CPI das Santas Casas quer varredura contábil no hospitais da região

Comissão recebe diretorias e prefeituras para investigar dificuldades administrativas e econômicas

Francisco Assis
Região

A Santa Casa de Guaratinguetá será sede nesta segunda-feira (21) de um dos dois encontros no Vale do Paraíba da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que tenta desvendar os motivos que levaram os hospitais a profunda crise financeira. A comissão formada na Assembleia Legislativa já ouviu autoridades do setor e deve encontrar um abismo no atendimento ainda maior na região.

A CPI das Santas Casas, instaurada em agosto, investiga as dificuldades administrativas das unidades em todo Estado. Em suas primeiras reuniões, ela ouviu do presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de São Paulo (Fehosp), Edson Rogatti, um parecer alarmante, de que a dívida atual entre todas as santas casas já ultrapassou a casa dos R$ 21,5 bilhões.

Na região, onde as entidades buscam apoio há anos contra a crise, a CPI vai passar pela primeira vez, com duas sessões; a primeira em São José dos Campos, na Santa Casa local, às 10h. Quatro horas depois é a vez da Santa Casa de Guaratinguetá receber os deputados que formam a comissão, e membros técnicos, para colher informações dos hospitais de Taubaté até o Vale Histórico.

Durante as sessões, serão ouvidos diretores e provedores dos hospitais, prefeitos, vereadores e secretários de Saúde. Pacientes e familiares também devem ser ouvidos. “É uma oportunidade para que todos possam se manifestar sobre a questão, e para que os demais deputados, membros da CPI, tenham conhecimento da nossa realidade”, explicou o deputado estadual Padre Afonso Lobato (PV), membro da CPI.

No Vale não são poucos os exemplos de santas casas que definham em meio à crise. Casos alarmantes como o de Cachoeira Paulista, Cruzeiro, que acumula dívida de R$ 20 milhões, greves e falta de medicamentos, e Aparecida, que não recebe verba da Prefeitura e já não consegue manter o ritmo de atendimento na cidade de 35 mil habitantes, que tem uma demanda aumentada a cada fim de semana, quando recebe em média 200 mil visitantes.

Trabalhos – A comissão investiga denúncias de má gestão dos recursos destinados ao atendimento na saúde pública no Estado. As condições de atendimento não são o único foco da CPI.

A ideia é buscar inquéritos abertos sobre documentações, repasses dos governos estadual e federal, além das prefeituras.

Abertos em agosto, os trabalhos dos deputados já ouviram figuras ligadas à administração dos hospitais. Entre as diretorias ouvidas nas primeiras sessões, as santas casas de Aparecida e de Guaratinguetá tiveram oportunidade de mostrar a situação que enfrentam diariamente.

A informação do acúmulo de R$ 21,5 bilhões em dívidas dos hospitais foi levada por Rogatti à comissão no último dia 3. Na oportunidade, ele destacou que 56% das internações do SUS são feitas pelas santas casas e hospitais filantrópicos, sendo que muitos já fecharam suas portas, enquanto outros estão sendo custeados pelas prefeituras, além de inúmeros que nem conseguem pagar em dia seus funcionários.

“Quando a estrutura pública não cumpre a sua parte, as santas casas e hospitais filantrópicos estão lá para cumprir essa função. Essa rede garante a viabilidade do SUS”, frisou Rogatti, que lembrou de uma das reivindicações do setor, de que o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Social) mantenha uma linha de crédito subsidiada para socorrer os hospitais e santas casas, que seriam utilizados no pagamento de dívidas e para investimentos em infraestrutura.

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