Francisco Carlos veta 15% e servidores de Guaratinguetá param nesta segunda

Sindicato leva discussão ao Tribunal do Trabalho; prefeito assina reajuste de 11% e questiona greve

Francisco Carlos, que vetou a proposta de servidores mesmo após manifestações (Leandro Oliveira)
Francisco Carlos, que vetou a proposta de servidores mesmo após manifestações (Leandro Oliveira)

Leandro Oliveira
Guaratinguetá

Não há acordo entre a Prefeitura de Guaratinguetá e o Sindicato dos Servidores Municipais. Na última segunda-feira, o prefeito Francisco Carlos Moreira (PSDB) assinou o reajuste salarial de 11,67% e anunciou que nenhuma reivindicação será aceita pelo Executivo. Um dia depois, o presidente do Sindicato, José Eduardo Ayres, anunciou que a decisão será encaminhada ao TRT (Tribunal Regional do Trabalho) e os trabalhadores vão paralisar os serviços na próxima segunda-feira.
O tucano chegou a citar a “estranheza” pela greve dos funcionários públicos ser realizada em pleno ano eleitoral. “Acho que assuntos que tenham alguma pendência com o sindicato devem ser debatidos em uma mesa de negociação e não neste ano eleitoral. Talvez no próximo ano. Ou poderia ser discutido no passado. Ninguém me procurou no ano passado para falar sobre isso”, questionou Francisco Carlos.
De acordo com o comunicado, a Prefeitura não atenderá nenhum pedido feito pelo sindicato. Os servidores reivindicavam 15% de reajuste salarial, mas a aprovação foi de apenas 11,67%. Os trabalhadores também pedem que o desconto do cartão de alimentação seja reduzido. A administração também negou. A questão de alta periculosidade dos vigias será estudada pelo Executivo.
O Sindicato questionou o aumento. De acordo com Ayres, apenas os servidores que recebem o salário mínimo de R$ 788 terão o reajuste, enquanto os demais não. “Existe uma parcela considerável de funcionários públicos que recebem mais do que R$ 788, em torno de R$800, e pelo projeto da Prefeitura, esses trabalhadores não serão contemplados com o reajuste. Ele não pode permitir um aumento para uma parte da categoria, enquanto outra não recebe. Nós queremos reajuste válido para todos”, rebateu o sindicalista.
O prefeito ainda colocou em xeque a validade da assembleia realizada na última semana, que decidiu favoravelmente pela paralisação. “Nós pedimos que nos encaminhassem a ata da reunião que foi decidida a greve. Segundo nosso secretário de Administração, Carlos Alexandre, até agora não chegou nada. Pelo que soube de alguns funcionários, só 150 servidores estavam presentes. Ora, eu tenho 2.700 funcionários. Não sei se a representatividade para uma eventual greve está respeitada”, questionou.
Segundo Ayres, a assembleia foi feita respeitando o estatuto. Durante o anúncio da Prefeitura, funcionários que estavam presentes na coletiva se manifestaram. O prefeito foi questionado sobre o pagamento de horas extras e gratificação incorporada. Perguntado se haveria alguma punição ao servidor que aderisse a greve, ele respondeu. “Quem perde com isso, se ingressar numa greve, é o próprio funcionário público. Ele vai perder hora extra, pode perder gratificação incorporada e até o vale alimentação”, contou.
A declaração do prefeito não foi bem aceita pelo Sindicato. “Quando ele (Francisco Carlos) diz que o servidor não será punido, mas perderá hora extra se aderir à greve, fica meio contraditório. Vai haver perda de hora extra se o secretário autorizar a não se fazer mais. Ele não pode fazer nenhum tipo de represália ao trabalhador. Quem se sentir ameaçado deve procurar pelo sindicato para fazer uma denúncia”, respondeu Ayres.
Informados da negativa do Executivo, o Sindicato confirmou paralisação total dos servidores a partir da próxima segunda-feira. A expectativa é de que pelo menos 70% dos servidores não trabalhem. A discussão será levada ao Tribunal do Trabalho. “Nós vamos discutir isso no TRT. Os magistrados vão pegar nosso acordo coletivo e todos os itens que questionamos a Prefeitura, como condição de trabalho, caminhões carregando funcionários junto com ferramentas, falta de material nos postos de saúde. Aí o entendimento do Tribunal é que vai decidir quais serão os ganhos ou perdas”, concluiu o presidente do Sindicato.

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