Marcondes aguarda liberação da Câmara para investir R$ 10 milhões na infraestrutura

Projeto segue em análise dos vereadores em regime de urgência, com parte técnica e estratégia de pagamento definidas; pavimentação, iluminação pública e drenagens estão entre as obras

O prefeito Fábio Marcondes, que espera por votação sobre pedido de liberação de empréstimo com a Caixa (Foto: Jéssica Dias)
O prefeito Fábio Marcondes, que espera por votação sobre pedido de liberação de empréstimo com a Caixa (Foto: Jéssica Dias)

Rafaela Lourenço
Lorena

A Prefeitura de Lorena aguarda a aprovação da Câmara para firmar um empréstimo de R$ 10 milhões com a Caixa Econômica Federal para obras de infraestrutura. Após críticas de vereadores da oposição, o prefeito Fábio Marcondes (sem partido) negou irresponsabilidade sobre a proposta e repudia politicagem em discussão sobre o projeto. O chefe do Executivo destacou que o pagamento não chega a 1% do orçamento municipal no ano.

Após investir cerca de R$ 12 milhões em drenagens, Marcondes protocolou na última terça-feira, em pedido de regime de urgência, a proposta de empréstimo através da linha de crédito Finisa (Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento) no valor de R$ 10 milhões.

Segundo ele, além de ter dois anos de carência, o procedimento é viável pelo pagamento de menos de 1% do orçamento ao ano. “É razoavelmente barata (linha de crédito), porque todo empréstimo não é barato, mas é 150 do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), que dá uma média de 11% ao ano. Vamos pagar na faixa de nem 1% do orçamento, os juros anualmente”, destacou.

O projeto contemplará drenagem de vias na Vila Passos (R$ 1,461 milhão); contenção de margens do Rio Mandi, na avenida Carlindo dos Santos, na Vila Geny (R$ 479.946); ponte no Rio Mandi entre os bairros Vila Geny e Santa Edwiges (R$ 376 mil); drenagem na avenida Papa João XXIII (R$ 294.576); gabião nas margens esquerda e direita no Olaria do Simão (R$ 507.530); recapeamento asfáltico, ciclovia e troca de iluminação da avenida Dr. Peixoto de Castro (R$ 3.920.800), parques infantis para outros bairros (R$ 377.928); reconstrução de pavimentação rua 24 de Abril (R$ 105.537); gabião, recuperação e reconstrução da margem esquerda do rio Taboão, no conjunto habitacional Otto Ude (R$ 396,3 mil); drenagem na rua Pedro Américo, no Aterrado (R$ 480 mil); pavimentação em bloquetes e drenagem na “Comunidade Pé Preto”, no Parque das Rodovias (R$ 280 mil); construção de uma praça na Vila Vicentina, no Parque das Rodovias (R$542.750) e drenagem em parte da Nova Lorena e Vila Nunes (R$ 677.601).

Outras cidades da região, como Potim e Guaratinguetá, realizaram o mesmo empréstimo neste ano, R$ 6,5 milhões e R$ 10 milhões respectivamente. Nos dois municípios, a destinação será apenas a pavimentação. No caso de Guará, o investimento junto à Caixa soma R$ 27 milhões.

Um dos casos citados por Marcondes que reforçam a necessidade do investimento, é o da rua MMDC, na Vila Passos. Segundo ele, em período de fortes chuvas, a água chega a subir um metro dentro das residências, como a casa do senhor Jaime, sapateiro que tem um filho portador de necessidades especiais (paralisia total). Marcondes revelou que quando chove, é necessário erguer a cama do garoto para que a água não chegue até ele. “Esse senhor tem que esperar o próximo mandato para fazer essa obra, ou ela não é necessária? Ele não está preocupado com a eleição, esse senhor quer a solução, ele paga imposto, tem direito e merece”, frisou o chefe do Executivo temendo uma retaliação da oposição na Câmara.

Como os projetos estão prontos, a expectativa da Prefeitura é que a Câmara aprove a proposta para que até dezembro as obras possam ser iniciadas e entregues no próximo ano. “No cronograma, temos que aprovar isso nas próximas duas ou três semanas para levar sessenta dias para assinar os contratos e começar o desembolso para a Caixa fazer as licitações”.

No Legislativo – O assunto foi colocado em pauta pelo presidente da Câmara, Maurinho Fradique (PTB), nas redes sociais, como um endividamento para a próxima gestão com “uma conta milionária”, relacionando o empréstimo à venda dos 15 lotes aprovados.

Fábio Marcondes, além de achar “infeliz” a postagem do parlamentar, explicou que projeto tem total envolvimento aos imóveis que serão leiloados, pois a proposta especifica que todo o dinheiro arrecadado com os leilões deverá ser depositado em fundo para quitação do empréstimo.

