Protestos tomam estradas durante a semana no Vale

Pontos de protestos na rodovia Presidente Dutra chegam a 14; Lorena e Pinda têm ação organizada de caminhoneiros desde segunda

Rodovia Presidente Dutra é o principal palco do protesto de caminhoneiros contra alta dos combustíveis (Foto: Francisco Assis)
Rodovia Presidente Dutra é o principal palco do protesto de caminhoneiros contra alta dos combustíveis (Foto: Francisco Assis)

Da Redação
Região

Enquanto esta edição do Jornal Atos era encerrada, o Vale do Paraíba ainda esperava uma definição quanto à crise do combustível que fechou as estradas e gerou uma série de problemas em todo País, como a falta de combustíveis, alimentos e outros materiais. Cortando toda região, a rodovia Presidente Dutra é palco das manifestações, com pontos espalhados de caminhoneiros. Na tarde desta sexta-feira, o presidente Michel Temer autorizou o uso de forças federais de segurança para liberar as vias bloqueadas.

As manifestações realizadas contra os aumentos dos preços de gasolina e diesel geraram reflexos imediatos na região. Desde o início da noite de segunda-feira, diversos postos apresentam falta de combustíveis. As consequências para os motoristas são filas quilométricas e a escassez do produto.

Em Guaratinguetá e Lorena, os principais postos ficaram zerados com os combustíveis. A maior parte deles fecharam. “Fiquei quarenta minutos na fila para conseguir abastecer, com o posto operando apenas com duas bombas. Foi o tempo de encher o tanque e sair de lá, para o posto fechar uma bomba e ficar com apenas uma trabalhando. Se a manifestação continuar, não duvido que vá faltar gasolina e diesel em todos os postos até quinta-feira”, salientou a advogada Nathália de Almeida, que percorreu os estabelecimentos em Guaratinguetá, que chegou a decretar estado de emergência (leia nesta página). A cidade registrou ainda protestos de pecuaristas no início da manhã, em frente ao posto Graal Três Garças, na Dutra.

Em Cruzeiro, manifestantes bloquearam dois pontos de acesso, o primeiro na “Terceira Ponte”, que liga a cidade e o Sul de Minas à rodovia Presidente Dutra. Um segundo, na rodovia SP-52. Eles atearam fogo em pneus na tarde desta quinta-feira.

O protesto, de acordo com a Polícia Rodoviária Estadual, foi realizado no km 216 da rodovia, próximos aos cemitérios da cidade, por cerca de trinta minutos. O Corpo de Bombeiros foi acionado para conter as chamas. Meia hora depois o trânsito na via foi liberado. A cidade registrou outras pequenas manifestações. Principais empregadoras na cidade, a Maxion Structural Components e a Maxion Whells anunciaram a paralisação de todas as atividades nos próximos dois dias. O primeiro turno da Linha de Chassis Volkswagen e a Linha de Montagem do GMI não terão expediente na segunda-feira.

Foi assim também em outros pontos, como Pindamonhangaba e Lorena, que mantinham concentração de caminhoneiros na Via Dutra. Helbert Moreira, 42 anos, trabalha há 15 como caminhoneiro. Ele disse que os caminhoneiros estão em busca do respeito que o governo não mostra com a população. “Tem que melhorar esse valor. É muito aumento, muito reajuste. Falta boa vontade do governo, porque eles não respeitam o povo”.

Caminhões parados na Via Dutra, em protesto, no trecho de Lorena (Foto: Francisco Assis)
Caminhões parados na Via Dutra, em protesto, no trecho de Lorena (Foto: Francisco Assis)

Outro caminhoneiro, Jonas dos Santos, 41 anos, veio de Três Rios (RJ) e contou que foi parado pelos companheiros de profissão, mas concorda com a ação. “Estava vindo e nem sabia. Fui obrigado a parar, mas está certo. Eu vim do Rio e lá está um absurdo. Acho que vamos conseguir o que queremos, mas tem que ter apoio”, lembrou, enquanto observava a atuação dos profissionais que abordavam os veículos que chegavam ao Km 51 da Dutra.

Sem acordo – Na sexta-feira, mesmo após o anúncio de um acordo negociado no dia anterior pelo governo federal com oito entidades dos caminhoneiros, a Via Dutra registrou aumento no número de pontos de manifestação, que começaram a semana com 3, passaram a 12 e depois para 14. Além dos caminhoneiros, segundo a CCR NovaDutra, motoristas de vans escolares ocuparam trechos da rodovia.

No acordo anunciado pelo governo Temer, representantes dos caminhoneiros teriam concordado com a suspensão de 15 dias da paralisação, em troca da redução de 10% no valor do diesel nas refinarias por trinta dias, da Petrobras. Já o governo prometeu uma previsibilidade nos preços do diesel de forma mensal até dezembro, sem mexer na política de reajustes. “Nos momentos em que o preço do diesel na refinaria cair e ficar abaixo do fixado, a Petrobras passa a ter um crédito que vai reduzindo o custo do Tesouro”, garantiu o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, em entrevista coletiva.

Sem o acerto, na tarde desta sexta-feira, Temer autorizou o uso de forças federais de segurança para liberar as estradas bloqueadas. “Quero anunciar um plano de segurança imediato para acionar as forças federais de segurança para desbloquear as estradas, e estou solicitando aos governadores que façam o mesmo. Não vamos permitir que a população fique sem os gêneros de primeira necessidade, que os hospitais fiquem sem insumos para salvar vidas e crianças fiquem sem escolas. Quem bloqueia estradas de maneira radical será responsabilizado”.

Entre as forças federais citadas pelo presidente estão Exército, Marinha, Aeronáutica, Força Nacional de Segurança e Polícia Rodoviária Federal, que já havia iniciado a abordagem aos manifestantes. Ainda, de acordo com Temer, o governo solicitou aos estados que coloquem os policiais militares na ação.

Até a noite desta sexta-feira os manifestantes continuavam na Via Dutra. Em Lorena, um grupo de pessoas foi até o local com rojões e bandeiras do Brasil.

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