Região mais violenta do estado, Vale registra 454 mortes em 2016
Número de vítimas é o maior em 12 anos; Potim e Lorena lideram aumento de casos
Lucas Barbosa
Regional
A secretaria de Segurança Pública do Estado divulgou, na última terça-feira, um levantamento que apontou o Vale do Paraíba como dono da mais alta taxa de homicídios do interior paulista. Os dados mostram que Potim e Lorena registraram o maior aumento porcentual de casos.
As estatísticas reveladas pelo Governo do Estado afirmam que 454 pessoas foram assassinadas na região durante o ano passado. O número representa um aumento de pouco mais de 12% comparado a 2015, que contabilizou 405 casos. O registro foi o maior em 12 anos, sendo superado apenas pelos números de 2004, quando 498 moradores da região tiveram suas vidas ceifadas pela violência.
Em 2016, foram registrados 428 homicídios dolosos (quando existe a intenção de matar), 10,3% a mais do que no ano retrasado, que teve 388 casos. Outro dado preocupante é em relação às ocorrências de latrocínio (roubo seguido de morte), já que nos últimos dois anos houve um crescimento porcentual de quase 53%, passando de 17 para 26 vítimas.
De acordo com os dados, Potim foi a cidade da região que registrou o maior aumento porcentual de casos de homicídios dolosos. A cidade contabilizou oito ocorrências no ano passado, sete a mais do que em 2015, representando um crescimento de 700%.
O caso que teve maior repercussão na cidade em 2016, ocorreu em 8 de dezembro quando um adolescente de 17 foi morto, a luz do dia, em frente ao posto de saúde do Centro. Segundos testemunhas, a vítima foi surpreendida por dois atiradores, em uma moto, que dispararam oito vezes. Na ocasião, pacientes do posto relataram que quase foram atingidos acidentalmente durante a ação criminosa. Em 2017, ainda não foram registrados homicídios em Potim.
Lorena foi o segundo município da região que teve o maior índice de aumento de assassinatos. Trinta pessoas foram mortas em 2016, enquanto no ano anterior o número chegou a somente 22, representando um crescimento de 36%. O registro de latrocínios também passou de zero para um.
E 2017 também começou violento na cidade. Antes mesmo do fim de janeiro, quatro homens foram mortos, em três homicídios dolosos e um latrocínio. De acordo com a Polícia Civil, os homicídios já foram esclarecidos e o latrocínio seguem em fase de investigação.
O crime, no Bairro da Cruz, chocou a população no último dia 20, quando um idoso de 60 anos foi vítima de um latrocínio em sua casa. De acordo com o boletim de ocorrência, o idoso e seu pai, de 87 anos, foram surpreendidos por dois criminosos que invadiram a residência por volta das 21h. Após presenciar o pai ser agredido com coronhadas, a vítima tentou reagir, mas acabou morto com um tiro no tórax. Até o fechamento desta edição, os criminosos não haviam sido presos.
O crime mais recente ocorreu na madrugada da última quarta-feira, quando um jovem de 18 anos foi morto com quatro tiros em um posto de combustíveis no Cidade Industrial. Segundo o boletim de ocorrência, a vítima roubou diversos produtos da conveniência e ameaçou os trabalhadores antes de deixar o local. Cerca de meia hora depois, o jovem retornou armado com um facão e passou a ameaçar um dos funcionários, que acabou atirando contra o assaltante.
O funcionário do posto foi preso por homicídio doloso e porte ilegal de arma de fogo.
Região – Além de Potim e Lorena, as únicas cidades da região que apresentaram aumento na taxa de homicídios entre 2015 e 2016 foram Guaratinguetá e Pindamonhangaba.
Na primeira, o comparativo apontou que no ano passado 21 moradores foram assassinados, quatro casos a mais do que em 2015, representando um crescimento de 23%. Já o número de latrocínios cai de dois para um.
Já Pindamonhangaba contabilizou um aumento de 21% em homicídios dolosos, já que em 2016 foram registrados 34 casos, enquanto no ano retrasado o número chegou a apenas 28. Um dado preocupante foi o aumento de 400% no índice de latrocínios. No ano passado, o município teve cinco vítimas quatro a mais do que em 2015.