vencimentos da classe ao longo de todo ano de 2016 vem sendo depositada com atrasos, e dessa vez, a espera já passa de sessenta dias.

O administrador da Santa Casa, Frei Daniel Kurt garante que não há nenhuma informação oficial de que os médicos paralisarão as atividades. “Até então não escutamos nenhuma informação dos médicos de que eles iriam parar. Eu não posso pedir para eles trabalharem ou não, a gente acredita no livre arbítrio. Então, eles é que devem decidir, mas nós temos feito o possível com o pouco recurso que temos”.

O religioso disse ainda que uma reunião ficou agendada para noite desta última sexta-feira (encerrada após o fechamento desta edição). Kurt, porém, adiantou que o encontro foi marcado justamente para aumentar o diálogo entre as partes, para tentarem em conjunto, achar uma solução para o problema.

O administrador da entidade confirmou que realmente existe um atrasado de dois meses nos salários dos médicos, mas que o principal motivo é a falta de repasse que a entidade tem deixado de receber, em todas as esferas, desde federal, estadual e principalmente municipal.

“Esses atrasos são em vista que também nós estamos com atrasos para receber. Inclusive do Município, porque a parcela deveria ter sido paga até o dia 30, mas todos os meses ela vem com atraso”.

Os médicos se queixam também que desde novembro do ano passado não recebem um valor correspondente ao trabalho realizado durante as cirurgias, chamado de “produção”. O pagamento é feito pelo SUS (Sistema Único de Saúde), e garante principalmente uma participação do corpo clinico nas cirurgias realizadas na entidade.

Sobre os repasses atrasados, a entidade se queixa principalmente do município, que paga mensalmente o custeio do Pronto Atendimento, mas que por sempre atrasar, acaba prejudicando toda a finança do hospital. Frei Daniel Kurt explicou que quando existe o atraso no repasse para o Pronto Socorro, o hospital acaba tendo que assumir os compromissos de salários e insumos, e isso vem justamente com recursos próprios.

A administração da Santa Casa alega ainda que mesmo quando é pago, os valores sejam da Prefeitura, ou de qualquer outra esfera governamental, não é o suficiente para manter os serviços com qualidade. Em se falando de Pronto Socorro e município, os valores correspondentes ao serviço prestado giram em torno de R$ 450 mil, mas a Prefeitura repassa pouco mais de R$ 330 mil, ou seja, o déficit é de quase R$ 150 mil todo mês.

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