Mortes colocam em xeque segurança na linha férrea

MRS destaca imprudência como maior causador de acidentes na região; Lorena quer retirar guardas da ferrovia

Trecho da malha ferroviária que corta a cidade de Pindamonhangaba, onde mais um incidente fez vítima fatal na última quarta-feira (Arquivo Atos)
Trecho da malha ferroviária que corta a cidade de Pindamonhangaba, onde mais um incidente fez vítima fatal na última quarta-feira (Arquivo Atos)

Da Redação
Lorena

O registro de três ocorrências com mortes ligadas à estrada de ferro que corta a região colocou em pauta a responsabilidade pela segurança no sistema. Em Lorena, a Prefeitura tenta reverter na Justiça a determinação que coloca os guardas municipais na vigilância das passagens de nível na cidade.
O primeiro acidente aconteceu na manhã do último domingo, quando um homem teria se deitado na linha do trem. Testemunhas disseram que ele teria tentado se levantar, mas acabou atingido. “O que soubemos no local foi que o rapaz tentou suicídio, mas depois parece que desistiu. Infelizmente não teve tempo de se livrar do choque e acabou atingido”, contou o secretário de Segurança Pública de Lorena, Elton Luiz Ribeiro, o Capitão Elton.
O rapaz foi levado para o hospital de Lorena, mas não resistiu aos ferimentos.
A segunda morte aconteceu na segunda-feira, quando uma jovem de 19 anos foi atropelada por um trem na passagem de pedestres, entre os bairros Aroeira e Vila Mariana, próxima à avenida Padroeira do Brasil, em Aparecida. Socorrida pela equipe do Samu, ela sofreu politraumatismo e morreu na Santa Casa da cidade.
Testemunhas contaram à polícia que a jovem falava ao celular e não percebeu a aproximação do trem.
Já na quarta-feira, um homem de 39 anos foi encontrado morto, próximo à linha férrea no bairro Vila Rica, em Pindamonhangaba. A suspeita da Polícia Civil, era de que ele havia sido atropelado pelo trem, já que a vítima não tinha sinais de violência.
O homem morava no bairro Mombaça. A família chegou a dizer em depoimento, que ele era usuário de álcool e drogas.
As mortes estamparam a necessidade de maior fiscalização nas áreas próximas a ferrovia, administrada pela MRS Logística.
Criada em 1996, a MRS administra uma malha de 1.643 quilômetros nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. A malha é responsável pelo transporte de cerca de um terço de toda a produção nacional.
A companhia garantiu que a principal causa dos atropelamentos e abalroamentos na ferrovia é a imprudência diária. “Recentemente, publicamos uma matéria em nosso site mostrando que, em 2015, por exemplo, 79% dos casos foram causados pela imprudência de pedestres e motoristas, 14% suicídio, 5% uso de álcool e drogas e 2% relativos a dois casos de encontro de cadáver na ferrovia”, destacou a empresa, em nota encaminhada à redação.
A MRS lembrou que atitudes corriqueiras como a de tentar se antecipar, a pé ou com veículo, à passagem do trem, não parar nas travessias, utilizar celulares e fones de ouvido, e transitar em locais da ferrovia sob efeito de álcool e/ou drogas, são cada vez mais frequentes nos registros de ocorrências.
Sobre as ocorrências da semana, a empresa lembrou que a causa da ocorrência em Pindamonhangaba ainda está sendo apurada pela Polícia, enquanto os casos de Lorena e Aparecida foram causados por imprudência. “Em Lorena, nosso maquinista avistou uma pessoa deitada sobre a linha férrea em trecho corrido (onde não é permitido o trânsito de pedestres). Todas as medidas de segurança também foram tomadas”.
Já sobre a morte da jovem em Aparecida, a MRS destacou que “todos os procedimentos de segurança do trem vinham sendo observados (velocidade compatível com o trecho, luzes de sinalização, acionamento de buzina e sino). Quando o maquinista avistou a pedestre atravessando a linha, foi feito uso incessante da buzina. Os agentes de segurança presentes tentaram alertá-la, mas o impacto não pode ser evitado, pois a pedestre não esboçou qualquer reação”.
Judicial – Em Aparecida e Lorena, a segurança nas passagens de linha é feita pela Guarda Municipal. A situação foi questionada pela Prefeitura de Lorena, que tenta reverter a situação na Justiça.
De acordo com o secretário de Segurança, a cidade não pode mais realizar o serviço, realizado atualmente por 12 guardas municipais que se revezam nas quatro passagens de linha da cidade. “Tudo isso deve ser feito pela MRS. A Prefeitura está com essa ação para retirar os guardas das passagens, porque esse é um trabalho da empresa. Foi um erro no contrato, feito na administração anterior, quando o Município assumiu essa responsabilidade para poder tirar a antiga passarela e abrir a passagem de nível do Correio”.

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