PF deflagra 51ª fase da Lava Jato com prisão e apreensão em Guaratinguetá
Ângelo Tadeu Lauria foi preso temporariamente acusado de enriquecimento ilícito; Dario Rodrigues Leite Neto também é investigado
Leandro Oliveira
Guaratinguetá
A Operação Lava Jato entrou na 51ª fase com mandados de busca e apreensão em três pontos do país, entre eles Guaratinguetá. Documentos ligados ao ex-diretor da Andrade e Gutierrez, o engenheiro Dario Rodrigues Leite Neto foram apreendidos. O ex-funcionário da Petrobrás, Ângelo Tadeu Lauria, foi preso temporariamente. Deflagrada hoje pela manhã e batizada de ‘Déjà Vu’, a operação também teve prisões no Rio de Janeiro e Espírito Santo.
A Polícia Federal investiga um esquema de favorecimento em licitações da Petrobrás. De acordo com o procurador Geral da República, Roberson Henrique Pozzobon, havia um direcionamento a favor da Odebrecht nos processos licitatórios envolvendo a Petrobrás. A declaração foi dada na manhã desta terça-feira, em coletiva de imprensa na sede da PF em Curitiba.
Ângelo Tadeu Lauria foi funcionário da Petrobrás e é acusado de ser um dos principais operadores no pagamento de vantagens indevidas ao MDB, na época PMDB. “É interessante destacar o efeito danoso que ocorreu para a Petrobrás a partir dos ajustes ilícitos nessa licitação. Houve um direcionamento para que a Odebrecht fosse contemplada”, salientou Pozzobon, após citar a função de Lauria.
De acordo com a PF, as informações eram vazadas e a Odebrecht tinha acesso aos detalhes das licitações de forma antecipada. Em um dos certames, foi pedido que o prazo para elaboração dos projetos fosse curto. A recomendação foi acatada e o prazo foi de 35 dias para apresentação dos projetos. Com os dados nas mãos e um projeto montado antes das concorrentes, a Odebrecht foi escolhida.
“A Odebrecht buscou apoio com as empresas do cartel, empresas que dividiam obras com ela na Petrobras, que foram usadas para essa fraude, como OAS e a Andrade Gutierrez. (Elas) participaram deram lance, mas foram perdedoras, conforme ajustado”, explicou Pozzobon, ao se referir sobre as tratativas entre as empreiteiras.
A Polícia Federal cumpriu ainda um mandado de busca e apreensão contra Dario Rodrigues Leite Neto, ex-diretor da Andrade Gutierrez. A PF apreendeu documentos impressos e digitais que podem servir como evidência no pagamento de vantagens indevidas, ou que remetam ligações entre os investigados.
Os documentos apreendidos foram encaminhados para a sede da PF, em Curitiba. Ângelo Lauria, preso de forma temporária, também foi levado para o Paraná.
Déjà Vu – A 51ª fase da Operação Lava Jato investiga propina de mais de US$ 56 milhões, valor equivalente hoje a R$ 200 milhões para o PMDB e PT, além de ex-funcionários da Petrobrás. Foram expedidos ao todo seis mandados de prisão para região sudeste e outros 17 de busca e apreensão.
O Ministério Público Federal confirmou a existência de provas de repasses de mais de US$ 25 milhões para ex-funcionários da Petrobras e outros US$ 31 milhões para intermediários políticos com vínculos ao PMDB. O contrato que permitiu esse desvio de recurso, segundo o MPF, era de quase US$ 830 milhões e foi assinado em 2010.
As propinas foram pagas no exterior por meio de contas em nome de operadores financeiros e pagamentos em espécie no Brasil. “Isso foi revelado e corroborado por planilhas pelo setor de operações estruturadas da Odebrecht, o ‘setor de propinas’, de modo que os fatos relatados foram corroborados por provas documentais”, concluiu.
Investigados – Ângelo Tadeu Lauria foi secretário de Esportes das gestões Gilberto Fiippo e Júnior Filippo. Na gestão de Júnior, Lauria não exerceu o cargo durante todo o mandato. O ex-prefeito preferiu não confirmar o período em que Lauria esteve à frente da pasta. A investigação realizada pela PF não tem ligação com o período em que Lauria esteve à frente das secretarias.
Dario Rodrigues Leite Neto colaborou com investigações da Lava Jato no ano passado, quando revelou ter participado de uma espécie de ‘tesouraria interna’ para pagamentos ilícitos e na emissão de notas frias, segundo o jornal Folha de São Paulo. Na publicação, o periódico confirmou que obras supriam espécie de ‘caixa 2’ da empreiteira.
Os advogados de defesa de Neto e Lauiria não foram localizados até o fechamento desta matéria.