Fábio Marcondes se reúne com famílias do Novo Horizonte para discutir aterro
Queimadas recolocaram futuro de espaço em discussão em Lorena; Prefeitura promete PPP e rigor
Rafaela Lourenço
Lorena
Um antigo problema do Novo Horizonte voltou a ser motivo de reclamações em Lorena, os incêndios no Aterro de Inertes. Parte dos moradores protestaram na Câmara reivindicando o fechamento do espaço, chamado por eles de “Lixão”. A Prefeitura se reuniu com a comunidade e prometeu melhorias gradativas no local.
Após dois incêndios no aterro na mesma semana, um grupo de moradores foi até a Câmara protestar durante a última sessão com cartazes e gritos pelo fechamento do espaço na área acima do bairro.
Representando o Novo Horizonte, a empregada doméstica Maria Auxiliadora Antônia, a Dona Vera, de 66 anos, que mora no bairro há 35 anos, usou a tribuna livre para expor a situação do bairro que, segundo ela, há muito tempo sofre com os recorrentes incêndios e a grande quantidade de fumaça e odor que se espalha pelas ruas. “Quero apenas uma solução para aquele fogo, resíduo, sei lá o que que está acontecendo, que foi a semana inteira. Fogo de manhã, de tarde e de noite, Corpo de Bombeiro vai, caminhãozinho joga água, ai uma hora depois começa tudo de novo”, protestou.
Na mesma sessão foram aprovados dois requerimentos por unanimidade, um de autoria do vereador Maurinho Fradique (PTB), que pede informações ao Executivo sobre o Aterro e outro de Élcio Vieira Junior, o Elcinho (PV), solicitando a presença do secretário de Meio Ambiente, Willinilton Portugal, na Câmara para esclarecer dúvidas sobre o mesmo tema.
Em resposta ao pedido dos moradores, o prefeito Fábio Marcondes (sem partido) e o secretário se reuniram com a comunidade do Novo Horizonte, na noite da última sexta-feira, no galpão da igreja Nossa Senhora Aparecida. O encontro contou também com os vereadores Bruno Camargo (MDB), Cleber Maravilha (PRB), Samuel de Melo (PTB), Washington da Saúde (PPS), Marquinhos da Colchoaria Ramos (PSDB), Careca da Locadora (PV), Fabio Matos (PCdoB) e Beto Pereira (DEM).
Com um clima quente entre reivindicações e esclarecimentos, a Prefeitura ouviu os moradores, que alegam não serem os responsáveis pelo fogo no aterro, e que há falta de fiscalização por parte da Prefeitura. Entre os pedidos de solução para a fumaça e o mau cheiro se sobressai o de fechamento do espaço.
Portugal explicou que o local não é um lixão e sim um Aterro de Inertes, que funciona com uma licença da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo). Frisou ainda que não há riscos de desmoronamento ou explosões, pois não há geração de gás como um aterro que tem queimadores de gases e chorume, material que vai para o lençol freático. “É só ver o que a máquina está cavoucando (sic). Veja se é o tal do lixo que vocês (moradores) estão acusando. Nunca falei que foi morador do bairro que tacou fogo no aterro, mas sim que tacaram fogo, pois material de inertes só pega fogo se atearem”.
O prefeito explicou que uma das soluções para os problemas existentes é a PPP (Participação Pública Privada) aprovada na Câmara e que segue em processo de criação do termo de referência para abertura da licitação, no valor de R$ 900 mil.
De imediato, mais fiscalização por parte da Prefeitura com as caçambas, maior segregação dos materiais que as empresas destinam para o espaço, e o reforço da Guarda Civil Municipal, que atuará fortemente no bairro. “Contratamos por R$ 70 mil a FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), um instituto de dentro da USP, que analisou e corrigiu o projeto apresentado, e está no parecer final. Acabou o parecer, é coisa de dois meses no máximo, sai a licitação”.
De acordo com Portugal, a empresa vencedora da licitação será responsável por mais de 12 serviços descritos no projeto aprovado pelos vereadores, como educação ambiental, coleta seletiva, transporte de resíduos para a Vale Soluções (empresa de Cachoeira Paulista que recebe o resíduo de Lorena), poda de árvores, compostagem, limpeza pública e a gestão completa do aterro. “Está numa fase inicial de R$900 mil por mês. Nós já gastamos em torno de quase seiscentos só nos lixos, então a tendência é aumentar um pouco em relação aos serviços. Vai haver um colegiado formado pela Prefeitura para acompanhar os trabalhos da empresa que ganhar”.
O chefe do Executivo reforçou que o Ministério Público está acompanhando todos os trâmites, e que a Cetesb não seria conivente com algo irregular. “O projeto está pronto, a sede da empresa vai ser aqui (no aterro), nas ordens da Cetesb. Eu tenho 15 meses, e a certeza que no final do meu mandato 40% disso vai estar resolvido”.
Segundo o secretário de Meio Ambiente, a cidade produz atualmente cerca de 51 mil quilos de lixo por dia, aproximadamente 1,5 milhão quilos ao mês. “Se tivesse vindo pra cá, o bairro de vocês já tinha sumido. Há fragilidades? Há. Há erros? Sim, e é através disso que estamos conversando”, reforçou a explicação de que o espaço não é um lixão conforme citado pelos moradores.
Para o controlador de pragas Mateus Bertiotti, de 33 anos, que mora no bairro há cinco, a Prefeitura deveria divulgar melhor os trabalhos que são realizados para que haja uma maior conscientização e participação dos moradores do bairro. “Entendo que está acontecendo algo, cheguei aqui não tinha asfalto, iluminação na rua da minha casa e hoje tem, então temos também que reconhecer o que está sendo feito, mas é preciso ter esse marketing”.
Por determinação da Cetesb, a pasta do Meio Ambiente investiu R$ 40 mil em quatro poços no aterro, na última semana, para verificar se o chão, o lençol freático e a terra estão contaminados.
O resultado chegará em trinta dias. Já a licitação para a PPP deve ser aberta em no máximo dois meses.
Nesta segunda-feira, o prefeito Fabio Marcondes e os secretários de Meio Ambiente, Serviços Gerais e Segurança Pública, Willinilton Portugal, Nelson Bittencourt e Major Lescura, respectivamente, voltaram ao bairro para visitar o aterro de inertes. Além de representantes do bairro, a visita ao aterro contou com a presença de apenas um vereador, Cleber Maravilha.