Parceria garante consultas e óculos gratuitos para alunos e detentos em Potim
Projeto, que conta com participação da Prefeitura, secretaria estadual de Segurança e Igreja, atende crianças do 1º ao 9º e presos da P1
Potim
Para atender a demanda da cidade, serão dois ônibus com consultórios oftalmológicos adaptados e médicos oftalmologistas. O procedimento é dividido por três etapas: a triagem, já iniciada na última semana, as consultas médicas e a entrega dos óculos, até a próxima sexta-feira.
Segundo Karina, o projeto, inédito na cidade, surgiu após uma alta demanda de queixas de saúde visual na unidade que abriga 1.906 detentos, dos quais 84% parou de estudar no ensino fundamental. “Temos problema de falta de médico oftalmologista na rede, e tínhamos uma parceria com o Hospital de Olhos de São José até conseguíamos a consulta, mas quando eles precisavam das lentes corretivas, e não tinham dinheiro nem os familiares para comprar, eu atendia apenas meia demanda, aí comecei buscar por parceiros e conheci a ONG Renovatio, que presta esse serviço”.
Foi um ano e três meses de contatos com a ONG até a conclusão do projeto ampliado, atendendo também as crianças da cidade e não apenas os detentos.
De acordo com os dados divulgados pela ONG, a dificuldade visual é o terceiro fator responsável pela evasão escolar. “A nossa ideia de amarrar junto com o presídio é de colocar a criança dentro da escola e protegê-la para aprender a não se envolver com questões que não devem, diminuindo possivelmente os índices de criminalidade”.
A prefeita Erica Soler (PR), que investiu cerca de R$ 14 mil para auxiliar o projeto, destacou que desde 2017 a Prefeitura tem realizado parcerias com a unidade prisional. “Esta é mais uma oportunidade do município ser beneficiado com uma unidade prisional. Eles têm muito a nos oferecer, temos apenas que dialogar e aproveitar o máximo das boas parcerias”.
Já a Arquidiocese de Aparecida arcou com R$ 62,5 mil para garantir os atendimentos.
Para Karina, este é um projeto preventivo que atenderá a demanda infantil e dará mais possibilidades para os presos. “Precisamos trabalhar com a inclusão social após a conclusão da pena, mas também contribuir para a prevenção da criminalidade, por uma sociedade mais igualitária. Precisamos unir forças e entender que os problemas sociais são problemas conjuntos”.
Todos os detentos da P1 e os alunos da rede pública que forem diagnosticados com dificuldades para enxergar sairão do atendimento já com os óculos.