Guará completa 17 anos em meio à crise

Potência do interior na última década, time iniciou queda livre com mudança para Americana

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O acesso de 2012, um dos últimos momentos de comemoração na breve história do Tricolor do Vale; clube que já foi exemplo de organização, agora sofre para se manter em campo (Foto: Arquivo Atos)

Leandro Oliveira
Guaratinguetá

O Guaratinguetá completou 17 anos de fundação na última quinta-feira (1), em uma história que vai da ascensão meteórica aos atritos com investidores e sequência de rebaixamentos. Antes mesmo da “maioridade” a Garça já foi exemplo como clube-empresa e destaque nacional, mas agora enfrenta uma série de obstáculos para reviver os bons momentos da década passada.

Tudo ia bem até o fim de 2010, quando a direção da Garça negociou a mudança de sede. Desde então a equipe nunca mais voltou a ser a mesma.

Os maus resultados culminaram em três rebaixamentos em três temporadas, período em que o Tricolor passou pelas mãos de quatro proprietários, acumulou uma série de dívidas trabalhistas e passou a se apoiar em dois clubes distintos para escapar da queda para última divisão nacional.

Atravessando a pior crise de sua história, o que resta ao torcedor da Garça é recordar os momentos de glória do passado e ter fé de dias melhores no futuro.

Da mudança de sede em 2010 até os dias atuais muita coisa mudou. Exemplo de time, anos antes da mudança, fiel pagador no fim dos meses, o Guará teve sua história destruída para que um novo capítulo tivesse início. De volta à terra natal em 2012, o clube não conseguiu se manter na elite do futebol paulista. Com um elenco de nível técnico baixo, comparado aos rivais, a Garça foi rebaixada à Série A-2 e passou sufoco na Série C de 2012. Um ano depois, a equipe não aguentaria e seria rebaixada à terceira divisão nacional.

Em 2013, uma das principais mudanças. Empresário e proprietário Sony Douer e o presidente Israel Vieira deixavam o comando do clube para o retorno de Mário Augusto e a chegada de Pedro Panzelli.

Com dívidas zeradas, segundo declaração de Israel na coletiva de entrega do clube-empresa, o Guará iniciava uma série de problemas dentro e fora de campo.

Em 2014, o time se livrou do rebaixamento à Série A-3 na penúltima rodada. Sem investimento para montar um elenco forte para a Série C, Panzelli fechou parceria com o Osasco Audax, que disputou a competição utilizando o nome e uniforme do Guaratinguetá.

Se dentro de campo a sintonia começava desafinar, fora também, já que os salários do clube estavam atrasados. “Não recebia nada do Guaratinguetá. Na época, não aparecia ninguém para me explicar. Isso nunca tinha acontecido”, contou Rocha, zagueiro que disputou a A-2 pela Garça.

Além de Rocha, outros jogadores que participaram da campanha do time na Série A-2 também ficaram sem receber. Funcionários do clube que trabalhavam na parte administrativa, comissão técnica e outros que eram responsáveis pelo alojamento dos jogadores também não receberam.

Alguns continuam com processos ativos na justiça trabalhista e afirmaram que nenhum representante do Guaratinguetá comparece nas audiências. Na época, Panzelli respondeu que o assunto “só seria discutido em esfera judicial”. Depois disso, o ex-cartola nunca mais voltou ao tema .

A temporada de 2014 chegava ao fim e o time acenava com a possibilidade de um recomeço. Nenê, ídolo do clube, se aposentou e assumiu o cargo de diretor de futebol. O elenco estava sendo montado e contava com jogadores de peso na história da equipe, como Rocha e César Santiago. Porém, dias depois da apresentação, Pedro Panzelli selava um acordo com João Marcos Rodrigues, o João Telê, que chegou ao clube para ser um “colaborador”. Enquanto os torcedores se questionavam sobre a repentina mudança, Panzelli saía de cena.

Neste ano, João se dividiu nas funções de treinador e colaborador. Ele comandou o time na campanha do rebaixamento à Série A-3 e estava à frente da equipe na Série C, antes da parceria entre Garça e Atlético Paranaense. E foi a chegada do elenco do Furacão que alavancou uma arrancada do Tricolor, que conseguiu escapar do rebaixamento, sob o comando técnico de Sérgio Vieira.

Indagado sobre os problemas financeiros do Guaratinguetá, João respondeu: “As ações de reclamantes estão expostas aí. São públicas e qualquer um pode identificar. A questão é que quando assumimos (o clube), nos certificamos das certidões positivas e negativas. Tínhamos conhecimento de tudo e vamos honrar o que tem para ser honrado. Nosso prazo inicial era de que dentro de um ou dois anos, nós deixaríamos o clube sadio e zerado em relação às dívidas”.

João Telê explicou ainda que por conta da necessidade de quitar as dívidas que seguem pendentes, o clube não consegue ter um elenco competitivo e por isso vê com bons olhos a parceria feita com o Atlético Paranaense neste ano. “Quando a gente assumiu o time, dia 19 de dezembro do ano passado, a gente fez um planejamento de honrar os compromissos financeiros do clube. Por essa razão, todo o nosso sacrifício de não contratação e que as vezes culmina em sacrifício dentro de campo”, concluiu.

Nova chance – Como o time se manteve na Série C, Telê revelou que espera uma aproximação maior do torcedor em 2016. Segundo ele, “a torcida se afastou do Guará, não por conta do nosso trabalho, mas por tudo que ocorreu como mudança na cidade”.

Ele revelou que irá se reunir com a direção do Atlético Paranaense para discutir o andamento da parceria entre os clubes para a Série A-3 do ano que vem. João também disse que não existe um plano B caso o acordo seja interrompido.

A pré-temporada da Garça tem início no dia 30 de outubro. Jogadores que irão disputar a Copa São Paulo de Futebol Jr, em janeiro, iniciam os trabalhos. Segundo João, o grupo da Série A-3 já conta com 14 jovens atletas.

Um comentário em “Guará completa 17 anos em meio à crise

  • 5 de outubro de 2015 em 15:17
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    Guaratinguetá Futebol acabou em 2010.

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