Faculdade abre estacionamento exclusivo em terreno da Prefeitura de Cruzeiro

Após assaltos, população questiona mudança; Executivo nega investimentos com dinheiro público

Maria Fernanda Rezende
Cruzeiro

Vans e ônibus escolares que transportam alunos da Facic (Faculdade de Ciências Humanas de Cruzeiro) ganharam um estacionamento em terreno pertencente à Prefeitura. A necessidade de um local como esse se deu por conta dos diversos casos de assaltos aos estudantes no trajeto da faculdade para a área onde os veículos costumavam ficar estacionados.

O local onde agora é o estacionamento está localizado na esquina da faculdade, e antes era usado como uma passagem alternativa para carros e pedestres. Para o uso, foi feita a limpeza, a instalação de cercas e de iluminação na área.

A notícia levantou questionamentos entre a população sobre o investimento e o uso exclusivo pela Facic. De acordo com uma publicação da faculdade, o local foi emprestado pela Prefeitura. Procurados, a diretoria da instituição e administração pública não confirmaram a informação até o fechamento desta edição. Foi esclarecido apenas que as melhorias foram feitas em parceria com iniciativa privada.

Os arredores da faculdade são conhecidos pela criminalidade. No último ano foram constantes os assaltos à estudantes. Muitas das vítimas foram abordadas quando saíam do prédio em direção às vans e ônibus, que ficavam estacionados em ruas próximas.

Em abril de 2016, o Jornal Atos noticiou o caso de alunos de Queluz que foram assaltados dentro do ônibus escolar, no horário de término das aulas. Algo parecido ocorreu com aluna Nicole Monteiro, da cidade de Itanhandu-MG, em agosto do ano passado. Enquanto seguia para a van que estava à duas esquinas da instituição de ensino, foi abordada por um homem armado que levou seu celular e uma quantia em dinheiro.

Para ela, a mudança poderá inibir a ação de criminosos, já que os veículos e os alunos ficarão mais perto da faculdade. “O grande problema das vans era a falta de vaga perto da faculdade, fazendo com que os motoristas estacionassem em locais isolados e perigosos por falta de opção”, ressaltou.

Já os moradores que têm suas casas neste espaço se queixam da nova utilidade dada a ele. Elias Coutinho afirmou que há mais de trinta anos procuram o governo municipal para oficializar o local como uma rua e até então não obtiveram retorno.

Agora ele cogita se mudar para ter acesso a direitos básicos como iluminação e saneamento. “Aqui é caminho de todo mundo, e agora vai aumentar o fluxo. Se fosse rua, a gente teria condição de pedir poste de luz, rede de esgoto e outras coisas. Do nada arrumaram tudo aí e não sabemos o que mais vai ser feito”, reclamou Coutinho.

Sobre a regularização do local como rua e o pedido da população sobre o projeto, a Prefeitura destacou que a área “possui irregularidades, e o pedido do morador está sendo avaliado pela administração municipal”.