Acusado por fraude de R$ 300 milhões, Samuel Fradique tem prisão decretada
Empresário desaparecida desde 2020 é acusado de comandar esquema de pirâmide financeira; investidores sofreram prejuízo no início da pandemia
Da Redação
Lorena
Atendendo a um pedido do MP (Ministério Público), a Justiça decretou no último fim de semana a prisão preventiva do empresário Samuel Fradique de Oliveira, 72 anos, acusado de comandar um esquema de pirâmide financeira que lesou centenas de moradores da região e de outros pontos do país. Além de ordenar a detenção do empresário, a decisão também tornou réus no processo dois de seus familiares.
O veredicto proferido na última sexta-feira (9), pelo juiz da Vara Criminal de Lorena, Daniel Otero Pereira da Costa, se baseou nos apontamentos feitos pelo MP em uma denúncia encaminhada no último dia 2. No documento, o promotor Raphael Braga solicitava à Justiça que Samuel, o seu irmão, Pedro Fradique de Oliveira, 65 anos, e seu sobrinho, Murilo Gonçalves Fradique de Oliveira, 45 anos, fossem condenados por associação criminosa e lavagem de dinheiro.
O trio é acusado de causar um prejuízo de cerca de R$ 300 milhões a centenas de investidores através da empresa SFO Holding, instalada em Lorena, que entre 2017 e 2020 realizou ofertas públicas de investimentos com promessa de retornos financeiros incompatíveis com os praticados pelo mercado, atraindo um grande número de interessados a receber ganhos com renda passiva mensal com baixo risco.
A apuração do MP apontou que os recursos captados pela SFO Holding não eram investidos em ações como acreditavam os investidores, mas sim encaminhados para contas pessoais e PJ (pessoa jurídica), além de uma empresa de financiamento. Na sequência, os pagamentos mensais aos investidores mais antigos eram feitos através de recursos provenientes do ingresso de novos investidores, dinâmica indevida conhecida como pirâmide financeira.
Em sua decisão, o juiz da Vara Criminal de Lorena justificou a validade da ordem de prisão preventiva de Samuel devido ao fato de que “os indícios de autoria e materialidade são claros”. O magistrado chamou a atenção ainda para o “sumiço” do empresário, que não é visto desde maio de 2020 quando a SFO Holding suspendeu os pagamentos aos investidores devido a uma suposta crise financeira motivada pela pandemia da Covid-19, fato que “indica que o réu pretende escapar à aplicação da lei penal, enquanto desfruta das quantias milionárias, ao que parece, ilicitamente angariadas da economia popular e da lavagem de capitais (trecho da sentença)”.