Rafic assume, mas tenta parceria por gestão da Santa Casa

Sem dinheiro, com repasses travados e tensão com funcionários e médicos, Prefeitura busca saída para não fechar hospital

Audiencia Pública Santa Casa Cruzeiro (2)
Secretário de Saúde, Mauro Veiga e o prefeito Rafic Simão falam da situação do hospital que passa por intervenção desde a última quinta-feira (Foto: Francisco Assis)

Estéfani Braz

Francisco Assis

Cruzeiro

Um resultado mais que previsível. Assim pode ser avaliada a medida da mesa diretora da Santa Casa de Cruzeiro, que pediu intervenção municipal à Prefeitura na última quarta-feira (30). Sem dinheiro em caixa e com uma dívida de R$ 22 milhões, o hospital passou às mãos do governo de Rafic Simão (PMDB), que agora tenta atrair interessados em assumir a administração do atendimento.

Repasses atrasados, falta de medicamentos, cobranças de funcionários e protestos de médicos. É com essa realidade que o prefeito passou a tratar na manhã desta quinta-feira. Mesmo sem dinheiro em caixa (na última semana chegou a dizer que a cidade não tem mais dinheiro para a saúde), Rafic terá que assumir o PS e ainda encontrar uma saída para o hospital. “A crise na Santa Casa está aqui há anos. Quando assumimos, já havia ameaça de fechamento.

Naquela época, fizemos uma intervenção, que foi barrada judicialmente pela antiga gestão. Antes era um blefe por mais dinheiro, mas agora, com essa diretoria atual, a coisa foi realmente séria”.

A alegação apresentada pela direção para pedir a intervenção foi a falta de recursos para manter serviços como a maternidade, a UTI (Unidade de Tratamento Intensivo), cirurgia e internação.

A intenção do prefeito é buscar uma PPP (Parceria Público Privada) para administração do serviço. Mas antes, o prefeito aguarda resposta do Governo Alckmin. “O município não pode arcar com tudo sozinho. O Estado teria que se movimentar, até porque só temos um hospital na cidade, que atende os oitenta mil cruzeirenses, aliás, atende 11 municípios do Vale Histórico, Cachoeira e Sul de Minas, além do trecho da Via Dutra”. salientou.

Durante o período de transição, o atendimento será reforçado provisoriamente pela equipe do Pronto Atendimento Municipal. “Além de tudo, enfrentamos resistência dentro do corpo médico da Santa Casa, mas não posso deixar a cidade sem atendimento de emergência”, frisou Rafic.

O Pronto Atendimento da Vila Paulo vai funcionar 12 horas por dia, das 7h ás 19h. No período noturno, os profissionais auxiliarão no trabalho do PS.

A crise – Tentar achar um culpado para o caos nos cofres da Santa Casa não é tarefa fácil. Com várias trocas de gestores nos últimos anos, a entidade passou por um “raio X” nas últimas semanas, com o auge da crise. Entre os “escombros”, o trabalho realizado pelo médico e, até então superintendente do hospital, Orlando Freire Faria (que já deixou o cargo) confirmou que a verba de R$ 1,2 milhão foi desviada na gestão anterior e que, sozinha, a entidade não consegue reverter o déficit.

O dinheiro foi repassado pelo Estado para a compra de medicamentos, mas acabou não atendendo ao hospital, em manobra que ainda passa por investigação. Mas mesmo sem a prisão dos acusados, a situação levou à denúncias ao governo estadual, que barrou o envio de verbas do Pró Santa Casa (repasse para custear o atendimento aos municípios vizinhos) há quatro meses, acumulando R$ 420 mil não encaminhados.

A denúncia também foi repassada ao governo federal, por meio de um vereador, o que pode acarretar na paralisação do repasse de R$ 580 mil pelo MAC (verba para custeio de média e alta complexidade).

Sem as verbas, a tentativa de arrecadação por meio de atendimento particular, planos e SUS (Sistema Único de Saúde), acaba sendo ineficaz, já que, de acordo com o provedor José Ponciano, o déficit mensal tem média de R$ 200 mil. Somente em setembro, de acordo com o até então superintendente da Santa Casa Orlando Freitas (que já deixou o cargo), o prejuízo foi de R$ 599 mil.

Além das dificuldades no serviço da Santa Casa, atraso de repasses municipais para custear o atendimento no Pronto Socorro também estão paralisados em dois meses e os médicos cobram os salários, que devem chegar a três meses parados.

O hospital passou ainda por avaliação dos deputados Padre Afonso Lobato (PV) e David Zaia (PPS), que tentam, ao lado de Luiz Carlos Gondim (SD), destravar o repasse do Pró Santa Casa junto ao Estado.Parte superior do formulário

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