Mães de crianças com TEA questionam falta de mediadores nas escolas de Lorena
Prefeitura alega aumento na demanda e garante que contratação de novos profissionais está em andamento; 48 professores atendem cerca de duzentos alunos
Andréa Moroni
Lorena
O início da vida escolar pode ser uma experiência complicada para crianças que possuem condições que, sem assistência, podem significar dificuldades com o aprendizado, como é o caso dos estudantes com TEA (Transtorno do Espectro Autista). A falta de um mediador nas salas de aula para acompanhar essas crianças, na rede pública de Lorena, tem deixado os pais sem saber a quem recorrer.
Mediador ou tutor é o profissional que tem por função acompanhar estudantes com transtornos como o autismo na sua escolarização. A lei federal 12.764, conhecida como Lei Berenice Piana, destaca que “… em casos de comprovada necessidade, a pessoa com transtorno do espectro autista […] terá direito a acompanhante especializado”.
Lucina Silva é mãe do Samuel, que tem 3 anos e 7 meses e está matriculado na escola municipal Paulo Pereira dos Reis, no bairro Industrial. Ela contou que, ao fazer a matrícula, em dezembro, não tinha laudo em mãos, mas perguntou se o menino teria uma mediadora pelo fato de o filho não falar e usar fralda. “Me disseram que não. Peguei o laudo no dia 23 de dezembro com o médico e levei na escola quando voltaram do recesso. No primeiro dia de aula, quando deixei ele na sala, perguntei para a professora se teria a medidora. Ela me respondeu que só tinha a auxiliar de classe”.
Sonia Maria dos Santos de Oliveira, mãe do Pedro, que está no terceiro ano na escola Vovó Fiúta, reclamou que a unidade tem pelo menos 12 crianças com laudo de autismo e somente uma mediadora, no período da tarde. “Antes tinha duas mediadoras, mas uma saiu e agora apenas para cuidar dessas crianças”.
Prefeitura – A supervisora de Educação Especial da Prefeitura de Lorena, Tatiana Carneiro Rehm Campos, informou que todos os alunos da rede, que possuem laudos, são atendidos por professores auxiliares. “O que acontece é que algumas famílias acreditam que esse mediador deve ser exclusivo para o filho, quando a Lei Berenice Piana prevê que o mediador pode atender até seis alunos”.
Tatiana explicou que a rede municipal tem vários casos de alunos com deficiência que precisam de cuidados específicos. “Uns requerem cuidados mais próximos e outros têm mais autonomia. Por isso, na distribuição dos horários alguns alunos têm mais tempo com o mediador e outros menos”.
Atualmente são 48 professores mediadores e cerca de duzentos alunos com deficiência, segundo a secretaria de Educação. “Tivemos duas exonerações de professores no início do ano e vamos contratar novos mediadores. Mas, como não temos nenhum concurso público vigente e o processo seletivo simplificado está na fase final, temos que aguardar a chegada desses profissionais”, informou a supervisora.
Segundo a supervisora, a secretaria tem registrado um aumento no número de crianças com laudos de deficiência nesse início do ano. “No final de janeiro, já tínhamos feito uma redistribuição desses mediadores com base na nossa demanda. Mas nos últimos 15 dias, temos recebido muitos laudos. Estamos fazendo uma nova análise para verificar o que a gente já consegue resolver de imediato e o que vai precisar aguardar a contratação dos novos mediadores”.