Campanha pede rigor contra linha chilena

Material quatro vezes mais cortante que cerol virou inimigo número um de motociclistas

Atendimento a motociclista, em mais um caso com vítima atingida por linha chilena (Divulgação / SOS Brasil)
Atendimento a motociclista, em mais um caso com vítima atingida por linha chilena (Divulgação / SOS Brasil)

Da Redação

Região

Uma campanha nacional tenta colocar fim aos principais inimigos dos motociclistas no país, a linha chilena e o cerol. Na região, a Polícia e a ação “SOS Brasil” têm intensificado a fiscalização, que foca fabricantes e estabelecimentos que estariam vendendo o material.

O trabalho que busca reduzir o número de vítimas das linhas utilizadas para empinar pipas se espalhou pelo Brasil. Entidades e movimentos ligados a moto clubes criaram uma rede de fiscalização e denúncias contra o comércio da linha chilena.

Coordenadora da ação no estado, a lorenense Edna Cristina Souza contou que a campanha intensificou o combate há dois anos. “Fizemos uma página só da campanha, para fazer uma fiscalização mais pesada. Queremos fechar o cerco contra a linha chilena, porque o cerol já é um crime, feito do pó de vidro, mas essa linha chilena é muito mais cortante, feita de pó de ferro. Funciona como uma guilhotina”.

Com as férias de fim de ano, a preocupação aumenta, mas o grupo mantém atenção durante os 12 meses do ano. Em julho de 2015, Edna descobriu uma loja em Lorena que estava vendendo o material. “Disse aos funcionários que vender era crime e pedi para eles jogarem as linhas fora, senão chamaria a polícia. Eles tiraram do balcão, mas sei que continuam vendendo escondido”.

Ela pediu à Polícia Militar a criação de uma linha de whatssapp. “Para podermos nos comunicar e repassar as denúncias com flagrantes. O problema é que em Lorena, o atendimento do 190 cai em São José e isso atrapalha, complica”.

De acordo com a coordenadora regional do SOS Brasil, a loja tem até mesmo uma lista com os preços das linhas chilenas. Além do estabelecimento no centro da cidade, ela já identificou outras lojas, em bairros como Industrial e Vila Hepacaré. “Vender isso é como vender arma. Ela vai matar pessoas inocentes. Há caso de crianças, idosos, pessoas que não tem nada com isso e sofrem por causa do descaso e da falta de fiscalização”, destacou Edna.

Entre as ações do grupo, a conscientização de motociclistas quanto à necessidade da colocação das antenas “corta pipa”. Segundo ela, as motociclistas estão usando, mas a linha chilena é tão forte que chega a quebrar a antena. “Tem também um protetor de pescoço, mas daqui a pouco vamos sair de armadura de casa”, ironizou.

Em dezembro, ocorrências com linhas chilenas e cerol voltaram a ganhar destaque na mídia, com vítimas no Rio de Janeiro, onde uma mulher teve a cabeça decepada por uma linha de pipa.

E 2016 também começou com vítimas. No último dia 2, um homem e uma mulher ficaram feridas após serem atingidas por linha com cerol, quando passavam de moto por uma avenida em Araçatuba-SP. Ela teve cortes no pescoço, enquanto o homem ficou ferido no ombro. Eles contaram à Polícia que um grupo de crianças soltava pipa no local e ao presenciarem o acidente, fugiram, sem prestar socorro.

Na região, a fiscalização já levou a algumas apreensões. No último dia 11, em Taubaté, onde a polícia apreendeu 710 carretéis de linha chilena, que eram vendidos na garagem de uma casa no bairro Bonfim. Um homem foi detido.

A dois dias da chegada de 2016, a Polícia Civil fechou uma fábrica clandestina que produzia linha chilena. O flagrante foi realizado no bairro Alvinópolis em Atibaia, onde os policiais encontraram produtos usados para confecção da linha. Adolescentes e dois homens trabalhavam na fábrica clandestina.

Até mesmo a venda pela internet virou alvo de investigação. Os sites Mercado Livre e OLX foram notificados no último dia 30 pelo Procon Estadual pela venda on-line de “linha chilena”.

O produto, fabricado com um tipo de alumínio, tem poder de corte quatro vezes maior do que o do cerol, que também é alvo de fiscalização. Produtores e comerciantes que trabalham com o produto são indiciados em crime contra relação de consumo, por produzir material nocivo à saúde.

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