Estudantes de arquitetura e urbanismo da Unifatea constroem casa para família carente
Projeto tem participação de alunos de administração para auxiliar na melhoria do dia a dia de atendidos
Marcelo dos Santos
Lorena
Alunos de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Teresa D’Ávila estão realizando um projeto chamado Casa Real, que construirá uma casa para uma família carente de Lorena. A proposta une atividades da área com a possibilidade de realizar o sonho de um novo lar.
Em janeiro deste ano, com o auxílio da assistência social da Prefeitura, foram analisadas as condições de famílias da cidade que viviam em más condições.
A casa escolhida foi a da Maria Aparecida, de 52 anos. Divorciada e mãe de quatro filhos (2 mulheres e 2 homens), ela mora no bairro Vila Passos, em um local que possui apenas três cômodos: um quarto, uma cozinha e um banheiro. “Sou catadora de reciclagem e minha renda é R$ 190. Ganho um auxílio de R$ 200 da minha mãe, para que possa pagar o acordo que fiz com EDP Bandeirantes”, contou Dona Cida, como é chamada carinhosamente.
Ela revelou que faz uma refeição por dia e que a sobra do almoço é repartida à noite. Em casa, carne é um alimento raro, e a família normalmente come arroz e legumes que recebe em doação. Todos dividem o mesmo quarto, que não possui cama para todos, então acaba acontecendo que algum deles tenham de dormir na cozinha, que não possui pia. Do lado de fora existe um tanque, utilizado para limpeza. Já o banheiro possui chuveiro e vaso sanitário, sem descarga. A estrutura não se encontra em boas condições. O telhado possui buracos, e em dias de chuva goteiras tomam contam do ambiente. Além disso os ventos fortes em contato com as paredes da casa chegam a balançar.
Em 2010, Dona Cida ficou com a sua saúde debilitada devido a uma tuberculose. Chegou a ser operada para retirada de uma metástase que havia se formado em seu pulmão. “Na época, eu trabalhava com carteira assinada e fui atrás da minha patroa para que pudesse ficar “encostada”. Ela me disse que eu havia abandonado o serviço… Meu pai me disse para não processar ela, pois futuramente não conseguiria emprego”.
Em prática – No ano passado, a coordenação do curso de Arquitetura e Urbanismo decidiu mudar a forma da escolha dos espaços que irão receber o projeto. Foi decidido que ação aconteceria anualmente, realizada pelos alunos do quarto ano com o objetivo de dar moradia digna às pessoas de baixa renda.
A construção da casa de Cida está avaliada em R$ 35.450, com arrecadação feita através de financiamento coletivo. As colaboração pode ser feita pelo link vakinha.com.br/vaquinha/casa-real-uma-nova-casa-para-dona-cida.
Além das quantias em dinheiro, o grupo também está aceitando a doação de materiais de construção em geral. Os interessados em contribuir podem entrar em contato através do telefone (12) 2124-2813.
Participante do Casa Real, o aluno Manoel Bahia acredita que o projeto está sendo “um crescimento tanto profissional como pessoal em sua vida”. “É muito gratificante estar fazendo parte de um sonho de uma pessoa que tanto precisa”.
Além dos futuros arquitetos, os estudantes do curso de Administração do Unifatea estão ajudando na “Adm auxiliar” (planejamento de atividades do curso), gerenciando a arrecadação e trabalhando na melhoria da gestão dos recursos da família, uma vez que a única fonte de renda é através da coleta de reciclagem feita pela própria contemplada.
As ações vão desde o planejamento logístico para arrecadação e armazenagem do material coletado, um novo carrinho para coleta e até propostas de novas formas de ampliação de renda para a família, além de orientação financeira para gestão dos recursos.
A aluna Hesther Duarte, do primeiro ano, contou que não esperava já no começo do curso lidar na prática como administradora. “Essa surpresa boa ajuda a nos preparar melhor para o mercado de trabalho”.
O programa existe desde 2011, e foi criado para ser uma extensão onde os alunos do 3º e 4º ano de Arquitetura realizam reformas em instituições. O trabalho prático era realizado a cada dois anos. Ao longo do tempo, diversos locais foram contemplados, como asilos e uma escola para deficientes auditivos de Lorena.