Universitária denuncia abuso no JUV e omissão de organizadores

Estudante carioca relatou ataque sexual durante show e descaso com ajuda no evento; organizadores negam negligência

Entrada da casa de shows Cenário, em Lorena; suposto caso de abuso teria ocorrido na última sexta-feira (Foto: Lucas Barbosa)
Entrada da casa de shows Cenário, em Lorena; suposto caso de abuso teria ocorrido na última sexta-feira (Foto: Lucas Barbosa)

Leandro Oliveira
Lorena

Um suposto caso de abuso em Lorena causou revolta na última semana. De acordo com estudantes da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro) uma universitária foi abusada durante um show dos JUV (Jogos Universitários do Vale do Paraíba), na casa de shows Cenário, na última sexta-feira.

Segundo a delegação da UFRRJ, a atleta retornava do banheiro para o show quando um homem a abordou, levantou a blusa e apertou seu seio. Os estudantes contaram que autor da agressão seria da cor parda e teria um desenho de Yin Yang (símbolo que representa o negativo e o positivo na cultura chinesa) na parte de trás da cabeça.

A estudante contou do assédio aos amigos da universidade, que procuraram por seguranças que trabalhavam na casa de shows. Eles teriam, segundo relatos dos estudantes, encontrado dificuldades em conseguir ajuda, já que uma das organizadoras, Manuela Freire, e o chefe da equipe de segurança teriam tentado impedi-los de tomarem uma atitude mais enérgica.

Ainda segundo a Atlética da UFRRJ, a Polícia Militar foi acionada e chegou ao local, mas como a segurança do evento era privada, os policiais não puderam entrar na casa de shows e retirar o acusado. Em um comunicado divulgado pela página do time de futsal masculino da universidade no Facebook, há um relato de uma possível ameaça. “O chefe de segurança levou um de nossos atletas ao encontro de um outro homem que fazia parte do grupo do agressor, na clara intenção de nos coagir e alegando que era melhor para nós que esquecêssemos o episódio”.

Os universitários foram à delegacia da mulher de Lorena registrar o boletim de ocorrência e a confusão só aumentou. Em resposta enviada ao Jornal Atos nesta quinta-feira, os estudantes contaram que o plantonista que atendia a ocorrência se apresentou usando um nome falso e fez pouco caso do abuso.

“Hoje (quinta-feira), após uma denúncia, soubemos que quem nos atendeu de plantão era um homem chamado Gilvani. Porém, quando pedimos sua identificação, o mesmo se apresentou como delegado Daniel Souza Batista. Gilvani foi leviano e descuidado com a situação, apontando à vítima sua vestimenta como causa do abuso que a mesma sofreu”.

De acordo com a nota enviada pelos universitários, o plantonista se negou a fazer um boletim de ocorrência, alegando que a vítima não tinha o nome do agressor. “Dissemos que faríamos o reconhecimento do agressor no evento, caso algum policial nos acompanhasse para garantir nossa segurança e Gilvani disse que não seria possível. Por fim, saímos da delegacia sem o mínimo de assistência em um caso de estupro”.

A universitária que relatou o abuso preferiu não ter o nome revelado. Ela disse que ficou muito abalada após o episódio e está recebendo suporte psicológico da família e dos amigos. A estudante também recebe amparo jurídico para eventual representação através de advogados e professores da UFRRJ.

Após a confusão, a delegação da universidade abandonou os Jogos e recebeu o apoio de outras delegações, como UERJ, USP, Unicamp e Fatea.

A empresa organizadora do JUV 2016, a Alpha Entretenimento foi procurada pela reportagem do Jornal Atos. Os organizadores, Raphael Motta e Manuela Freire, negaram que tenham negligenciado ajuda aos estudantes.

De acordo com Motta, “em nenhum momento a segurança e a Manuela Freire quiseram encobrir o caso. A Manuela Freire esteve ao lado dos universitários o tempo todo, depois do ocorrido”.

O organizador da festa garantiu que os próprios alunos da UFRRJ ficaram com medo de tirar o indivíduo do local e leva-lo. “Tinham medo de que sofressem retaliações no alojamento em que eles estavam, ficaram em um impasse na hora de resolver se tiravam ou não o rapaz do evento”.

Motta disse ainda que a polícia foi acionada pelo proprietário da empresa de segurança Anjos da Noite Vigilancia e Monitoramento, que prestou serviço à organização, que atenderia pelo nome de “Dorinho”.

A reportagem do Jornal Atos tentou contato com a Polícia Civil, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.

Compartilhar é se importar!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

× Como posso te ajudar?