Informais crescem após aceleração do desemprego na região

Crise causada pela pandemia de Covid-19 acentua necessidade de novas estratégias na economia; profissionais apostam nas ruas e redes sociais

Laís Caroline, que enfrenta a crise vendendo doces nas ruas de Lorena (Foto: Thamiris Silva)

Thamiris Silva
RMVale

Enquanto as prefeituras tentam minimizar os prejuízos acumulados pelo comércio fechado e o avanço da pandemia de Covid-19, moradores da região se reinventam e apostam no trabalho informal para conseguir o sustento de sua família. O aumento do desemprego levou trabalhadores a optarem por atividades de ruas e redes sociais.

A RMVale (Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte) tem grande parte de sua economia voltada para o comércio, tornando-se a região que mais teve aumento do desemprego no estado de São Paulo, segundo a pesquisa de condição de vida do Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados), realizada em maio de 2020.

O avançar dos meses durante todo o ano passado na região, demonstrou que apenas quatro meses foram fechados com saldo negativo de pessoas desempregadas. O problema é que o número de pessoas que não estão com carteira assinada nesses meses superou os outros oitos meses com fechamento positivo.

Outro setor da economia que também foi afetado foi a indústria, que fechou o ano no negativo e aguarda a conclusão da vacinação da população, para a recuperação da categoria ainda em 2021.

Luís Felipe Ribeiro, 23 anos, é um dos exemplos de quem precisou se reinventar na crise. O jovem, que estava em Santa Catarina cursando radiologia e trabalhando na indústria local, teve que voltar para a cidade natal após a demissão e passou a trabalhar com vendas de doces em semáforos e nos bairros de Lorena ao lado de sua irmã mais nova, Laís Caroline.

Além das vendas na rua, trabalhadores informais utilizam as redes sociais como plataforma para comercializar seus produtos. É o caso de Tatiana Porfirio, 40 anos, que vende produtos de limpeza na Internet para amigos e desconhecidos.

Após ficar despregada, Tatiana começou com as divulgações com o incentivo de um amigo. As vendas são um complemento para a renda familiar, atualmente baseada nos ganhos da jovem e em um benefício de um salário mínimo do pai, de 65 anos.

Para auxiliar nessa nova fase cidades como Aparecida e Pindamonhangaba estão iniciando parcerias com o Sebrae, oferecendo cursos de capacitação gratuitos e online para pessoas que estão iniciando no empreendedorismo e também para comerciantes locais.

Em Aparecida, a Prefeitura já estuda a possibilidade com o Banco do Povo para oferecer uma linha de crédito com carência para os comerciantes e ambulantes da feira livre.

Irmão de Laís, Luís Felipe, que voltou a Lorena após perder o emprego durante a pandemia; trabalho informal cresce (Foto: Thamiris Silva)

Pindamonhangaba terá uma nova unidade do Banco do Povo para auxiliar o atendimento à população local por meio de empréstimos e investimento em projetos.

Desemprego – Enquanto a pandemia se intensifica na região, os postos de trabalho fecham, resultando na perda de fonte de renda de cerca de 72 mil pessoas. O cálculo é baseado nos dados do Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) e do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), realizados pelo professor sênior da USP (Universidade de São Paulo), Hélio Zylberstajn.

O educador acredita que as vagas formais provocam um efeito em cascata nas informais, na proporção de que a cada vaga de trabalho formal fechada outras duas informais se encerram. Em números, são 24 mil empregos formais perdidos que impactam outros 48 mil postos de trabalho informais.

Seguindo esse estudo, as cidades da região que se destacam com os maiores índices de desemprego são São Jose dos Campos e Taubaté, seguidos por Aparecida, Guaratinguetá, Campos do Jordão, Jacareí, Pindamonhangaba e Caçapava.

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