Segundo o prefeito, o leilão dos imóveis, aprovado pelos vereadores, seria revertido para essas obras, mas o tempo para concluir as vendas o preocupa. “Com o País estagnado, uma recessão monstruosa, o poder aquisitivo muito baixo, vamos por 15 imóveis em leilão, mas não vejo perspectiva da liquidez. Acredito que não se venderá tão fácil assim”.

Marcondes acredita que há uma ação política para não liberarem o financiamento. “Não vou deixar herança para ninguém. Acredito que em 16 meses eu consiga vender. Esse dinheiro vai ficar guardado, os dois primeiros anos que têm juros de carência, já tira desse dinheiro. Então, estou pedindo a antecipação desse empréstimo”.

Confronto – Principal adversário de Marcondes na eleição que garantiu o segundo mandato do prefeito, o professor Sylvio Ballerini (PSDB) é apontado como mentor da proposta que tenta impedir o avanço do empréstimo junto à Caixa. “Afirmo e tenho testemunhas. Na reunião do dia 21 de agosto, na casa do pré-candidato Sylvio Ballerini, para apresentar o PSDB como agora o novo partido, estavam cinco vereadores lá, e uma das pautas era justamente para não liberarem o empréstimo para o Fabinho. Mas o empréstimo não é pra mim, é para a Prefeitura. Então, tem uma conotação com a próxima eleição o impedimento de receber esse dinheiro”, frisou Marcondes, que garantiu que espera melhor discurso do tucano. “Eu não estou desrespeitando o professor Sylvio Ballerini, estou dizendo os fatos. O senhor tem que ter uma postura política desenvolvimentista, respeitosa com quem lhe venceu a eleição com a população da cidade”.

Ainda sobre Ballerini, o prefeito revelou que vem manobrando sua segunda administração, desde a interferência para a presidência da Câmara (Waldemilson da Silva, o Tão – PR). “Esse pré-candidato está muito irresponsável, a conduta política dele é negativa ao progresso da cidade, a atenção a população com um gesto desse de uma manobra”.

Obra em Lorena para drenagem; investimento em estrutura pluvial é aposta para amenizar problemas (Foto: Arquivo Atos)
Obra em Lorena para drenagem; investimento em estrutura pluvial é aposta para amenizar problemas (Foto: Arquivo Atos)

O chefe do Executivo destacou que não tem candidato para 2020, mas que está à disposição para debaterem, ao vivo, no Atos no Rádio, os projetos para Lorena. “Para trocarmos ideias, debates do futuro, com o seu projeto para a cidade, se o senhor (Sylvinho) achar que estou mentindo, fico à sua disposição para lhe provar que não estou mentindo”.

Ballerini – Citado pelo prefeito, o prefeiturável tucano foi procurado pela reportagem do Jornal Atos. Ele negou participação no debate sobre o empréstimo. “Isso não é verdade. Nunca participei de manobra nenhuma junto à Câmara. A maior bancada da Casa foi eleita através de meu ex-partido PTB, e isso passa longe de ser algo conspiratório. Além disso, uma rápida pesquisa nos arquivos da Câmara, você (reportagem) poderá ver que os projetos do prefeito foram em sua maioria aprovados pelos vereadores, inclusive suas contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas”.

Sobre o apontamento de manobra na eleição de Tão, que teria sido comandada por Ballerini, o professor garantiu que se manteve distante do debate. “O que houve na verdade foi uma composição dos vereadores ditos de oposição com o vereador Tão, eleito pela coligação do prefeito. Mais uma vez a maior bancada da Câmara, o PTB, achou por bem declinar seu apoio ao vereador Tão, lembrando que o vereador Cleber Maravilha do PRB, eleito em meu palanque, votou no vereador Beto Pereira (DEM), candidato a presidente apoiado pelo prefeito. Inclusive, em 2012, o vereador Beto Pereira esteve na minha sala na prefeitura da EEL/USP e pediu para falar com os vereadores que eram do nosso partido à época, e disse a ele que poderia falar com eles, ou seja, algo natural das casas legislativas, longe de ser mais uma vez algo conspiratório contra o prefeito”.

A acusação de que o prefeiturável sediou uma reunião com vereadores para acertar a oposição ao empréstimo também foi rechaçada por Ballerini. “O encontro citado pelo prefeito realmente existiu, mas o projeto em questão não esteve em pauta. Fui questionado sobre o assunto e dei a minha opinião, de que acho temerário um gestor deixar dívidas para o sucessor, mas foi uma opinião meramente especulativa, longe de ações conspiratórias que parecem ser afeitas por parte do prefeito”.

O pedido de Marcondes para debater com o adversário político as necessidades de Lorena, não foi aceito. O professor garantiu que “cabe acontecer no momento oportuno, e que a lei eleitoral assim o permite. No tempo adequado estarei pronto para debater com o eventuais pré-candidatos para debatermos (sic) os destinos de Lorena”.

 

 

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