Francisco Carlos atribui responsabilidade sobre tablets abandonados à ex-secretária

Empresa Planeta Educação confirma convênio de 2013, mas valor investido pela Prefeitura na época ainda é desconhecido; governo Marcus Soliva deve acionar o Ministério Público e abrir sindicância

Os ex-prefeitos Junior Filippo e Francisco Carlos; um comprou e o outro não entregou os tablets que reforçariam as aulas nas escolas de Guará (Fotos: Arquivos Atos)
Os ex-prefeitos Junior Filippo e Francisco Carlos; um comprou e o outro não entregou os tablets que reforçariam as aulas nas escolas de Guará (Foto: Arquivos Atos)

Leandro Oliveira
Guaratinguetá

A Prefeitura de Guaratinguetá vai abrir uma sindicância para apurar quais são os responsáveis pelo abandono de mais de mil equipamentos eletrônicos sem utilização (sendo 620 tablets), que deveriam ser entregues aos alunos da rede municipal de ensino em 2013, no primeiro ano do governo de Francisco Carlos (PSDB). Os aparelhos foram descobertos lacrados em escolas da cidade.

Comprados por meio de um convênio com o Planeta Educação, em 2013, os tablets foram mantidos guardados sem utilização desde então. A empresa confirmou ao Jornal Atos que o convênio foi assinado há cinco anos e que os equipamentos foram entregues para a Prefeitura em junho daquele ano.

A reportagem encaminhou uma série de perguntas ao Planeta Educação via e-mail e telefone, como número total de tablets adquiridos e valor do convênio assinado na época entre a empresa e a Prefeitura.

A única resposta encaminhada foi confirmando a data do convênio em 2013. A empresa se negou a informar o custo e a quantidade de equipamentos, alegando não ter mais contrato com a Prefeitura.

Tablets encontrados em escolas; denúncia aponta para descaso (Foto: Leandro Oliveira)
Tablets encontrados em escolas; denúncia aponta para descaso (Foto: Leandro Oliveira)

Nesta semana a secretária de Educação de Guaratinguetá, Elisabeth Sampaio, deu continuidade a denúncia e reiterou que será aberta uma sindicância. “Quem sabia desses tablets, acredito que sejam funcionários e diretores antigos que ocuparam o cargo nos quatro anos. Por isso será averiguado e vamos comunicar o Ministério Público”.

O ex-prefeito Francisco Carlos Moreira, que esteve à frente do Executivo entre 2013 e 2016, atendeu a reportagem por telefone. Alegando não ter as informações necessárias em mãos, ele preferiu não se aprofundar no assunto. “Não posso falar muito, apenas que tem que apurar o que aconteceu. Ela (Elisabeth) está certa”.

Inicialmente o ex-prefeito respondeu que os tablets não chegaram a Prefeitura sob sua gestão. Questionado sobre um vídeo feito pelo Planeta Educação, em 18 de junho de 2013, onde ele próprio aparece recebendo os equipamentos, os mesmos encontrados neste ano e fotografados nesta semana, Francisco Carlos confirmou que os eletrônicos, comprados no governo Junior Filippo (PSD), foram entregues para a secretaria de Educação e, posteriormente, às escolas da rede municipal de ensino. Mas quando perguntado sobre o motivo dos equipamentos nunca terem sido entregues aos alunos, o ex-prefeito preferiu não responder. Ele também não se pronunciou sobre o valor investido no convênio com a empresa. “Esse assunto é responsabilidade da Neuza Bedaque (secretária de Educação na gestão de Francisco Carlos)”.

A reportagem do Jornal Atos tentou localizar a ex-secretária durante os últimos dias, mas ela não foi encontrada. A atual responsável pela pasta, Elisabeth Sampaio, garantiu que a investigação será minuciosa e que o prejuízo para o ensino municipal e o desenvolvimento educacional e tecnológico dos alunos nos últimos anos foi grande.

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