5º BIL completa 107 anos de operações e representatividade pelo Brasil e mundo
História de quase 11 décadas do Batalhão é marcada por conquistas e ações; soldados tiveram peso determinante em ação de paz no Haiti
Rafaela Lourenço
Lorena
Um dos ícones do Exército brasileiro, o 5º Batalhão de Infantaria Leve – Regimento Itororó, completa 107 anos nesta semana. Reconhecida no País e internacionalmente, a unidade participou de momentos históricos como a pacificação do Haiti, concluída este ano.
Apesar de Lorena contar desde 1902 com uma das mais antigas e tradicionais unidades do Exército Brasileiro, a data comemorativa de 15 de novembro é alusiva a 1910, quando o 5º RI (Regimento Itororó) foi realmente organizado em Ponta Grossa-PR pelo coronel Antônio Sebastião Bazilio Pyrrho, tornando-se oficialmente a data do aniversário da unidade.
A árvore genealógica do 5º BIL tem dois ramos que se originaram em locais e épocas diferentes. O primeiro gerado no Terço da Bahia, em 1631 em Salvador. Destaque para o 12º Batalhão de Caçadores, do Rio Grande do Sul que chegou em Lorena em 1902, sediado na Fazenda Amarela. O batalhão tinha a função de assegurar as obras da fábrica de pólvora, hoje a Imbel (Indústria de Material Bélico do Brasil), em Piquete, e da construção do futuro quartel do Regimento Itororó.
O segundo ramo foi o Regimento de Moura, destacando-se o 9º Batalhão de Caçadores do Rio de Janeiro, transferido para Lorena em 1923, unindo com o Terço da Bahia, já originado o 5º RI.
Mas apenas em 1964 foi denominado o Regimento Itororó. Em 1973 se tornou o 5º BI (Batalhão de Infantaria) e em 1993 denominado o 5º Batalhão de Infantaria Leve – Berço da Infantaria Aeromóvel. Após quatro anos o batalhão foi designado como Força de Ação Rápida e Estratégica, o que tornou apto a cumprir qualquer missão, a qualquer hora e parte do território nacional.
Entre as operações de combate que participou, em destaque as mais recentes como a pacificação do Haiti (2004- 2017), Copa do Mundo (2014), Operação São Francisco, a Força Pacificação da Maré no Rio de Janeiro (2014) e os Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio (2016).
De acordo com o subcomandante major Ramos Duarte, desde que iniciaram as missões de paz no Haiti, homens do 5º BIL participaram das atividades, sendo enviada uma tropa a cada dois anos, de 2004 a 2017, com aproximadamente 150 soldados.
Os trabalhos iniciais tinham o objetivo desarmar e neutralizar a criminalidade que desestabilizava o país.
Já por volta de 2010, o foco era criar uma infraestrutura no Haiti com as tropas de engenharia. Arrumaram aeroporto, asfaltaram, fizeram toda a parte de infraestrutura. Na última década, basicamente, foi preparando para devolver ao povo haitiano o controle de suas ações, tudo com o amparo da ONU, mesmo ano que o Haiti foi atingido por um terremoto que matou 200 mil e feriu 300 mil pessoas. Entre os mortos, 17 eram soldados brasileiros, sendo 10 do 5º BIL.
Após sete anos de muito trabalho reconstruindo o país, a última tropa retornou ao Brasil em outubro, depois quatro meses de trabalhos. Hoje, o Haiti está pacificado. Pacificar é fazer com que as instituições funcionem. A polícia está funcionando, a justiça está funcionando, o governo está trabalhando. Missão cumprida, comentou o major Portela, que compôs a última tropa.
Já a participação do 5º BIL no complexo da Maré, também de pacificação, em 2014, contou com aproximadamente 300 homens, durou 3 meses e compôs a 4º fase da operação. Foi esta a última operação de combate do batalhão.
Ainda em 2014 os soldados auxiliaram a segurança dos jogos realizados em São Paulo, durante a Copa do Mundo. Nesta operação foram enviados 338 homens, todos em alerta para casos de terrorismo ou movimentações de evacuar a Arena Corinthians.
Já em 2016, a operação no Rio de Janeiro durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos ficaram responsáveis pela segurança do Parque Olímpico da Barra da Tijuca, também com aproximadamente trezentos homens.
Atualmente o batalhão tem um contingente de 776 soldados e é dividido por 1ª Cia Fuz L – Vanguardeira, 2ª Cia Fuz L – Treme Terra, 3ª Cia Fuz L – Arranca Toco, Companhia de Comando e Apoio, Base Administrativa e Estado Maior. O batalhão é uma força estratégica e está pronto todos os dias para sair em missão, frisou o subcomandante.
Apesar das ações conjuntas entre Exército e Prefeitura, como as de combate à dengue, a percepção é de que a parceria para a implantação de projetos em conjuntos poderia trazer outros frutos. Aqui é trabalho em equipe, mas ainda pecamos na informação, porque muitos conhecem o batalhão, mas em Lorena mesmo poucos sabem o que acontece aqui dentro, que temos uma biblioteca, um museu. Teria de fazer uma relação pública mais efetiva, salientou o capitão Leonardo.
Em 2017, apenas duas escolas visitaram o batalhão, o que anteriormente eram realizadas com frequência.