Rafic culpa vereadores de engessar governo em Cruzeiro

Com derrotas no plenário, prefeito cobra apoio na Câmara; Miranda diz que discurso é desculpa para desorganização

Rafic e Diego
O prefeito Rafic (esquerda) e o presidente da Câmara, Diego Miranda; apesar do branco das camisas, a paz está cada vez mais longe entre os poderes de Cruzeiro (Foto: Arquivo Atos)

Francisco Assis

Cruzeiro

O discurso de tentativa de aproximação entre a Prefeitura e a Câmara ficou para traz em Cruzeiro. Nesta semana, o prefeito Rafic Simão (PMDB) abriu fogo contra os vereadores, ao apontar o Legislativo como empecilho para estratégia de fugir da crise, que assola as finanças do município.

Rafic engrossou o tom ao comentar as dificuldades com o andamento de “planos B’s” para encurtar o caminho entre a falta de recursos e a solução para problemas como a baixa na arrecadação, que atingiu R$ 4,5 milhões em julho, contra R$ 6,5 milhões esperados, além de repasses federais paralisados por dívidas no INSS e Previdência Social.

Com dívida acumulada, forte crise na saúde e prognósticos de baixa para 2016, o prefeito anunciou o corte no quadro de comissionados da Prefeitura, além de redução de gastos. Cerca de 35 funcionários devem ser desligados.

A medida, de acordo com Rafic, está longe de ser a ideal para o atendimento à população, mas seria necessária, já que o Executivo não conseguiu aprovar a adequação do funcionalismo. “Infelizmente não tenho apoio do Legislativo como gostaríamos. Assim que assumimos, um dos primeiros projetos enviados à Câmara foi reparar a injustiça da redução da carga horária de oito para seis horas. Hoje, na Prefeitura, trabalham até quatro horas. Isso gera gastos a mais do que deveríamos ter. Ou seja, duas mil pessoas prejudicam 80 mil na cidade”.

Para o prefeito, os vereadores vêm fazendo política com os problemas econômicos da cidade. Ele disse que seu trabalho vem sendo “engessado” na Câmara. “Tentei reverter isso, mas não me ajudaram. Numa época dessa, com tantas dificuldades, não se pode fazer política, jogar para torcida. É algo a se resolver, mas infelizmente a Câmara não aprovou, fui voto vencido”.

Rafic já espera novas derrotas no Legislativo. O prefeito revelou que novas medidas antipopulares devem ser anunciadas para ajustar gastos, como na tarifa de água, onde o Executivo apelou à Justiça para reajustar a cobrança de acordo com a inflação. Para o prefeito, o plenário mostra falta de interesse em recuperar os cofres.

“Os vereadores têm que entender a gravidade no município, até porque, entre eles, há hoje seis pré-candidatos que deveriam ter mais responsabilidade, porque se amanhã um deles tiver o azar de ser prefeito, terão que governar com recursos reduzidos, com essas dificuldades que eu tenho enfrentado”, cutucou o prefeito, citando eventuais projetos de vereadores nas eleições de 2016. “Para você ver, vereador na segunda-feira não vai à Prefeitura, porque tem medo de ser visto lá e depois ser questionado pelos outros vereadores”.

Na Câmara – O ataque de Rafic foi recebido com descrédito pelo presidente da Câmara, Diego Miranda (PSDB). Para ele, a Prefeitura tenta empurrar os projetos, desrespeitando os tramites do Legislativo.

“O problema de lá (Prefeitura) é falta de organização. O prefeito manda projeto na sexta-feira para ser votado na sessão de segunda-feira. Não é assim. O projeto tem que passar por um tramite natural. Saindo do ‘diversos’, seguindo para as comissões e se aprovado, ai sim entra em pauta para ser votado. Tudo em até trinta dias”, argumentou o vereador.

Miranda garantiu que a Câmara nunca deixou de aprovar projetos urgentes do Executivo. Atualmente, quatro projetos aguardam votação. “A única discussão parada é com relação à diretrizes orçamentária, que, de acordo com a lei, tenho até 31 de dezembro para votar. Isso de engessar é desculpa”, rebateu.

O presidente da Câmara disse que pediu à Prefeitura o projeto para extinguir cargos e cobrou o estatuto do servidor. Sobre os cargos comissionados, ele disse que a Casa não pode aprovar a criação de novos cargos. “Ele (Rafic) não podia criar mais cargos comissionados. Nós rejeitamos para proteger a Prefeitura, porque o índice prudencial de gastos estava em 52,3%, bem acima dos 51,4 que a Lei de Responsabilidade Fiscal determina. Ele que mande os comissionados embora”, frisou.

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