Abandonada, obra do CDHU é invadida por usuários de drogas e animais peçonhentos

Lorena avança em retomada da construção de moradias; situação gera transtornos a famílias do bairro

Escorpião encontrado próximo à construção do CDHU; situação preocupa moradores do Vila Rica, em Lorena (Foto: Lucas Barbosa)
Escorpião encontrado próximo à construção do CDHU; situação preocupa moradores do Vila Rica, em Lorena (Foto: Lucas Barbosa)

Lucas Barbosa
Lorena

Cansadas de conviverem com o medo, famílias de Lorena denunciam que a paralisação da construção de um conjunto habitacional no Vila Rica transformou o local em reduto de usuários de drogas e animais peçonhentos. Além de ações de dedetização e a retomada da obra, os moradores cobram mais controle no acesso às moradias populares, que deveriam ter sido entregues há três anos.

No início de 2009, o então prefeito Paulo César Neme (PSC) firmou um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com o Ministério Público, comprometendo-se a retirar famílias que viviam em áreas de risco próximas ao Rio Mandi, principalmente no trecho do Bairro da Cruz, mas a antiga gestão municipal descumpriu o acordo.

Buscando uma solução para o impasse, o atual chefe do Executivo, Fábio Marcondes, firmou em 2014 uma parceria com a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) para a construção de oitenta moradias populares na cidade. Em contrapartida ao investimento estadual de cerca de R$ 5,5 milhões, o município doou uma área no Vila Rica para a construção do empreendimento.

Após quase um ano de obras, a empresa contratada para o serviço, a Alexandre Danelli Engenharia e Construções, alegou problemas financeiros e solicitou o cancelamento do contrato, no fim de 2015.

A obra foi retomada somente em julho de 2017, após um novo processo licitatório, vencido pela Maxcon Ambiental Ltda. Para o descontentamento da população, a edificação foi novamente paralisada fevereiro de 2018.

Desde então, famílias do Vila Rica reclamam que a obra tornou-se local de proliferação de escorpiões e aranhas.
De acordo com a moradora da rua Uruguai, a empregada doméstica Valdelia Policarpo, 55 anos, sua casa foi invadida recentemente por quatro aranhas e dois escorpiões. “Estou muito preocupada, principalmente com as crianças que moram aqui. Temos certeza que os restos de construção estão ajudando aumentar esses bichos peçonhentos. Precisamos que o CDHU ou a Prefeitura dê um jeito nisso, antes que alguém do bairro seja atacado”.

Valdelia afirmou ainda que outro problema que tem tirado o sono dos moradores do Vila Rica é que dependentes químicos estão se aproveitando da ausência de fiscalização na obra para utilizarem drogas no local.

Outro morador que tem convivido com o medo é o aposentado Jair Antônio de Oliveira, 62 anos, que afirmou ter perdido as contas de quantas vezes flagrou usuários de drogas invadindo o conjunto habitacional nas últimas semanas. “É uma vergonha não deixarem um guarda ali dentro para evitar a entrada do pessoal que fuma crack. Anteontem, eu vinha pela rua Venezuela, quando um casal, que tinha saído da obra, me abordou pedindo dinheiro. Achei que seria assaltado, mas eles foram embora. Está na hora de acabar essa obra, porque isso aqui já virou uma novela”.

Resposta – Em nota oficial, a Prefeitura de Lorena informou que está em processo de tratativas com o CDHU para que seja aberta uma nova licitação até novembro, para a contratação da empresa que será responsável pela conclusão do serviço. Para conter a proliferação de animais peçonhentos no Vila Rica, o Executivo comprometeu-se a realizar a limpeza da área nas próximas semanas.

Em relação à segurança no local, a nota afirmou que a Guarda Civil Municipal realiza diariamente rondas nas proximidades da construção, abordando suspeitos.

O gerente regional da CDHU, Francisco Assis Vieira, o Tchesco, lamentou os transtornos causados pela demora na conclusão das moradias. Ele confirmou ainda que a expectativa é que um novo processo licitatório seja lançando até novembro, possibilitando a retomada da obra no início do ano que vem.

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